segunda-feira, agosto 25, 2003
Sobrevivi a um show do WANDO e tudo o que consegui foi fazer este post
Se fosse no Cine Íris, talvez juntasse maió galera moderninha que acharia tudo isso o máximo do cult-trash.
Mas não, foi na Casa de Portugal, um ginásio estranho daqui de Petrópolis, que costuma oferecer atrações idem. Por exemplo, sabe quem ia abrir o show da noite? Luís Camilo, um cara que não faço a menor idéia de quem seja; aliás, nem pretendo saber. Mas que tem a pinta de ser um recorrente (seria esta a palavra?) da casa. Um "famoso"(?) local.
Desde o início, tudo apontava para ser uma total furada. Quem nos deu a idéia de ir ao show simplesmente desapareceu no último momento, e mais ninguém queria participar de tamanha aventura conosco. No mesmo dia do show, eu, Lê e sua família fomos convidados para um churrasco (ótimo, por sinal), e viramos piada. Quem, em sã consciência, trocaria um churrascão e um monte de cerveja pelo Wando? "Só nóis mesmo".
Nunca tinha ido à Casa de Portugal, nem o Lê. Confesso que ficamos com medo de entrar no recinto, o espanto era estampado nas faces. Ainda bem que tinha um conhecido do boyfriend entre os seguranças que poderia nos defender caso uma horda de fãs do Wando resolvesse nos atacar entre uma música e outra, digo, entre uma risada e outra. Risada nossa, claro.
O início do show estava marcado para as 18 horas. Chegamos lá às 19 e alguma coisa, e nem sinal do eterno Obsceno, muito menos do ilustre Luís Camilo. Como o preço da cerveja lá dentro era um absurdo (R$2.00 por uma latinha??? Rárárá), fomos para o Select do posto de gasolina próximo (lata maior de Skol por R$1.80, acho), e ainda comemos uma paçocas. Voltamos às 20:30, e nada. Saímos novamente e comemos cada um dois hambúrgueres de R$0.99. Noventa e nove centavos!!! Pra não arriscar muito, pedimos os sanduíches sem maionese. Na verdade, estavam muito gostosos (tanto que repetimos) e a moça que nos serviu era muito simpática.
De repente, enquanto comíamos, vimos um carro (sedan?) grande, tipo Santana, de vidros com insul-film e motorista passar por nós. Brincamos "ó o carro do Wando aí...". E é bem provável que fosse mesmo, pois logo que terminamos o hamburger e voltamos ao ginásio, o MC da noite, Anthony Pinguim já anunciava sob os urros da platéia: "o Wando acabou de chegar
aqui...".
Voltamos ao ginásio. Ele era dividido em três partes: no centro, onde ficavam as mesas, era o lugar mais caro. Separado por várias grades, a parte "de fora", marcada pelas linhas de escanteio de futebol, era a dos meros mortais que pagaram R$8.00, incluindo aí a nós mesmos. Tinha também as arquibancadas, onde tinha algumas pessoas, mas não sei quanto pagaram e o que fizeram pra chegar lá, porque no início da noite as portas de acesso estavam todas trancadas. No público, só gente estranha. Melhor dizendo, os "estranhos" ali éramos nós, isso era óbvio. Pela primeira vez em muito tempo, fiquei com medo de ir ao banheiro sozinha, e olha que já encarei muitos banheiros estranhos, viu?
E o show começa. Fãs insandecidas esperneiam com sua chegada. Todo de negro, com óculos escuros. Passado o espanto e as recordações de que um dia ele foi "um cantor razoavelmente levado à sério", só nos restou rir muito. Lá da área "mais cara", várias mulheres com cara-de-mãe-de-família levantavam de suas mesas para ficar mais perto do ídolo. Comecei a tirar fotos deste momento inesquecível.
O pessoal do lado de cá da grade gritava: "Wando, manda tirar as grades!!!" num momento totalmente roquenrol. Parecia aquele show do Smashing Pumpkins, onde todos queriam botar as grades abaixo.
