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segunda-feira, abril 28, 2008




Ao som de “Hold On”, Holy Ghost!; “Hold On”, Hot Chip (olha, homônimos!); “This is Such a Pity”, “Peace”, “Misstep”, “Misstep”, “Misstep”, “Misstep”, “Misstep”, Weezer.


O FABULOSO DESTINO DE RIVERS CUOMO

Começarei aqui com uma revelação que poderá surpreender muita gente (tanto que matutei muito sobre isso e revi toda a minha vida de fã antes de colocar aqui, para ter certeza de que não estou exagerando): eu nunca tive nenhum interesse groupiesco-sexual por Rivers Cuomo.

Sim, amo-o muuuuito, acho-o lindo, fofo, talentoso, e toda vez que o ouço cantando tenho vontade de arrancar meu coração pela boca e mandar para ele pelo correio. Mas tudo de forma mais assexuada possível - mesmo porque quem me conhece sabe que sempre tive maior, hum, interesse, pelos baixistas de sua banda que pelo band leader em si.

Não chega a ser uma adoração de forma santificada ou algo do tipo – não, Rivers não é Deus e, pelo contrário, gosto dele mais ainda por saber que é temperamental, neurótico, tímido, chato... ele é uma pessoa normal que faz questão de deixar isso bem claro para quem interessado esteja - ele não é a solução dos problemas do mundo.

Acho que ele é o mais próximo que tenho de (anti-?) herói. Eu o admiro como que a um irmão mais velho, ele é tudo o que eu queria ser quando crescer: determinado, dedicado, caprichoso em níveis que beiram o patológico. E isso que faz a sua banda, o Weezer, ser o que é – sem desmerecer o batera Pat, o guitar Brian e o baixista Scott, além dos ex integrantes Mikey e Matt - mas verdade seja dita: Rivers é o Weezer. Se isso é bom ou ruim, você decide.

Ao mesmo tempo em que rola toda essa admiração de minha parte, há também uma identificação que não consigo ter com nenhum outro ídolo, e que gosto de atribuir ao fato de ambos sermos geminianos. Bobagens de signos à parte (não se preocupe, não colocarei aqui o que temos em comum, apesar de certas características parecem óbvias), Rivers é um típico geminiano imediatista que dá maior importância ao aqui e agora (tanto que não é novidade nenhuma vê-lo dizendo que prefere as canções recentes aos trabalhos antigos da banda), que precisa jogar toda sua raiva/ frustração/ etc para algo externo que acaba transformando em seu mundinho (como uma banda da qual ele tem total controle), e que tem uma personalidade ambivalente que muitos podem achar que é máscara, uma vez que ele tem a capacidade de ser várias coisas ao mesmo tempo, por mais contraditórias que sejam – e sem nunca deixar de ser ele mesmo: nerd, rockstar, pegador inconseqüente, atormentado recluso... Se fosse um desenho animado, seria fácil ver em cima de cada ombro seu um anjinho e um diabinho, sempre opinando, e os três te olhariam nos olhos e perguntariam “Tá olhando o quê? Até parece que você não é tão incoerente como eu...”. Como já disse, Rivers sabe que tem um dark side e não esconde isso, coisa que a maioria de nós o faz. Não é à toa que tem tanto fã que ama odiar, enquanto outros odeiam amar o Weezer.

E assim ele consegue realizar a árdua tarefa de ser cínico e doce ao mesmo tempo em que carrega uma honestidade na voz que me faz acreditar em qualquer coisa que cante, por mais tola e indiscreta que seja (muitas letras do Weezer são carregadas do fator “Uou, eu NÃO precisava saber disso, ok?”, o que provavelmente transformou o rapaz numa grande influência para os tais emo), pois ele não tem medo de soar patético. Sabe que é normal sentir-se idiota a maior parte do tempo ou ter medo de, e que no momento em que esse sentimento de inadequação é posto para fora em forma de música tudo torna-se mais ameno, o sofrimento, a vida em si, como que de forma catártica. E, depois que tudo se resolve, tem aquela sensação de “nossa, como fui transformar isso num problemão que parecia insolúvel?”. É algo mais que ele me transmite: no fim das contas, não leve nada muito a sério porque tudo passa.

Outro reflexo claro de sua ambigüidade é a própria musicalidade da banda, uma mistura onde se destaca principalmente dois gêneros díspares: o powerpop e o hard rock. Algo aparentemente fácil de se fazer mas que na verdade é mais difícil do que se imagina: são raras as bandas que o conseguem fazer sem parecer uma imitação chula de Weezer.

