terça-feira, setembro 10, 2002
"Cidadão Kane", a crítica
O que falar sobre o tão falado "melhor filme de todos os tempos"? Como sou uma humilde blogueira nem vou adicionar muito ao que já consta nos autos, pq nem é preciso.
Aliás, nem foi apenas por causa dessa fama que cheguei ao filme (o filme q chegou a mim, qdo num belo dia vi o VHS à venda numa banca de jornais, numa dessas coleções "A História do Cinema"),
mas a curiosidade de saber do q se tratava era grande, mesmo pq nunca o vira em locadoras antes (e não havia os "Telecine Classic" naquela época), e queria saber como q o coroa gordão e barbado do filme "Cassino Royale" (Orson Welles, fazendo uma ponta numa comédia dos '60's satirizando James Bond que marcou minha infância) tornou-se tão importante.
Vamos ao filme, então.
Pois antes de ser o coroa gordão e barbado, Orson Welles fora o menino-prodígio de sua época pq, segundo o mesmo, "as pessoas nunca haviam deixado de lhe incentivar": ainda menino, e órfão,
sempre que ele fazia alguma coisa (em qquer nível artístico), todos achavam que ninguém faria melhor que ele. Assim, ele cresceu, talentoso e arrogante, achando q sempre poderia fazer o que bem entendesse. E, bem, até que ele podia ser arrogante mesmo. Tanto que, aos 22 anos (acho), já era diretor de teatro reconhecido em Nova York e trabalhava em peças de rádio tb.
Num belo dia, numa jogada de marketing maravilhosa (bem, acho q isso nem existia na época e nem sei se posso chamar isto de marketing, but...), Orson transmitiu "A Guerra dos Mundos", de H.G.Wells, pelo rádio, com tanta dramaticidade e sagacidade, que muita gente nos EUA achou que se tratava de uma verdadeira invasão alienígena. Teve gente desesperada, se matando, e por aí vai. A partir de então, quem fizesse isso iria preso. Mas Orson ganhou um contrato-sonho em Hollywood, com domínio total de sua obra.
Claro que muita gente ficou irritada com isso, um garoto de vinte e poucos com um contrato daqueles. E ele só alimentou mais sua áurea polêmica, mas isso é outra história, pq esse post já está enorme... Depois de muito procurar roteiros, e com seu contrato chegando ao fim, chegou às suas mãos um roteiro sobre a vida e os podres de um magnata da mídia de lá, William Randolph Hearst, espécie de Roberto Marinho ianque da época. Para evitar maiores danos e processos homéricos, nasceu Charles Foster Kane e a história fora "um pouquinho" (coloque pouquinho nisso!) alterada.
O filme, é revolucionário na maquiagem, nos takes, na fotografia, na maneira em que foi contado. É diferente de qualquer filme feito na época (1941), e referência para vários atuais: vai desde "Velvet Goldmine" (alô Bibs!), cuja história é quase a mesma (aqui, um jornalista investiga infos acerca de Kane, em busca do significado da sua última palavra em leito de morte, a famosa "Rosebud"); até os Simpsons (um ep. onde Smithers contrata dançarinas e canta uma homenagem ao Sr. Burns, cena e música são as mesmas de "Kane").
Ao mesmo tempo em que é um filme sério (é censura 18 anos até hj, os mais novos talvez achem um saco mesmo), tornou-se referência pop. Aliás, inclusive a fonte usada no cartaz de campanha política de Kane é a mesma usada pela banda Cake nas capas de seus discos.
Esse é o famoso cartaz com a fonte igual à do Cake, infelizmente não dá pra ver nessa capa do DVD...
Para concluir o drama, Hearst, já com setenta e muitos anos, nem chegou a ver o filme, mas sabia seu conteúdo e não gostou disso. Usou de sua influência, q abrangia a indústria de cinema, e acabou com a carreira de Welles, q apenas começara então. Colocava em seus jornais falsas acusações de comunismo, homossexualismo, e fazia chacota de uma certa "amizade" entre Welles e a atriz Dolores Del Rio, uma mulher casada. Claro que ninguém queria contratar Welles depois deste currículo (mentiroso) de escândalos. O filme foi relançado após a morte de Hearst, com muitos críticos do exterior já o considerando "o melhor filme de todos os tempos", mas aí já era tarde demais. Welles teria feito apenas filmes menores, talvez com exceção de "A Marca da Maldade" (que, aliás, é um dos nomes de filme mais legais de todos os
tempos, "A Touch of Evil"!!) e "O 3º Homem", q tb ficaram famosos. Na batalha, Hearst e Welles perderam: Kane tornou-se mais conhecido que o próprio Hearst; mas Welles morreu (aliás, no dia 10 de outubro, niver do Lê) pouco reconhecido e, provavelmente, sem dinheiro.
