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domingo, julho 27, 2008

BARRA-AQNUC PRA VOCÊ TAMBÉM!
(ou o como tem gente criativa nesse mundo ou como tem gente com nada melhor para fazer nesse mundo)






Começo este post perguntando aos meus 3 leitores se alguém aí sabe como criar emoticons para msn. Eu não faço a mínima idéia, bem como os poucos amigos com quem bato um esporádico papo por mensagens instantâneas – a minha sis sabe, mas ela não quer revelar o segredo para nós reles mortais, mesmo porque é bem provável que mesmo que ela me ensinasse eu continuaria dando umas batatadas. Então, é melhor assim.

Dentro desta debilidade, geramos um fenômeno bobocamente divertido: o de criar atalhos de teclado para emoticons que praticamente não existem.

Explico: por exemplo, tenho uma amiga que é apaixonada pelo Michael Palin. Na falta de emoticons de verdade que façam jus à sua beleza, temos agora o comando “barra-mike” (ou /mike), que pode representar qualquer foto de qualquer época de Palin. A partir do barra-mike, temos variações praticamente ilimitadas como /mike-de-padre, /mike-na-cozinha ou o fetiche de sua preferência. O melhor é que a imagem que passará pela cabeça de minha amiga ao ver o comando na tela muito provavelmente será diferente da minha, o que torna este um recurso de ordem subjetiva que estimula a criatividade e a imaginação dos internautas! Heh.

Outro exemplo divertido foi o que fiz com um amigo. Começou por causa de James Murphy, figura querida por nós dois. O primeiro emoticon a respeito foi o “barra-LCD” (/LCD), referência à banda do sujeito, uma figura que representaria qualquer evento/festa/show de caráter imperdível. Então, veio o “barra-James” (/james), que nada mais era que uma saudação super nerd do tipo “Que o James Murphy esteja com você”, algo bem Star Wars mesmo. Meu amigo, ao ver esse comando pela primeira vez no msn, só fez perguntar “Mas o que é isso? Vai aparecer deus tocando bongô, é?”. Não analisaremos aqui a dialética James Murphy X Deus (e o que o bongô tem a ver com isso), já que só diz respeito aos admiradores de James e/ou deus (e bongôs), mas a grande sacada é a seguinte: o trabalhão que seria fazer uma montagem de James como deus e tocando bongô só para criar um emoticon, entendeu?

Para que tanto trabalho se é tão mais fácil escrever /james e deixar que sua fértil imaginação se encarregue do resto?

Nem preciso dizer que o já citado líder do LCD Soundsystem é o recordista de comandos de emoticon que não existem, pelos motivos mais óbvios: além dele ser uma das Figuras Mais Queridas do Mundo deste modesto blog (e essa é uma lista menor do que muita gente pensa), é o tipo de cara que tem milhares de fotos que pedem para serem zoadas, digo, virarem emoticons. E assim, logo o barra-James virou retrô com a chegada do “barra-aqnuc”. Esse então, tem uma origem mais insólita ainda, que começou comigo, este meu já citado amigo e o Patrão comentando sobre o tamanho das (parafraseando Monty Python) naughty bits de nosso homenageado. Conspiraram que poderia ter sido caxumba que “ele pegou e desceu”, ou então que ele não usava cueca. Ou que era grande mesmo, por quê não? Das opções dadas, ficamos com a “mais amena” (ou sei lá, é tudo tão uma questão de ponto-de-vista, hihi) e criamos o barra-aquele-que-não-usa-cueca (/aqnuc), que é muito mais interessante que o /james, uma vez que é mais que um mero “Que o James Murphy esteja com você” – é um “Que o James Murphy esteja com você SEM CUECA”. Ui.

Ok, ok, vou parar com essa sem-vergonhice por aqui. Mas uma coisa é fato: se uma imagem vale mais que mil palavras, o atalho certo vale mais que muuuuitas imagens! :D

"Party on, Wayne!
Party on, Garth!"