Parênteses para justificar um comentário que fiz anteriormente: logo que conheci o Weezer (1995) me animei acerca do powerpop e ouvi tanto que acabei cansando. Não sei se cansei porque ouvi demais ou se porque a ficha caiu e percebi que não era isso tudo mesmo. Fato é que, NO MOMENTO – e COM EXCEÇÕES, claro, essas sempre existem – não estou morrendo de amores pelo powerpop, e estou achando tudo igual. Mas não se esqueçam que sou geminiana e imediatista, haha. Continuando...

No fim das contas, Cuomo parece que sofre duma Síndrome Amélie Poulain: “Você quer me conhecer? Te ofereço uma face de graça (que pode vir a ser o anjinho ou o diabinho em cima do ombro, depende do ponto-de-vista) com clipes divertidos, fofos, descolados e canções fáceis de agradar... Mas para você conhecer o lado REALMENTE interessante, ah, você vai ter que se esforçar!”. Vai ter que se mostrar interessado, tal como a personagem do filme de Jeunet faz para chamar a atenção de seu pretendente. O que acontece é que temos preguiça de nos aprofundar em qualquer artista hoje em dia e é exatamente nisso que ele se aproveita, assim apenas os que correm atrás é que conhecem a verdadeira capacidade da banda. “Fãs malas que só sabem falar bem de ‘Pinkerton’ (o segundo CD do Weezer, de 1997)? Pois fiquem com Pinkerton então, não preciso de vocês para continuar minha carreira – se bem que vocês sabem que não vão conseguir me deixar de lado, pois sempre há a esperança de que eu faça um novo Pinkerton, não é?” – é o tipo de comentário que dá para imaginar saindo da boca de Rivers.

Você pode gostar dos discos de estúdio do Weezer. E, se gosta, não precisa se sentir enganado já que em todos eles, ao menos uma coisa é certa: percebe-se que a banda se empenhou ao máximo em cada faixa. E, como já mencionei, Rivers pode ser tudo ao mesmo tempo, tanto o criador de pérolas escondidas como o hitmaker. Mas, se você se dispõe a procurar, será bem recompensado com canções pop sempre com um algo a mais típicas do autor, talentoso como poucos. Não é de se espantar que algumas das melhores músicas do Weezer nunca foram lançadas, circulam livremente pela internet em versões demo ou ao vivo. Quem procura, acha.

Parece simples, né? Mas, mais uma vez, Rivers (que foi batizado assim, dentre outros motivos, em homenagem ao jogador de futebol brasileiro Rivelino) adora bater para depois assoprar: porque você pode acessar esta outra face do Weezer e ainda assim achar nada de mais. Aí, Rivers te dirá com a cara mais lavada e o sorrisinho mais bonitinho do mundo: “Não gostou? Paciência, não se pode agradar a todos. Eu é que não vou mudar o meu jeito apenas para te agradar. Sinto muito”.

E assim, Rivers e o Weezer seguem seu rumo, driblando gravadora, mainstream, fãs malas e SEMPRE fazendo as coisas do seu jeito. São poucos, muito poucos, que podem gozar de tal privilégio.

Ele é ou não é um herói?!? =P
- Yours Truly,

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sexta-feira, abril 25, 2008

Ao som de "Tribulations" (Lindstrom Mix), eis que surge...

PÁRA TUDO!!!!!

A capa do novo CD do Weezer.




Estou sem condições de comentar mais acerda disto. Perfeita!!


Next: post sobre Rivers Cuomo. Só falta digitar, tenham paciência... :D

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sábado, abril 19, 2008

HOT CHIP e a... MPB?!?!

Ao som de: "Sensual Seduction", Hot Chip; "Pork and Beans", Weezer; "Sensual Seduction", Hot Chip; "Boyz", M.I.A. (Twelves Remix); "Sensual Seduction", Hot Chip; "Sensual Seduction", Hot Chip; e "Sensual Seduction", Hot Chip! (quem manda a música ser curtinha?!?!?! haha).

Tenho um defeito grave: não consigo gostar de música brasileira. Com raríssimas exceções, a maior parte do que consumo vem de fora - este modesto blogue que o diga. Sei que deveria valorizar o produto nacional e essa coisa toda, mas não consigo. Fazer o que se acho alguma coisa da MPB linda, mas não me diz nada? O roque então, é um pastiche do que acontece lá fora, enquanto o axé, o forró e o sertanejo são pasteurizados. E o funk carioca com seus modismos tão flutuantes quanto a última salvação do roque me fazem crer que este é cada vez mais domesticado: virou uma fábrica de músicas e letras não tão espertas como antes e que só visam $$$$ - fenômeno semelhante ao equivalente americano, onde Hip Hop e R'n'B são uma indústria cuja música parece a menor das preocupações - essa é a minha impressão.
Não chego a ser do tipo que mata pessoas e põe fogo na casa se estou numa festa e resolvem botar um CD de funk, por exemplo. Quer dizer, já estou num ponto que nem ODEIO mais a música nacional, como quando eu era uma adolescente boboca querendo provar que tinha personalidade - é pior, agora sou indiferente mesmo.