Lá pela segunda música, vimos a multidão em frente ao palco aumentar, inclusive com pessoas que estavam juntas conosco na "área pobre" do salão. Lê falou "E por que não arriscar?" e lá fomos nós, ele com minha câmera em punho, prestes a dizer ao segurança que ele era fotógrafo da Tribuna de Petrópolis. Acabou que o segurança tava distraído (ou simplesmente achou que Lê era fotógrafo, mesmo sem ele dizer) e deixou a gente passar. Que emoção!! Estávamos a palmos de distância do Wando, junto com uma pequena mas barulhenta multidão de mulheres à beira de um orgasmo coletivo.
A essa altura, Lê podia gabar-se de ser o único espécime do sexo masculino tão próximo do Rei do Brega. Apesar de muitos homens no recinto, nenhum até então ousou chegar tão perto! Claro que Wando percebeu, tanto que fez um sinal de "jóia" ao Lê, que acenou de volta. Como fiquei orgulhosa do meu macho, o Wando acenou pra ele!... :oP
No palco, uma mesa com um vaso e muitas rosas dentro, um cestinho com maçãs, além de garrafas d'água e espaço para o famoso intercâmbio de calcinhas. Começa o arremesso de rosas para a platéia, a mulherada se bate para ter o seu souvenir. A banda, limitava-se a guitarra-baixo-bateria, com exceção do set acústico, em que era Wando no violão e o acompanhamento do guitarrista.
No repertório, várias covers e músicas cujo refrão me era familiar. De repente percebi que conhecia mais músicas dele do que jamais imaginara. Ter músicas suas em trilhas de novela nos ajudou a lembrar: "ih, essa era do Roque Santeiro..." etc.
A mulherada começa a jogar calcinhas pra ele, que comenta no microfone: "nossa, essa é linda..." referindo-se a um microbiquíni branco peludinho. Eu e Lê rolamos no chão de tanto rir. Uma vez ou outra grito "lindo!!", tentando mostrar que estava levando
tudo "à sério", antes que as donas das calcinhas, em sua fúria uterina, resolvessem me linchar por estar rindo tão descaradamente do seu ídolo. Muitas vezes dançamos de rosto colado, movimento que poucas vezes fora repetido por outros, pois a grande atração era ver o próprio Wando, e não dançar. Porém, tal ato pareceu nos dar certo crédito entre as fãs, que começaram a ver que estávamos ali pra curtir também, e não apenas fazer graça da insólita situação.
O Palco nem era tão alto, mas as fãs ficavam nas pontas dos pés e mesmo assim não conseguiam encostar as pontinhas dos dedos nele. Momento mágico mesmo foi quando o Lê pendurou-se no palco, dobrando os joelhos e tirando os pés do chão, gritando junto com as senhoras-donas-de-casa. Não quero NUNCA esquecer-me desta cena, uma das Mais Engraçadas de Todos os Tempos.
Outro souvenir distribuído durante o show foram toalhinhas que ele usava pra secar o rosto, brancas com o seu logotipo. Muitas também se esbofetearam para conseguir um exemplar. No meio do set acústico, ele dedica uma música para "as mulheres que sabem cruzar e descruzar as pernas na hora certa"; "à filhinha do papai que nunca deu na vida"; "ao cara que acabou de levar um pé na bunda"; "ao cara que nunca comeu ninguém" etc. São tantas subdivisões que é capaz de todos os fãs acabarem se encaixando numa categoria.
Claro, porque se ele diz, tá dito.
A última música tinha que ser seu maior hit, "Fogo e Paixão". Nessa hora, o público ali na frente triplicou, homens, mais mulheres, e até crianças. Todos se juntaram (inclusive nós) numa massa saltitante que gritava: "Você é luz/ É raio, estrela e luar/ Manhã de sol/ Meu iáiá meu iôiô", de dar inveja a muito show de rock. Wando olhava satisfeito. Afinal, os brutos também têm seu momento de catarse. Fim de show, ele jogou mais algumas calcinhas para a platéia, mais rosas, e as maçãs. Lembrei-me no show do Cake, e pensei, se eu pude ganhar maçã do John McCrea, porque elas não poderiam ganhar uma maçã do Wando? Mesmo assim, fiquei preocupada e tratei de proteger minha cabeça para não ser acertada por uma fruta.
Já na saída, todos com cara de satisfeitos, homens, mulheres, jovens, velhos. E nós, relembrando dos melhores momentos do show, às gargalhadas.
Não foi dessa vez que vimos o show do Luís Camilo, que por razões misteriosas acabou não se apresentando. Não importa, o estrago já estava feito...