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terça-feira, julho 22, 2008

UAU!
(o post sobre "Dark Knight")




Sempre nutri um carinho maior pela DC Comics que pela Marvel – e a culpa disso, claro, são Superman e Batman que, apesar de anos e mais anos de histórias ruins (o que não deixa de ser agradável, economizei muito $$$ nos últimos anos ao parar de me dedicar à coleção de gibis, hihihi), ainda não perderam seu lugar como ícones maiores das histórias em quadrinhos. Para mim, por mais que surjam outros nomes que queiram “renovar” o gênero, sempre haverá um ranço de “você pode ser tudo, mas nunca será um Superman (no caso dos heróis com poderes) ou um Batman (no caso dos heróis de carne-e-osso)”. E vai ter que ralar muito para barrar a longevidade desses. E é isso aí.

No caso do kryptoniano, sou até mais fã de sua “máscara” de Clark Kent, o adorável repórter nerd e atrapalhado do Planeta Diário que de sua real face como Superman. Em se tratando do Batman, eu sou muito, mas muito suspeita de falar qualquer coisa. Antes mesmo de me reconhecer como uma fã declarada, eu já acompanhava o Homem-Morcego da forma que podia e nem sabia exatamente o porquê. Lá em 1989, quando seu primeiro filme saiu (e eu assisti na estréia), um amiguinho cujo pai trabalhava na editora que publicava os heróis DC no Brasil na época me deu várias revistas do Batman, porque meu irmão não as queria. Uma delas era “Batman Ano Um”, de Frank Miller – que aceitei na hora por se tratar de um gibi escrito pelo tal autor que tinha acabado de conhecer e adorado por causa de “Elektra Assassina”, mencionada 2 posts atrás.

Com meu gosto por quadrinhos, hum, “maturando”, acabei me deparando com “Cavaleiro das Trevas”, uma das maiores obras (também de Miller) sobre o maior detetive do mundo. Encontrar um significant other também fanático pelo mundo de Gotham parecia inevitável no fim das contas. Desde então, meu gosto pelo personagem é de uma admiração cada vez maior. E fiquei mais exigente: dos filmes antigos, hoje eu acho todos eles pífios (por incrível que pareça, o “menos ruim” é "Batman – o Retorno", o do Pingüim e da Mulher-Gato), enquanto que já assisti a “Batman Begins” mais de 15 vezes (um recorde para mim) e não me canso de revê-lo.
Mas, antes de gostar tanto do Batman, havia o Coringa.

O Coringa é o meu personagem de quadrinhos favoritos há muito tempo. Talvez seja O meu personagem favorito de todos os tempos. É uma adoração que também não sei de onde veio, mas que provavelmente tem a ver com o fato de ele ser um louco sagaz, altamente persuasivo, que nunca perde o humor (mesmo que doentio) e ainda assim tem um notável senso de estilo (terno roxo é lindo e não é pra qualquer um, já falei). Eu acho invejável, mesmo porque eu sei que NUNCA teria coragem de fazer um terço do que ele é capaz (ainda bem, devo deixar claro). Enfim, uma relação de atração e de medo, muito medo. Freud explica.
E, sendo meu personagem favorito, sempre tive um ciuminho por ele. Sempre achei que ele nunca recebeu uma interpretação digna no cinema e na série de TV (nos desenhos animados, ainda vai) - o que era um absurdo, já que se trata de um dos personagens mais fascinantes já criados. Tá bom, tá bom, quando Jerry Robinson o criou ele não era assim tão maluco, e reconheço que essa imagem que tenho dele deve-se à leitura que fiz dos gibis certos, mas, e daí?

Daí é que finalmente a imagem do Coringa que eu sempre gostei finalmente foi devidamente retratada em “O Cavaleiro das Trevas”. O Coringa de Heath Ledger é de dar medo, MUITO medo, por se tratar de algo tão absurdo, mas possível de acontecer – ainda mais num mundo em que noções de certo e errado são tão tênues e frágeis como o nosso. Comparar o Palhaço com terroristas como Bin Laden virou chavão agora – mas nem vem, o Coringa veio antes, tá? E de forma piorada, porque com ele não há fronteiras ou partidos políticos ou ideologias, é contra tudo e todos – e por isso mesmo dá tanto medo.