Do outro lado, temos o Hot Chip, banda inglesa que mistura roque com eletrônica e samba e que esteve no Brasil ano passado - e se mostrando mais bombados e sambistas ao vivo que em disco.



Não sei qual é o nível de envolvimento deles com a música brasileira e nem como foram suas aventuras antropológicas enquanto estiveram em nosso país, mas é fácil de ver uma influênciazinha dela especialmente em seu último e ótimo (e mais bombado que os anteriores, seria reflexo dos shows?!) disco, "Made in the Dark".

O Hot Chip é daquelas bandas que me desafiam. É difícil eu viciar em alguma música deles logo de primeira, mas algo sempre me faz querer dar uma nova chance e aí, já era. Depois que você se "acostuma" com o som, fica até fácil deduzir porque é tão bom. Talvez seja graças à habilidade que a banda tem para fazer tanto músicas dançantes como coisinhas fofinhas com vocais doces e barulhinhos legais, sem nunca deixar de ser esquisito.

Outra característica que adoro neles, claro, é a nerdice. Eles não são qualquer um se aproveitando da onda "sou-nerd-mas-tô-na-moda", são uns tarados de estúdio tocando equipamentos que fazem blips e blops. São tão nerds que seus meios de approach algumas vezes beiram o absurdo: várias vezes e peguei pensando "PQP!!! Mas que diabos de clipe/ foto de divulgação é essa, Hot Chip?!?!?!"

Desde o segundo disco, The Warning (2006), que eles têm minha atenção, simplesmente porque marcou uma época divertida para mim: me lembro de um dia chuvoso em que estava num desses "grandes magazines" procurando blusas baratas para fazer camisa de banda quando "Colours" tocou em meu - então - discman e uma onda de felicidade me invadiu de tal forma que tive que me segurar para não sair dançando por entre as araras de cabides, tal como num improvável musical. Sim, eu viajo pra burro...

Só que eu nunca cheguei à tietagem com eles, tanto que não sei nada sobre a banda, além do fato de que são contratados da DFA e um dos integrantes - Al Doyle, guitarrista - fez (faz?) parte da live band do LCD Soundsystem. E eu já admirava ambas as bandas antes mesmo de saber que havia essa brodagem entre eles, hahaha.

Enfim, logo que saiu o primeiro single do disco novo eu fiquei toda animada. Com o revival da House e da Disco (o novo do Moby, o ótimo Hercules and Love Affair), tava curiosa em saber que rumo eles tomariam. Começou com o clipe de "Ready for the Floor", ultra colorido e maluco onde o vocalista Alexis Taylor aparece fantasiado de Coringa genérico (genérico porque eles não são bobos de causarem a ira da DC comics, ha). Quando o vi pela primeira vez, claro que tive a supracitada reação "Meu Deus, Hot Chip, perderam a cabeça?!?!?!?!?", mas daí para virar um de meus clipes favoritos do ano foi um pulo (para entender meu gosto DUVIDOSO por clipes ultra coloridos e/ou que beiram o ridículo, recomendo a leitura do post sobre os B-52's, logo aí embaixo; e sobre o meu fanatismo pelo Coringa, só digo: qualquer homem que tenha coragem de pôr um terno roxo e pintar os cabelos de verde e a cara de branco me ganha na hora - a não ser que seja, sei lá, o Timbaland).

E o que "Made in the Dark" tem a ver com a MPB? Ora, que tal um momento que lembra forró em "One Pure Thought", ou então a histérica "Out at the Pictures" que beira o axé, ou as batucadas carnavalescas de "Shake a fist" ou "Touch too Much", e, claro, o batidão do funk carioca (que roubamos do Bambaataa e agora é nosso por uso capião, haha), presente em "Ready for the Floor", "Bendable Poseable", "Don't Dance"...

É aí que a porca torce o rabo. Como é que posso gostar de um disco que me remete tanto ao produto nacional que não me agrada?

Fetichista da língua inglesa que sou, será que é devido ao sotaque brit robótico todo bonitinho ("Bândabow Páwsabôw") contra a berraria dos MCs locais ou algo do tipo? Será???

O lance é que, para fazer música, com o Hot Chip vale tudo e o resultado é sempre imprevisível - ao menos para mim. As canções se transformam, fogem do convencional. A sensacional "Shake a fist", por exemplo, começa de uma forma e quando parece que a música vai engrenar, eles param tudo e resolvem fazer um "solo" de efeitos de estúdio! Recomendo o uso de fones de ouvido e BEEEM alto (aliás, eles recomendam também, tá na música), dá vontade de sair dançando loucamente!