Enfim, sad but....
O que falar sobre o tão falado "melhor filme de todos os tempos"? Como sou uma humilde blogueira nem vou adicionar muito ao que já consta nos autos, pq nem é preciso.
Aliás, nem foi apenas por causa dessa fama que cheguei ao filme (o filme q chegou a mim, qdo num belo dia vi o VHS à venda numa banca de jornais, numa dessas coleções "A História do Cinema"),
mas a curiosidade de saber do q se tratava era grande, mesmo pq nunca o vira em locadoras antes (e não havia os "Telecine Classic" naquela época), e queria saber como q o coroa gordão e barbado do filme "Cassino Royale" (Orson Welles, fazendo uma ponta numa comédia dos '60's satirizando James Bond que marcou minha infância) tornou-se tão importante.
Vamos ao filme, então.
Pois antes de ser o coroa gordão e barbado, Orson Welles fora o menino-prodígio de sua época pq, segundo o mesmo, "as pessoas nunca haviam deixado de lhe incentivar": ainda menino, e órfão,
sempre que ele fazia alguma coisa (em qquer nível artístico), todos achavam que ninguém faria melhor que ele. Assim, ele cresceu, talentoso e arrogante, achando q sempre poderia fazer o que bem entendesse. E, bem, até que ele podia ser arrogante mesmo. Tanto que, aos 22 anos (acho), já era diretor de teatro reconhecido em Nova York e trabalhava em peças de rádio tb.
Num belo dia, numa jogada de marketing maravilhosa (bem, acho q isso nem existia na época e nem sei se posso chamar isto de marketing, but...), Orson transmitiu "A Guerra dos Mundos", de H.G.Wells, pelo rádio, com tanta dramaticidade e sagacidade, que muita gente nos EUA achou que se tratava de uma verdadeira invasão alienígena. Teve gente desesperada, se matando, e por aí vai. A partir de então, quem fizesse isso iria preso. Mas Orson ganhou um contrato-sonho em Hollywood, com domínio total de sua obra.
Claro que muita gente ficou irritada com isso, um garoto de vinte e poucos com um contrato daqueles. E ele só alimentou mais sua áurea polêmica, mas isso é outra história, pq esse post já está enorme... Depois de muito procurar roteiros, e com seu contrato chegando ao fim, chegou às suas mãos um roteiro sobre a vida e os podres de um magnata da mídia de lá, William Randolph Hearst, espécie de Roberto Marinho ianque da época. Para evitar maiores danos e processos homéricos, nasceu Charles Foster Kane e a história fora "um pouquinho" (coloque pouquinho nisso!) alterada.
O filme, é revolucionário na maquiagem, nos takes, na fotografia, na maneira em que foi contado. É diferente de qualquer filme feito na época (1941), e referência para vários atuais: vai desde "Velvet Goldmine" (alô Bibs!), cuja história é quase a mesma (aqui, um jornalista investiga infos acerca de Kane, em busca do significado da sua última palavra em leito de morte, a famosa "Rosebud"); até os Simpsons (um ep. onde Smithers contrata dançarinas e canta uma homenagem ao Sr. Burns, cena e música são as mesmas de "Kane").
Ao mesmo tempo em que é um filme sério (é censura 18 anos até hj, os mais novos talvez achem um saco mesmo), tornou-se referência pop. Aliás, inclusive a fonte usada no cartaz de campanha política de Kane é a mesma usada pela banda Cake nas capas de seus discos.
Esse é o famoso cartaz com a fonte igual à do Cake, infelizmente não dá pra ver nessa capa do DVD...
Para concluir o drama, Hearst, já com setenta e muitos anos, nem chegou a ver o filme, mas sabia seu conteúdo e não gostou disso. Usou de sua influência, q abrangia a indústria de cinema, e acabou com a carreira de Welles, q apenas começara então. Colocava em seus jornais falsas acusações de comunismo, homossexualismo, e fazia chacota de uma certa "amizade" entre Welles e a atriz Dolores Del Rio, uma mulher casada. Claro que ninguém queria contratar Welles depois deste currículo (mentiroso) de escândalos. O filme foi relançado após a morte de Hearst, com muitos críticos do exterior já o considerando "o melhor filme de todos os tempos", mas aí já era tarde demais. Welles teria feito apenas filmes menores, talvez com exceção de "A Marca da Maldade" (que, aliás, é um dos nomes de filme mais legais de todos os
tempos, "A Touch of Evil"!!) e "O 3º Homem", q tb ficaram famosos. Na batalha, Hearst e Welles perderam: Kane tornou-se mais conhecido que o próprio Hearst; mas Welles morreu (aliás, no dia 10 de outubro, niver do Lê) pouco reconhecido e, provavelmente, sem dinheiro.
Enfim, sad but....