Antes mesmo do Coringa mostrar seu rosto pela primeira vez no filme, fiquei toda arrepiada só de vê-lo andar, de costas, curvado e meio trôpego: “Meu Deus, é ele!!!”. Taaantas emoções, hehehe. E, quando ele faz o seu infame truque de “desaparecer o lápis”, já era: aquele era o Coringa que eu queria ver nas telas – e o que merecia ser mostrado ao público, não um bandido engraçadinho ou algo assim, mas o caos e a maldade encarnados. Cada aparição que ele faz é de embasbacar tanto fãs do gibi como o espectador comum. Numa palavra, a derradeira atuação de Ledger é extraordinária.

Mas não é só de Coringa que se sustenta “O Cavaleiro das Trevas”, pelo contrário, ele é apenas uma “engrenagem” da história, o que faz com que o novo filme do Homem-Morcego se destaque (desde “Batman Begins”, aliás) dentre tantas outras adaptações de gibis para o cinema: ela traz “algo a mais” – elenco impecável e carismático, roteiros sem enrolações (e olha que o filme é longo, mais de duas horas e meia - eu não percebi), e uma dose de verossimilhança – muita gente comparou seu ritmo aos thrillers policiais dos anos 1970, o que faz sentido. E, o que eu acho mais fascinante: consegue agregar vários valores que fazem parte do universo do gibi sem ser uma mera adaptação quadro-a-quadro (ou seria “quadrinho-a-quadrinho”? :P) de alguma graphic novel importante ou algo assim. Nada contra filmes que o fizeram (“300”, “Sin City”), mas ainda acho que dessa forma há um diferencial – afinal, filme é filme, gibi é gibi. De resto, Christian Bale é Bruce Wayne e Batman na medida certa, desde o primeiro filme – charmoso e algo canalha enquanto civil, e um herói apaixonado quando mascarado; Aaron Eckhart revelou-se a escolha perfeita para ser “O Cavaleiro Branco de Gotham” Harvey Dent (e está LINDO até que... ah, esquece); Maggie Gyllenhaal conserta o único equívoco de “Batman Begins” – que era a escolha de Katie Holmes para o papel de Rachel Dawes. Além de Michael Caine como Alfred e Gary Oldman como Jim Gordon (finalmente sendo promovido a Comissário) que dispensam comentários por serem pessoas queridas desse modesto blogue há muito tempo.

Até agora não soube de nenhuma crítica ruim ao filme, e por isso mesmo já sei que cedo ou tarde aparecerá algum chato enchendo-o de defeitos ou algo assim. Pra mim, é um filme que dá gosto de ver – comparando toscamente, trata-se do Begins melhorado, e olha que este já era o meu filme de herói favorito. Ele instiga de forma como não via há muito tempo – quando vi pela segunda vez, com minha mãe e meu irmão, fiquei satisfeita de ver que ambos não conseguiam parar de falar do filme quando este chegou ao fim. Ou seja, não era mera excitação de nerd de gibi, como poderiam dizer ser o meu caso – ironicamente, eu estava sem palavras, tanto que nem consegui postar sobre o filme aqui antes.

Filme do ano? Minha opinião, acho difícil aparecer algo que o supere. Melhor adaptação cinematográfica para um personagem de quadrinhos? Até agora, é bem provável que seja. Tenho pena de qualquer filme de herói que venha depois desse. Agora, os parâmetros são outros e o buraco ficou mais embaixo.
Boa sorte para os vindouros.

- Yours truly,
Sra. T. Beresford

segunda-feira, julho 21, 2008

PÓS-DARK-KNIGHT

Confesso: ainda estou em estado de choque depois do impacto de "O Cavaleiro das Trevas". Já vi duas vezes e quero ver mais ainda, apesar de ser um filme longo. Aliás, eu nem percebi... hehehe.

Eu não sei ainda o que escrever sobre o filme. Sério. Não tenho palavras. Fica pro próximo post.

De resto, deixo vocês com o trailer de Watchmen, que também me deixou bastante impressionada. É o tipo de trailer que impressiona mais quem já leu o gibi e vai identificar as cenas certas, mas mesmo assim vale a olhada. Será que o filme do ano que vem, assim como o Batman, será também um filme de gibi?

Veja aqui antem que a Warner retire do ar de novo.

"Party on, Wayne!
Party on, Garth!"

sábado, julho 12, 2008



(essa foto tá aqui para outros propósitos que mais tarde quem sabe eu explico...)