As baladas continuam simples e bonitinhas, mas são as músicas dançantes que realmente brilham. Sem falar que são responsáveis pela música do ano para mim até agora, "Hold On" - tá bom, tá bom, tem "Ready for the Floor", que pode ser a segunda melhor do ano, se ninguém relevante lançar nada decente até dezembro! :P
Se bem que o disco é tão bom que toda hora eu mudo de música favorita! Já estou mais fã desse CD que do anterior...

É isso aí, o Hot Chip é doido, cafona, nerd e incrivelmente bom. Nem que precise ouvir 45894584758475834759 vezes (E OUÇA AAAALLLTOOOO, eu insisto) antes de se chegar àlguma conclusão. Essa que é a graça da coisa!

"So... now if you have a pair of headphones you better get 'em out and get 'em cranked up 'cause it REEEALLY gonna help you..."

Se eles disseram (e meu ingrêis ainda tá bom), tá dito! :D


- Yours truly,
Sra. T. Beresford.

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quarta-feira, abril 16, 2008

INTERVALO:

Esta que vos digita está criando um post superbacana sobre o Hot Chip que está levando a semana inteira.

E, para inspirar o fluir da escrivinhança, resolveu pegar mais remixes e musiquinhas da supracitada banda. Acabou se deparando com duas covers lindas: a de "Sexual Healing", de Marvin Gaye (thanx, Sis!); e "Sensual Seduction", do Snoop Dogg!

E, claro, acabou pirando com ambas as versões! Especialmente a da música do Snoop Dogg, que ela ouviu 10 vezes seguidas na lan house logo depois de baixar!!

E acabou também se deparando com a melhor foto de banda dos últimos tempos da última semana e não conseguiu evitar colocar aqui:




Semana que vem, "Hot Chip will break your leg!" (seria mais atual falar que eles estão "Ready for the Floor, uarevá)

quarta-feira, abril 09, 2008

RICKYS WILSONS ME MORDAM!!!

Ouvindo os discos Funplex, The B-52’s; Yours Truly, Angry Mob, Kaiser Chiefs; X, Kylie, This is not the World, The Futureheads; e a música “DVNO”, do Justice.

O primeiro Ricky Wilson ao qual me refiro era loiro, bonitinho, guitarrista e americano. Que eu saiba, nunca se assumiu publicamente (até mesmo porque é o tipo da coisa que não nos diz respeito, néam?), mas morreu de complicações decorrentes da aids há mais de 20 anos, quando esta ainda era considerada uma “doença gay”.
Eu, que não sou muito fã de guitarristas, tenho nele uma honrosa exceção, uma vez que tinha um jeito muito particular de tocar, com afinação excêntrica e apenas 4 cordas – pra quem não sabe, normalmente uma guitarra tem de 6 cordas (ou mais, mas isso é outra história e eu não curto guitarra para escrever a respeito anyway).
Ele que, junto com o baterista Keith Strickland, criaram a base musical perfeita para encaixar as vozes de Kate Pierson, Fred Schneider e sua irmã Cindy Wilson, transformando os B-52’s numa banda de sonoridade facilmente identificável, sempre dançante e divertida.



Esse é o Ricky - não consegui achar uma foto melhor, sorry...

A tragetória dos B’s (como são chamados carinhosamente pelos fãs old school) é meio trágica e irônica. Depois de fazerem dois dos discos mais legais que já ouvi na vida (o epônimo de 1979, tosco e genial; e “Wild Planet”, de 1980, não tão tosco quanto o primeiro e tão bom quanto), lançaram dois EPs em 1981/1982, um de remixes dos dois primeiros discos (chamado “Party Mix!”, que deixava claro que o lugar dos B’s era numa festa e/ou pista de dança) e outro produzido pelo colega David Byrne (na época nos Talking Heads), “Mesopotamia", que teve gente achando que era um disco “sério” (apesar de ter músicas que esta que vos digita gosta muito, como “Nip it in the Bud” - ow wow wow). Logo a seguir, resolveram abraçar os sintetizadores em “Whammy!”, disco de 1983, que muita gente torceu o nariz por ter muita eletrônica, mas também é o disco que deu a eles um de seus maiores sucessos: “Legal Tender”.
O sucessor de “Whammy!” poderia tê-los transformado numa banda grande, como seus conterrâneos da pequena Athens, na Geórgia: o R.E.M. (que também lançou CD agora), uma vez que eles eram tão maluquetes quanto outras bandas da New Wave, mas tinham o apelo pop que poucas delas tinham (vide o Devo, outra banda sensacional da época, sempre comparada aos B’s, mas que ficou reduzida ao circuito cult principalmente aqui no Brasil). Mas, com a morte repentina de Ricky, as coisas complicaram para a banda, tanto artisticamente quanto emocionalmente: como uma banda tão alegre iria lidar com a perda de um dos seus, em circunstâncias tão complicadas, e pior, sendo este o seu principal compositor?