Se fosse no Cine Íris, talvez juntasse maió galera moderninha que acharia tudo isso o máximo do cult-trash.
Mas não, foi na Casa de Portugal, um ginásio estranho daqui de Petrópolis, que costuma oferecer atrações idem. Por exemplo, sabe quem ia abrir o show da noite? Luís Camilo, um cara que não faço a menor idéia de quem seja; aliás, nem pretendo saber. Mas que tem a pinta de ser um recorrente (seria esta a palavra?) da casa. Um "famoso"(?) local.
Desde o início, tudo apontava para ser uma total furada. Quem nos deu a idéia de ir ao show simplesmente desapareceu no último momento, e mais ninguém queria participar de tamanha aventura conosco. No mesmo dia do show, eu, Lê e sua família fomos convidados para um churrasco (ótimo, por sinal), e viramos piada. Quem, em sã consciência, trocaria um churrascão e um monte de cerveja pelo Wando? "Só nóis mesmo".
Nunca tinha ido à Casa de Portugal, nem o Lê. Confesso que ficamos com medo de entrar no recinto, o espanto era estampado nas faces. Ainda bem que tinha um conhecido do boyfriend entre os seguranças que poderia nos defender caso uma horda de fãs do Wando resolvesse nos atacar entre uma música e outra, digo, entre uma risada e outra. Risada nossa, claro.
O início do show estava marcado para as 18 horas. Chegamos lá às 19 e alguma coisa, e nem sinal do eterno Obsceno, muito menos do ilustre Luís Camilo. Como o preço da cerveja lá dentro era um absurdo (R$2.00 por uma latinha??? Rárárá), fomos para o Select do posto de gasolina próximo (lata maior de Skol por R$1.80, acho), e ainda comemos uma paçocas. Voltamos às 20:30, e nada. Saímos novamente e comemos cada um dois hambúrgueres de R$0.99. Noventa e nove centavos!!! Pra não arriscar muito, pedimos os sanduíches sem maionese. Na verdade, estavam muito gostosos (tanto que repetimos) e a moça que nos serviu era muito simpática.
De repente, enquanto comíamos, vimos um carro (sedan?) grande, tipo Santana, de vidros com insul-film e motorista passar por nós. Brincamos "ó o carro do Wando aí...". E é bem provável que fosse mesmo, pois logo que terminamos o hamburger e voltamos ao ginásio, o MC da noite, Anthony Pinguim já anunciava sob os urros da platéia: "o Wando acabou de chegar
aqui...".
Voltamos ao ginásio. Ele era dividido em três partes: no centro, onde ficavam as mesas, era o lugar mais caro. Separado por várias grades, a parte "de fora", marcada pelas linhas de escanteio de futebol, era a dos meros mortais que pagaram R$8.00, incluindo aí a nós mesmos. Tinha também as arquibancadas, onde tinha algumas pessoas, mas não sei quanto pagaram e o que fizeram pra chegar lá, porque no início da noite as portas de acesso estavam todas trancadas. No público, só gente estranha. Melhor dizendo, os "estranhos" ali éramos nós, isso era óbvio. Pela primeira vez em muito tempo, fiquei com medo de ir ao banheiro sozinha, e olha que já encarei muitos banheiros estranhos, viu?
E o show começa. Fãs insandecidas esperneiam com sua chegada. Todo de negro, com óculos escuros. Passado o espanto e as recordações de que um dia ele foi "um cantor razoavelmente levado à sério", só nos restou rir muito. Lá da área "mais cara", várias mulheres com cara-de-mãe-de-família levantavam de suas mesas para ficar mais perto do ídolo. Comecei a tirar fotos deste momento inesquecível.
O pessoal do lado de cá da grade gritava: "Wando, manda tirar as grades!!!" num momento totalmente roquenrol. Parecia aquele show do Smashing Pumpkins, onde todos queriam botar as grades abaixo.
Lá pela segunda música, vimos a multidão em frente ao palco aumentar, inclusive com pessoas que estavam juntas conosco na "área pobre" do salão. Lê falou "E por que não arriscar?" e lá fomos nós, ele com minha câmera em punho, prestes a dizer ao segurança que ele era fotógrafo da Tribuna de Petrópolis. Acabou que o segurança tava distraído (ou simplesmente achou que Lê era fotógrafo, mesmo sem ele dizer) e deixou a gente passar. Que emoção!! Estávamos a palmos de distância do Wando, junto com uma pequena mas barulhenta multidão de mulheres à beira de um orgasmo coletivo.