ATRAPALHANDO NEIL

Sou daquelas entusiastas de Histórias em Quadrinhos que enchem a boca pra falar com orgulho que já leu Graphic Novels melhores que muitos livros por aí. Grande parte da responsabilidade por tal declaração recai em 3 autores que revolucionaram o gênero a partir dos anos 1980, provando que quadrinhos não eram apenas histórias de heróis e/ou escritas para crianças - bem como não deveriam ser restritas ao underground.

Como bem mostrou o mestre e criador do termo Graphic Novel ("Romance Gráfico"), Will Eisner, HQs podem ser verdadeiras obras de arte em termos visuais e conterem tramas mais complexas e adultas - coisa que esse trio de autores faz muito bem. Não é à toa que costumo brincar dizendo "Amém" depois que digo seus nomes.

Então, lá vai: Frank Miller, Alan Moore e Neil Gaiman. Amém!

O norte-americano Frank Miller foi o primeiro com quem tive contato, quando li "Elektra Assassina" aos 9 anos. Claro que não entendi lhufas, mas adorei mesmo assim - descobri então que as novels podiam ser tão estilosas, violentas, sexy e vibrantes - e ele logo tornou-se a principal referência quando resolvi me aprofundar no mundo dos quadrinhos adultos: com títulos clássicos como "O Cavaleiro das Trevas", "Ronin", "Sin City" e "300 de Esparta" entre outros, não poderia ser diferente. Tanto que até hoje meu coração bate mais forte quando leio algo a seu respeito, sobre um novo projeto ou algo do tipo.

Lá nos idos da adolescência, fui apresentada ao britânico Alan Moore, um desses caras que me dão medo. Nem tanto por sua aparência e comportamento recluso típicos de hermitão, mas principalmente por se tratar de alguém muito culto e inteligente: a impressão que tenho é que ele não apenas tem sede de conhecimento como sabe o que fazer com toda a informação que adquire. Nada em suas histórias é gratuito, muito menos simples. A riqueza de nuances é de embasbacar qualquer leitor detalhista, como vemos em obras marcantes e/ou importantíssimas como "Watchmen", "Do Inferno" e "As Aventuras da Liga Extraordinária".

Neil Gaiman, o brit-residente-nos-EUA, foi o último com quem tive contato - já adulta. Foi o último porque: 1) não sabia por onde começar com sua extensa obra; 2) morria de medo de não entender nada do mundo de seu personagem mais conhecido, o Sandman - sempre imaginava que suas histórias seriam oníricas e filosóficas demais para mim.

(Porém, Neil conta com o melhor estímulo que uma mulher pode ter para se interessar por seu trabalho: a sua cara. Hahahahahahahaha)



Beleza à parte, o que me encantou em Neil foi que ele conseguiu ser sim, onírico e filosófico mas nunca de forma maçante. Sua narrativa é cinematográfica (como a de Miller e Moore - não é de se espantar que obras dos três já foram para a tela grande com resultados de ótimos a risíveis), resultado das lições que teve com o próprio Moore, para quem pediu ajuda quando decidiu criar histórias para quadrinhos. Cinematográfica e altamente viciante - passei muitas noites em claro sem conseguir desgrudar os olhos das belas, viajantes e muitas vezes temíveis histórias de Sandman. Ele me parece tão cuidadoso e detalhista como Moore, mas sem parecer tão obsessivo - uma leitura riquíssima e ainda assim pop.

Gaiman é muito querido do público brasileiro - segundo o próprio, porque compreendemos e aceitamos melhor esta visão mais mística das coisas - ou seja, qualquer aparição sua por nossas terras sempre rende MUITA gente, MUITOS livros a serem autografados (ele não vai embora enquanto não atende a todos), muitos fãs fantasiados ou com tatuagens de seus personagens favoritos enfim... uma histeria digna de rockstar. Em minha opinião, um culto merecido sim. Afinal, aposto que muita gente aprendeu a gostar de ler por sua causa, e "pra piorar" o cara é gente boa e sabe da importância da troca com seus fãs. Aí, não tem como não gamar de vez!