O disco seguinte, “Bouncing off the Satellites”, de 1986, já estava quase pronto quando Ricky morreu. Fizeram mais algumas músicas e lançaram-no no clima “O show deve continuar”, mas não vingou – ele tinha uma aura de tristeza que não dava pra disfarçar.
E então eles resolveram sumir, tanto que a mídia deu a banda por acabada. Porém, três anos depois, Keith assumiu de vez as guitarras por ser o único que conseguia emular o som que o amigo fazia e resolveram lançar o bem-sucedido “Cosmic Thing”, (que tem muita gente que considera o melhor disco deles!), em climão de grande retorno. Em 1992, lançaram “Good Stuff”, que não tinha a participação de Cindy Wilson, o que deixou muita gente desconfiada com relação a atritos entre os integrantes nos bastidores – todos desmentidos pela própria Cindy algum tempo depois, que justificou que apenas não estava em condições de gravar, fazer tours, e essas coisas do mundo do showbiz.
Eles continuaram fazendo shows, a maioria beneficentes em apoio a grupos políticos (direitos dos animais, grupos GLBT etc.), mas saíram dos holofotes mais uma vez por não lançarem um disco de inéditas desde então – se de 1986 a 1989 já davam os B-52’s por mortos, imagine de 1992 até hoje?!? – apenas algumas músicas como “Debbie” (dedicada à Deborah Harry, vocalista do Blondie) que saíram em coletâneas como o seu bestofe “Time Capsule – Songs for a future generation”, de 1998.
Fred, Kate, Cindy e Keith também tiveram vários projetos paralelos, que nunca tiveram a repercussão dos B’s. Grosseiramente falando, a banda ficou meio que amaldiçoada: é algo que eles claramente gostam de fazer, que funciona quando estão juntos mais do que com qualquer outro projeto paralelo que venham a fazer, mas que também deve sempre machucá-los um pouquinho ao verem que por mais que queiram e se esforcem nunca será como antes, nunca será a mesma coisa sem Ricky Wilson.

É complicado para mim falar deles também. Eu dançava em frente à TV vendo clipes deles quando tinha 4 anos de idade (vocês não precisam fazer as contas, era 1984). Tenho todos os CDs e VINIS. Fui do fã-clube oficial gringo (a única banda, aliás), com foto autografada e tudo. Tenho um pôster deles pendurado por dentro da porta do meu armário até hoje, caindo aos pedaços de tão velho. Sei diferenciar as vozes de Kate e Cindy (ao menos na maioria das músicas, hehe). Estou escrevendo tudo isso aqui de cabeça, sem consultar nada sobre eles. É a primeira banda em minha estante de CDs porque não tenho coragem de colocar nenhuma banda com a letra A antes deles. Resumindo: é a banda que curto há mais tempo, e que foi trilha de uma época muito ingênua e divertida para mim, e que obviamente não volta mais – e por isso mesmo prefiro deixar onde se deve, no passado.
Lá em 1992, quando saí da loja de discos com meu vinil de “Good Stuff” debaixo do braço, não imaginava que eu baixaria o próximo CD deles antes mesmo de chegar nas lojas – aliás, nem imaginava que um dia saberia usar um computador! Cindy Pierson, minha pinscher, nasceu em 1993 e morreu sem ter um lançamento da banda que a batizou. Passou tanto tempo e tanta coisa aconteceu desde 1992 que é inevitável a famosa pergunta: o B-52’s ainda tem o seu lugar no mundo?

Uma coisa é fato: independente do saudosismo oitentista, os anos 2000 – maluco, imediatista, tecnológico, multiinfluenciável – combina muito mais com eles que os anos 1990 – do grunge, do trip-hop, do britpop, que não primavam pela alegria. É fácil identificar sua influência mesmo indireta em bandas atuais: os vocais masculino x feminino, teclados vagabundos e percussão mais ainda do LCD Soundsystem (e eu me perguntando por quê gosto tanto deles), a chacota kitsch do Scissor Sisters... outro dia eu ouvia o New Young Pony Club e me peguei pensando “esse som é familiar... meu deus, é B-52’s!!”.

Engraçado que o que sempre considerei os maiores méritos deles – a honestidade e despretensão – eram as coisas que nunca os transformariam em banda-influência para ninguém além de mim... e que bom que estava errada! É interessante ver este intercâmbio de referências – são os influenciados por eles que os renovam agora. Kate Pierson declarou outro dia para um jornal brazuca o que eles andam ouvindo: The Killers, The Rapture e ... LCD Soundsystem (ALIÁS, nosso querido-amado-salve-salve James Murphy foi engenheiro de som do Six Finger Satellite, banda que tocou com Fred Schneider num de seus discos solo, ho ho). Os responsáveis pelos remixes do primeiro single do novo disco, “Funplex”, foram convidados por serem fãs da banda: Peaches, CSS e os citados Scissor Sisters.
Fico muito feliz de vê-los sendo lançados pela Astralwerks (que lançou Air, Chemical Bros., Fatboy Slim e Beta Band etc.), que estão cercados de figuras interessantes e/ou no auge e continuam influenciando gente idem. Finalmente estão recebendo o devido reconhecimento – afinal, eles não precisam provar nada.