A essa altura, Lê podia gabar-se de ser o único espécime do sexo masculino tão próximo do Rei do Brega. Apesar de muitos homens no recinto, nenhum até então ousou chegar tão perto! Claro que Wando percebeu, tanto que fez um sinal de "jóia" ao Lê, que acenou de volta. Como fiquei orgulhosa do meu macho, o Wando acenou pra ele!... :oP
No palco, uma mesa com um vaso e muitas rosas dentro, um cestinho com maçãs, além de garrafas d'água e espaço para o famoso intercâmbio de calcinhas. Começa o arremesso de rosas para a platéia, a mulherada se bate para ter o seu souvenir. A banda, limitava-se a guitarra-baixo-bateria, com exceção do set acústico, em que era Wando no violão e o acompanhamento do guitarrista.
No repertório, várias covers e músicas cujo refrão me era familiar. De repente percebi que conhecia mais músicas dele do que jamais imaginara. Ter músicas suas em trilhas de novela nos ajudou a lembrar: "ih, essa era do Roque Santeiro..." etc.
A mulherada começa a jogar calcinhas pra ele, que comenta no microfone: "nossa, essa é linda..." referindo-se a um microbiquíni branco peludinho. Eu e Lê rolamos no chão de tanto rir. Uma vez ou outra grito "lindo!!", tentando mostrar que estava levando
tudo "à sério", antes que as donas das calcinhas, em sua fúria uterina, resolvessem me linchar por estar rindo tão descaradamente do seu ídolo. Muitas vezes dançamos de rosto colado, movimento que poucas vezes fora repetido por outros, pois a grande atração era ver o próprio Wando, e não dançar. Porém, tal ato pareceu nos dar certo crédito entre as fãs, que começaram a ver que estávamos ali pra curtir também, e não apenas fazer graça da insólita situação.
O Palco nem era tão alto, mas as fãs ficavam nas pontas dos pés e mesmo assim não conseguiam encostar as pontinhas dos dedos nele. Momento mágico mesmo foi quando o Lê pendurou-se no palco, dobrando os joelhos e tirando os pés do chão, gritando junto com as senhoras-donas-de-casa. Não quero NUNCA esquecer-me desta cena, uma das Mais Engraçadas de Todos os Tempos.
Outro souvenir distribuído durante o show foram toalhinhas que ele usava pra secar o rosto, brancas com o seu logotipo. Muitas também se esbofetearam para conseguir um exemplar. No meio do set acústico, ele dedica uma música para "as mulheres que sabem cruzar e descruzar as pernas na hora certa"; "à filhinha do papai que nunca deu na vida"; "ao cara que acabou de levar um pé na bunda"; "ao cara que nunca comeu ninguém" etc. São tantas subdivisões que é capaz de todos os fãs acabarem se encaixando numa categoria.
Claro, porque se ele diz, tá dito.
A última música tinha que ser seu maior hit, "Fogo e Paixão". Nessa hora, o público ali na frente triplicou, homens, mais mulheres, e até crianças. Todos se juntaram (inclusive nós) numa massa saltitante que gritava: "Você é luz/ É raio, estrela e luar/ Manhã de sol/ Meu iáiá meu iôiô", de dar inveja a muito show de rock. Wando olhava satisfeito. Afinal, os brutos também têm seu momento de catarse. Fim de show, ele jogou mais algumas calcinhas para a platéia, mais rosas, e as maçãs. Lembrei-me no show do Cake, e pensei, se eu pude ganhar maçã do John McCrea, porque elas não poderiam ganhar uma maçã do Wando? Mesmo assim, fiquei preocupada e tratei de proteger minha cabeça para não ser acertada por uma fruta.
Já na saída, todos com cara de satisfeitos, homens, mulheres, jovens, velhos. E nós, relembrando dos melhores momentos do show, às gargalhadas.
Não foi dessa vez que vimos o show do Luís Camilo, que por razões misteriosas acabou não se apresentando. Não importa, o estrago já estava feito...