Minha mãe que resolveu botar pilha para irmos à última Feira Literária de Parati: "O QUEEEEE?!?!?! O NEIL VEM AÍ E VOCÊ NÃO QUER IR VÊ-LO? TÁ DOIDA???" Na verdade, os fãs hardcore e com mais $$$ que eu baixavam a minha bola: a tenda onde Neil estaria já estava com ingressos esgotados desde sempre, e provavelmente todos os lugares para se hospedar já estavam lotados.

"Que nada, dá-se um jeito". Se a mãe disse, tá dito!

Eu, mãe e Patron pegamos o ônibus de 4 da manhã no Rio, este dominado por pessoas de preto, ou de visual descolado, ou com camisa de estampa de gibi. No mínimo 90% estava lá para ver Neil. Chegamos em Parati às 9 da manhã, e ele estava marcado para aparecer na mesa redonda de 11h45 - aquela que já tava lotada, mas que dava para assistir num telão, de graça.

Enquanto fazíamos hora para a aparição do cara, conhecíamos um pouco da cidade. Foi quando minha mãe resolveu dar mais uma dela e perguntou para um segurança qualquer que estava pela cidade se ele sabia onde estava hospedado o Sr. Gaiman. Para surpresa minha e do Patrão, que achávamos que o segurança nem saberia de quem se trata, ele respondeu que achava que ele estava numa pousada, e nos deu instruções de como chegar nela. Parecia fácil demais para ser verdade. E lá fomos nós.

Chegando lá, não era a pousada certa. Não disse que tava fácil demais para ser verdade? Mas a recepcionista nos falou onde ele realmente estava. E lá fomos nós de novo. Chegando no local certo, a nova recepcionista falou que ele estava lá sim, e que ainda nem tinha tomado café e que a gente não poderia esperar por ele lá dentro. Fácil demais pra ser verdade, ele deve sair por uma outra porta escondida ou algo assim.

Esperamos do lado de fora da pousada, de frente à porta de entrada. Alguns minutos depois, surge uma figura extremamente branca de cabelo e barba grisalhos, toda de negro, com os típicos óculos escuros e pára na porta do recinto, ligando sua câmera. Mãe nem reparou, e Patron tinha saído para comprar algo para beber, enquanto que eu estava num semi-estado de choque. Aquilo era sim, bom e fácil demais para ser verdade. E eu não sabia como reagir, só conseguindo murmurar um "Neil???" mais baixinho do que gostaria. Ele olhou direto em minha direção e sorriu e eu pude sentir meu rosto ficando totalmente ruborizado. Só consegui mostrar-lhe um de seus livros - que já estava estrategicamente em minha mão desde que chegamos na pousada - e pedir para ele assiná-lo, o que ele fez sem problema enquanto eu continuava com a reação mais boboca do mundo - do fã com medo de falar qualquer coisa com medo de "estar incomodando". Poderia ter-lhe dito exatamente as palavras com que comecei este post; ou então algumas das palavras que ilustraram parte da metade desde modesto post, mas não consegui. Fiquei apenas calada a seu lado, tentando inalar o máximo possível do mesmo ar que ele, como que buscando uma inspiração ou sei lá - enquanto ele assinava e desenhava pacientemente em minha cópia de "Coraline".

Patron saca sua câmera e tira algumas fotos para registar o momento. E então Sr. Gaiman segue seu rumo, com câmera na mão e seu andar desajeitado, caminhando por alguns minutos pela cidade, tirando algumas fotos e aproveitando seus últimos instantes como anônimo. Alguns minutos depois a gente se cruza novamente e trocamos um sorriso cúmplice, como que dizendo "É, só vocês que me reconheceram mesmo".

Acho que no fim das contas este foi o melhor elogio que poderia ter feito à ele.

- Yours truly,
Sra. T. Beresford


P.S. Então, dia 18, estréia o Filme do Ano. Todos a postos! Eu vou chorar muito - afinal, sou uma dessas pessoas "insensíveis" que não choram em dramalhões, e sim em bons filmes de herói! :D

terça-feira, julho 01, 2008



Ao som de "Tripoli", "Chaos Engine", "Shag", "Crutch", "Trainer", "Manchuria", "June", "Microtonic Wave", "Victorious D", "Offcell", "B" - PINBACK.