E Funplex, o disco? Talvez ele diga o porquê de não terem lançado disco antes – não entrariam num estúdio sem um punhado de boas novas canções que valessem a pena toda essa espera. O disco não tem uma música ruim. É um disco atual, mas sem deixar de ter a cara dos B-52’s. Para continuar no meu exemplo favorito, a faixa “Eyes Wide Open” poderia ser uma música do LCD fácil, mas é acima de tudo uma música dos B’s. O disco tem tudo que nos é familiar vindo deles: rock feliz (“Hot Corner"), eletrônico/ sci-fi (“Love in the year 3000”), fofo (“Juliet of Spirits” e “Deviant Ingredient”), a guitarra de Keith, os teclados divertidos, as letras sacanas, as percussões vagabundas... em várias músicas dá para imaginar o Bonde du Rolê botando base funk e cantando por cima: “Funplex”, “Ultraviolet”, “Pump”. E o melhor, nem parece que ficaram 16 anos sem lançar disco juntos.
Sejam bem-vindos ao ano 2000, The B-52’s! Ricky Wilson certamente está bem contente, onde quer que esteja!
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Já o outro Ricky Wilson a que me refiro também é loiro, mais bonitinho ainda, sexualmente, hum, “versátil” (diz a lenda), mas é vocalista e inglês – aliás, talvez seja o vocalista mais canastrão da Inglaterra em minha opinião (e isso é um elogio! é o tipo da coisa que cabe na banda em questão). Ele é a cara e a voz do Kaiser Chiefs, banda de Leeds que é famosa pelo bom humor, assim como a banda que iniciou este post – apesar do humor e sonoridade desta segunda serem beeeem britânicos.

Logo que li a respeito do KC que me veio a associação aos B’s por causa do nome do vocalista: “pombas, nunca mais esquecerei o nome da banda e desse xará do falecido Ricky”. Nem é um nome exótico, mas também não chega a ser um John Smith – e poderia ser Richard, Ric, Rich, Rick, Richie, Dick... mas era Ricky, o que me chamou a atenção de imediato. Desde então que sempre imaginei como faria para escrever sobre os dois Rickys num mesmo post sem forçar a barra. E eis a coincidência que ocorreu (mas antes, toda a beleza de Ricky Wilson, o inglês):



Huuummmmmmmmm...


O “Employment”, primeiro disco do KC, me pegou de jeito logo que saiu graças às suas músicas e letras divertidas e à voz de Ricky, que remetiam ao Blur de quando este ainda tinha senso de humor e esperança na humanidade (i.e. Modern Life- Parklife era). Mas, assim como me apaixonei rápido, logo cansei de músicas fáceis como “Na na na na naaa”, “Everyday I love you less and less” e “I predict a riot”. Ano passado lançaram seu segundo disco, “Yours truly, Angry Mob”, e não me empolguei de sair baixando tudo com net discada (como aconteceu com o primeiro) porque estava com essa bronquinha com eles: no fim das contas, era só mais uma banda engraçadinha que não ia adiante. Tempo depois o patrão baixou o disco para mim e deixou em meu computador, mas este pifou em setembro e só voltou à vida mês passado. Ou seja, com a exceção de “Ruby”, que ouvi por aí e até gostei, eu me esqueci completamente do Kaiser Chiefs.
Isso até o mês passado, quando achei o DVD “Enjoyment” dando sopa numa loja e botei na cabeça que tinha que ser meu, em respeito às outras músicas de que gosto bastante até hoje: “Modern Way”,”Born to be a dancer” e “Oh my God”.