"A mulher sempre reclama do que faz para chamar a atenção do homem: salto alto, meia-calça, maquiagem. Mas é pior para o homem, porque não há o que fazer. Por isso construímos pontes, escalamos montanhas, exploramos territórios desconhecidos... Acham que queremos fazer isso? Ninguém quer construir uma ponte! É muito, muito difícil! Projetar foguetes, voar pelo espaço. Garanto que todo astronauta ao voltar, pergunta à namorada: "E aí? Você me viu lá em cima??"

Jerry Seinfeld em "The Pilot pt. 2", episódio 24 da 4ª temporada da série que leva seu nome.

MACHISTA, EU?!?!?!!

Depois expôr meu lado "anti-nacionalista" com o post sobre o Hot Chip, tá na hora de mostrar meu lado machista(?!?!).

O trecho acima citado, um de meus favoritos da stand up comedy de Jerry Seinfeld, meio que ilustra meu pensamento: o homem faz certas coisas espcialmente para impressionar um(a) possível parceiro(a) - incluo nesta lista a vontade de formar bandas e fazer música.

O mais divertido é que vemos que os músicos normalmente "não têm tempo para se dedicar a um relacionamento", o que acaba justificando a fama de galinhas. É algo feito sob medida aos homens, que tanto dizem morrer de medo do compromisso: ao mesmo tempo em que atraem a mulherada, mantém a distância, a aura de mistério típica de artistas. Tudo muito lindo, tudo muito mágico. Por outro lado, as mulheres pouco se lixam com isso, dando a entender que não deixarão de achar os artistas atraentes - pelo contrário, quanto mais complicado o cara for, mais elas gostam. Então...

O que foi expresso aí em cima é uma opinião generalizada e extremamente estereotipada a qual eu não concordo completamente - mas também, se eu falasse que isso não acontece estaria mentindo.

No que me diz respeito, gosto da idéia de que músicos estão lá, sim, para me entreter, instigar a imaginação - me conquistar. Tanto que não é novidade alguma me apaixonar por alguém pelo simples fato de fazer música que me toca. Talvez seja por isso que me é tão difícil gostar de artistas mulheres e tal. Não que eu seja dessas heteros radicais com medo de se sentir atraída por mulher, pelo contrário... Mas, pode parecer tão preconceituoso quanto o acima, sei lá... (e tô me lixando se parecer, não tenho obrigação nenhuma de gostar mesmo) mas a verdade é que a maioria das artistas femininas não me agrada porque 1) não gosto da voz, fazer o quê?; ou 2) acho musicalmente boboca; ou 3) acho que só tem pose e tá mais preocupada em mostrar que é bonitinha e pior, não quer admitir que esta é sua real intenção, soando hipócrita; ou 4) faz coisas de gosto duvidoso mesmo (digo isso sendo fã confessa da Madonna desde os 4 anos de idade e curto as sacanagens dela, mas tem cada uma que quer ser "mais" que ela e não dá).

So, Amy Winehouse? Legal, mas prefiro a versão que os Arctic Monkeys fizeram de uma música dela. Lily Allen?? Sério, "Oh my God" só se for com o Kaiser Chiefs. Prefiro o Muse brincando de Britney Spears em "Supermassive Black Hole" que a própria - apesar de admitir que ela tem músicas ótimas como "Toxic", que aliás prefiro a versão do Hard Fi ou mesmo do Mark Ronson à dela. E o que dizer dessas cantoras voz-e-piano tentando parecer a Carole King?... aff... E olha que as bandas citadas acima nem são clássicas ou algo do tipo - são apenas boas bandas atuais de pop/rock.

Será que tô pedindo muito em querer alguém realmente interessante para representar a mulherada no mundo pop e que não seja uma sub-alguma-coisa? Claro que tenho exceções na CDteca, nomes que sempre acabam dando as caras por aqui: mulheres que são lindas sem fazer caras e bocas e sem serem necessariamente belas; que cantam muito mesmo sem terem vozes fáceis de se gostar e/ou alcance vocal impressionante; e que não precisam levantar bandeiras para mostrar que têm conteúdo - seu trabalho tá aí pra isso - o que importa é que acreditam no que fazem, o que me faz acreditar nelas também.

Nesse quadro surge o The Ting Tings, dupla britânica formada por Jules De Martino (bateria, vocais) e Katie White (vocais, guitarra, baixo) que é divertida, despretensiosa, alegre... enfim, pop. Desde que vi o clipe de "Great DJ" pela primeira vez uns 2 ou 3 meses atrás que a música não saiu da cabeça. "We Started Nothing", o primeiro disco deles, tá no meu player desde o dia de seu lançamento. Das bandas que debutaram este ano, deve ter sido a que mais me agradou até agora. E o que eles têm demais? Aparentemente nada. Mas não tem como não se lembrar de "Hey Mickey" e ter vontade de sair imitando cheerleader ouvindo "That's not my name". Como não sorrir com o quê de Junior Senior de "Fruit Machine" e do "What's new Pussycat" de Burt Bacharach em "Traffic Light". E como não admirar o "Take me out" deliciosamente roubado do Franz em "Shut up and let me go"... e o resto do disco não deixa a bola cair: "Keep your head", "We Walk", "Be the one", e "We Started Nothing" são divertidas, fofas, grudam na cabeça como toda boa música pop o é. E a esquisita "Impacilla Carpisung" é uma de minhas favoritas, com camadas de vocais cantando algo que não faço idéia e teclados engraçados.

Katie White, a vocalista, é um bom exemplo do que quero dizer: não é feia, mas também não esfrega sua beleza na nossa cara, obrigando-nos a achá-la liiiinda com camadas e camadas de photoshop; é estilosa, mas de forma lúdica - como a música do Ting Tings; não tem a voz precisamente linda, mas tem personalidade. Prefiro ela à muita mulher por aí. Só resta torcer para que essa não seja uma impressão errônea, ou que ela se perca nos caminhos da fama, como acontece tanto por aí. Ela está se destacando exatamente por "não começar nada".


Já que estamos falando de mulher, vambora.

Nunca assisti a um episódio de Sex and the City por inteiro. Tinha a maior bronca mesmo, preconceito, porque tinha a impressão de que parecia uma série onde a imagem da mulher era bem idiota - onde a meta de vida é ter os sapatos, as roupas e o homem certo. Ok, adoro sapatos, roupas e homens e tampouco sei qual o meu papel no mundo, mas resumi-lo a isso me soava... :S

Para ficar com um "equivalente", enquanto minhas amigas achavam Sex and the City o máximo, eu era viciada em Queer as Folk. Não sei qual a opinião dos gays sobre esta série, se era honesta, se mostrava "os gays como eles são" etc. Só sei que eu conseguia me identificar mais com os personagens desta - seria eu uma mistura de Michael Novotny com Emmett Honeycut?! :D - mais que com Carries, Samanthas, Mirandas e Charlottes. Eu achava tudo tão bem desenvolvido e amarrado que eu acabava me identificando com todos os personagens da série em determinado ponto. Fora que a trilha sonora era melhor que a música-de-mulherzinha da série de Darren Star, e o sexo era hot.

Mas, resolvi deixar as implicâncias gratuitas de lado e encarar o filme. No geral, ele parece um episódio muito estendido - sem necessidade - o que acaba ficando arrastado. Mas, levando na esportiva, nem é um filme ruim. O pior, certamente, é ver que todos os estereótipos que tanto me irritam na série - e que gostaria de ver que eles não existiam, eram só coisa da minha cabeça - estão no filme. E, para um filme tirado de uma série que, dizem, "revolucionou o comportamento feminino", parece que ele faz exatamente o contrário.

Ser mulher é isso então? Achar que o mundo se divide em "dentro" e "fora" de Manhattan (pelo contrário, queria eu morar no Brooklyn e ser vizinha do James! Hahahaha)? Que é o máximo pagar trilhões por uma bolsa e o dobro por um par de sapatos? Que tem que se casar com o cara que bancar o que você quiser e ainda fazer um closet do tamanho de uma casa só pra você?

Sei lá, ainda não aprendi a ser assim. Tenho extravagâncias sim, ou ao menos eu acho que são - e não são nada comparado ao que vi no filme. E se isso é ser mulher, prefiro ser moleca, bicha nerd, adultescente ou sei lá que diabos eu sou. Melhor assim.

- Yours truly,
Sra. T. Beresford.

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