Há muito tempo que eu o queria (mesmo porque não consegui baixar nada além do áudio de alguns shows do DVD), desde o lançamento, quando soube que tinha um filminho engraçadíssimo, narrado pelo ator Bill Nighy, com depoimentos dos integrantes quando crianças dizendo o que gostariam de fazer quando crescer (só vendo mesmo, as crianças são perfeitas!) e quando velhos, mais precisamente em 2030, amargurados, longe do showbiz... com destaque para, claro, Ricky Wilson velho-em-carreira-solo e ainda canastríssimo! De resto, tem aparições de Roger Daltrey, Damon Albarn (para minha surpresa, não achei que daria crédito aos “filhotes”), todos os clipes do primeiro disco, apresentações ao vivo, vídeos de quando eles ainda se chamavam Parva, Ricky cantando com The Cribs, palhaçadas como eles se vendo na TV e falando besteira... enfim, coisa à beça, infelizmente sem legendas em português. Isso sem falar no encarte mais engraçado e sem noção que eu já vi, com coisas que nem perderei tempo traduzindo, mas que merecem menção, como: “Hours of fun to be had inserting the enclosed DVD disc, pressing “eject” and watching it come out again, all at the push of one button”; ou, melhor ainda “minutes of fun to be had arguing over which bit to watch first, though you may find the apparent lack of menu makes up your mind for you”. Nem os DVDs do Monty Python chegaram com um encarte assim.
Enfim, o Kaiser Chiefs é tão adoravelmente bobo que me foi impossível ver este DVD e não voltar a vê-los com outros olhos. E foi assim que resolvi dar uma chance ao “Yours Truly...” e não é que acabei viciando e achando um discão?!? Foi aquele disco que quando ouvi a primeira vez achei nada de mais, mas quando dei por mim já sabia os nomes de todas as músicas e já estava cantando tudo sem nem ter lido as letras. As músicas “animadinhas/engraçadinhas” não estão tão descartáveis como as do primeiro CD – “Everything is average nowadays”, “Thank you very much” e “Retirement” são ótimas. As baladas estão mais maduras e interessantes – meu deus, o que é “Love’s not a competition (But I’m winning)”?!? Poderia ser uma balada do Parklife! E ainda tem maravilhas como “The Angry Mob”, que não consigo deixar de ouvir 489348938493 vezes ao dia.

Fiquei impressionada em ver como eles amadureceram tão rápido sem deixar de ser Kaiser Chiefs e não soar repetitivo. Nunca iria imaginar que logo eles, da safra de 2005/06, seriam os que passariam com mérito no famoso teste do segundo disco, deixando para trás outros que eu imaginava mais capazes como o Hard-Fi ou The Futureheads (que lançou, digo, vazou o terceiro disco agora e sim, gosto, mas isso é pra outro post). O que um DVD bom não faz por uma banda, hein? E que venha o segundo DVD logo Kaiser Chiefs!...
- Yours truly,
Sra. Tuppence Beresford.

;)

Para fechar, atendendo aos pedidos das meninas e meninos do fã clube "Amo o Ricky Wilson fazendo careta com roupa de frio!", preparem seus corações...




Já falei que AMO meu "capture frame" hoje?!?!?! hasjhasejkhajkhskjfhksj

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sexta-feira, abril 04, 2008




Ao som de “The Angry Mob”, Kaiser Chiefs; "Walking with Thee", Clinic; “Disco Lies”, Moby; "Pogo", Digitalism; “Ready for the Floor”, Hot Chip; e “Radio Heart”, The Futureheads.

PODER.

Fui presenteada recentemente com o livro “Beijar o Céu” de Simon Reynolds, livro que eu não conhecia de autor idem. Ele já escreveu sobre música para algumas das revistas mais importantes do mundo – quando isso ainda queria dizer alguma coisa. Eu, sempre amei ler sobre o assunto, mas sempre tive um pé atrás porque no fim das contas as bandas que me pegavam mesmo nunca foram as favoritas dos críticos (ainda bem, diga-se, é tão bom ser do contra sem ser de propósito) – exemplo que adoro dar sempre citando duas de minhas bandas favoritas é que em 1994 o Blur era “a última modinha inglesa que por sorte nossa nunca chegará aqui”, e em 1995/96 o Weezer era se muito a “simpática banda do clipe de ‘Buddy Holly’”. Hoje, é fácil achar por aí pessoas que dizem que tanto Parklife como o Álbum Azul são obras-primas e aquele blá blá blá de sempre. É divertido ver como as coisas mudam com o passar do tempo.


Ou seja, acreditar no poder de julgamento dessa gente tá longe de ser confiável, mas admito que não resisto em acompanhar o mínimo que seja. E foi lendo o livro de Reynolds que me lembrei de um sutil detalhe que me faz ter cada vez menos paciência com o mundo da imprensa musical: faltam paixão e razão se complementando. No livro, uma coletânea de alguns de seus textos publicados em revistas e outros livros, percebe-se o amor pela música, ao mesmo tempo em que há análise social e até psicológica, isso sem soar petulante. Ele passa a imagem de alguém que sabe do que está falando, tanto que me peguei lendo sobre artistas que não dou a mínima e me interessando em conhecê-los melhor. O mais marcante mesmo é que ele o faz de forma bem simples, sem querer mostrar que “sabe tudo”: ele te mostra que, independentemente do que você saiba ou do que todos dizem sobre certa banda/artista, é bom você saber que certa figura é importante para a música por causa disso, disso e disso. Você pode concordar ou não, gostar ou não, mas é fato. Tão simples que várias vezes fiquei com raiva pelo fato de ele ter conseguido escrever coisas que eu gostaria de ter escrito. Outras vezes dá pra ver que certas previsões foram por água abaixo – como no capítulo sobre Timbaland e Missy Elliott, escrito em 1999, em que ele previa o fim do “reinado” destes no mundo do Hip-hop/R’n’B, mas que mesmo assim não deixa de ser um interessante ensaio sobre a importância de ambos para o gênero que mais tem se espalhado pelo mundo hoje.


Provavelmente por ele ser assim é que se destacou dentre tantos outros jornalistas – quero dizer, não ter esta sacação na hora de escrever não deve ser defeito apenas de nossa geração – mas mesmo assim é algo a se pensar.


Todo mundo sabe que hoje em dia tudo é muito volúvel e coisa e tal. Que qualquer um pode manifestar sua opinião sobre qualquer coisa num blog (alô-ô! XD) e que pode se transformar num especialista em música num clique, só baixar os “discos certos” e tirar onda de que conhece tudo. Mas eu sou retrógrada e confesso que esta sabedoria rasa de almanaque me cansa de vez em quando (“de vez em quando”, pra deixar bem claro, já que reconheço que tem certas bandas clássicas que até tento gostar mas não consigo, então fico na superfície – e por isso mesmo que prefiro nem me manifestar acerca delas). Contudo, ainda me encanto ao ouvir um disco de 2005, ou 1999, ou 1994, ou 1979 sem cansar e continuar achando-o sensacional como da primeira vez que o ouvi. Ou, melhor ainda: pegar aquele disco que comprei há tempos atrás e não dei a mínima na época para então descobrir agora que ele é uma pequena jóia escondida na coleção de CDs, independente de estar nas listas de melhores de blogs e sites “especializados”. Não se trata de nenhuma frustração ou bronca com o hype: é mais uma questão de reconhecer que, na maioria dos casos atuais, nos deixamos guiar por “jornalistas/criadores de tendências” que têm conhecimento musical e social raso e baseado na internet: com muita paixão e nenhum conteúdo ou vice-versa. E paixão sem razão é cegueira; e razão sem paixão é sem-graça.


Reflexo disso é ver que os críticos quanto mais reclamam do hype e da rapidez do sucesso atualmente, mais eles se viciam com a busca da eterna novidade: se uma banda mantém o seu nível, mesmo que seja bom, ela se acomodou; se ela sai dos holofotes por 6 meses que seja, ela sumiu e perdeu sua chance de sucesso; e se ela vem mais de uma vez no Brasil, é porque estão mendigando atenção, sendo que antes da banda em questão vir aqui eles invejavam os festivais gringos por terem o “privilégio” de tê-la em seu cast constantemente. Nessa batalha de contradições, né por nada não, mas eu sou mais eu e meu gosto pessoal e minha capacidade de discernimento.


Isso tudo na verdade é uma questão de poder. No meu caso, seria algo como, “se eu não posso mudar o mundo com música farei então uso da música dos outros”, esperando que esta traga a terceiros o mesmo que traz a mim. Como conseguir convencer um amigo que sabe muito de música de que certa bandinha pop é realmente boa. Mostrar uma banda que ama para uma amiga e vibrar quando ela também se apaixona por esta. É tocar numa festa de público difícil uma música que outras pessoas “mais capacitadas” (ou seja, que conheciam melhor este público) ficaram com receio de tocar e se surpreender ao receber elogios de desconhecidos pela escolha, quando na verdade a música foi selecionada porque um amigo pediu e você queria apenas dançar esta música com ele. É o poder de conseguir fazer algo que se gosta, coisa tão difícil num mundo onde todos têm que abrir mão de várias coisas diariamente. E se tiver um retorno positivo externo, um mero elogio que seja, ótimo. Eis a lição que aprendi com alguns de meus ídolos no decorrer desses anos: se quer fazer algo (ou, no meu caso, gostar de algum artista ou banda), que seja algo que realmente te agrade – não importa os “críticos” nem os “fãs”, pois eles são cegos e/ou tolos. Aliás, se todos vão nos julgar mesmo, ao menos faça o que gosta, pois assim terá algo de bom no final das contas - a satisfação pessoal.





Aproveito aqui para fazer uma ligeira reclamação: é impressão minha ou as festas rock (ao menos no Rio) estão muito caretas? Os sets parecem todos iguais (e bem semelhantes ao HD do meu computador), sem ousadia alguma. Não me refiro a tocar apenas bandas que surgiram ontem ou perder as estribeiras até virar uma “Ploc” da vida. Mas acho que está tudo muito... previsível. E se o rock já está caindo na caretice de novo, gente, tô fora.

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