sexta-feira, setembro 26, 2003
SUPERCALIFRAGILISTIC- EXPIALIDOCIOUS
(mais um episódio da Saga sobre os Filmes-Família mais marcantes)
Capítulo 2: "MARY POPPINS"
CENA 1 - No curso de Inglês, circa 1995 (eu tinha uns 15 anos de idade):
Fazemos questionários para conhecer melhor os colegas de classe. Uma delas me faz a cruel pergunta: "Se vc pudesse ser um dos seguintes personagens, qual escolheria? a) Indiana Jones; b)um qualquer que realmente não me lembro; c)Mary Poppins.
Mesmo com o eterno Indy na jogada, foi só pensar na bolsa mágica feita de tapete e acabei escolhendo a opção C sem piscar.
A professora vê a minha resposta e só comenta: "Hum... é a bolsa, né?" Sim, era a bolsa. Só me restou concordar com a cabeça, no que ela sorriu e disse: "A Bolsa é imbatível..."
Sim, era mesmo.
CENA 2 - Semana passada (me recuso dizer a idade, é só fazer a conta):
Diálogo entre namorados, enquanto fuçam o jogo que vem no DVD:
- Tá, Mari, o que faço aqui agora?
- Ah, agora vc tem que tirar o Tio Albert do teto, fazendo ele ficar triste!
- Ah, sim, claro... (ele fazendo cara de "tadinha, tá retrocedendo...")E esse aí, quem é?
- O papagaio é o cabo do guarda-chuva da Mary!
Ele começa a rir, claro.
CENA 3 - Ainda na semana passada:
Euzinha aqui passo o fim-de-semana inteiro cantarolando canções do filme, especialmente a que toca no menu do DVD, "Spoonful of Sugar".
Meu pai: "Isso é Mary Poppins, né?"
Lê responde sim com a cabeça e ri, com a mesma cara de "essas crianças...".
Até alguns anos atrás (já namorava com o Lê, até), sempre que batia um pé-de-vento mais forte aqui na cidade e me pegava desprevenida eu já comentava "Mary Poppins tá chegando...". Ela pode demorar pra aparecer por aqui, mas quando vem, é um verdadeiro evento para mim. E o porquê? Não faço a mínima idéia. Ao contrário de "Alice no País das Maravilhas", que é minha história favorita EM LIVRO, e que me levou a nutrir um grande amor por Lewis Carroll - apesar das acusações de pedofilia e uso de drogas -, eu nunca li o livro da autora P.L.Travers, de onde foi baseado
o filme sobre a Babá voadora que aparece das nuvens cinzentas londrinas. Meu negócio é a produção do Valdisnei mesmo.
Quando era pequena, não tinha essa mania que tenho agora de contar quantas vezes eu já vi um filme. Desde que comecei a contar, o vencedor tem sido "The Wonders", que vi umas 11 vezes (acho que nem o próprio Tom Hanks o viu tanto). Mas acredito que o "all-time winner" do filme que mais vi na vida deve ter sido Mary Poppins mesmo.
O mais engraçado é que foi um dos poucos filmes que adorava, mas nunca gravei pra mim. Todas as vezes em que eu queria vê-lo, fazia questão de pegá-lo na locadora, e LEGENDADO (claro, porque desde que aprendi a ler que eu ODEIO filmes dublados).
E, se não me engano, assistia umas 3 vezes num espaço de 24 horas, porque tinha que devolver no dia seguinte. Por alto, então, devo ter visto no mínino umas 15 vezes. Nossa! A última vez que tinha visto fora há uns 2 anos atrás, quando o Disney Channel tava gratuito por um período experimental na DirecTV, e peguei o filme já pela metade. E quem disse que eu conseguia mudar de canal?
Quando vc é criança, tem essa mania de ver filmes over and over and over again. E eles nem precisam ser, necessariamente, bons. Então, o grande desafio para mim ao comprar o DVD do filme, seria averiguar se ele seria capaz de me deixar feliz como antes fazia.
Enfim, fazer com que eu voltasse a ser criança.
E ele consegue. Totalmente filmado em estúdio, uma Londres propositalmente fake com o seu cinza que nunca teria sido tão encantador, ele pode até ser uma grande bobagem. Mas que bobagem bem produzida e conduzida! O filme continua fofinho, engraçado, e o melhor é que hoje acho graça de outros detalhes que não pegava quando era criança, então não ficou um filme "perdido" nessa mudança de infância à idade adulta. Mas continua levinho, deixando o espectador de bem com a vida. E é um filme relativamente grandinho: 139 minutos, que continuei sem perceber que passaram. Mas tudo bem, sou suspeita pra falar...
Não é um filme tão "doidão" quanto outros do gênero infantil, mas tem babás voadoras, hora-do-chá no teto, gargalhadas que nos fazem flutuar, interação com pingüins dançarinos de desenho animado, corrida com cavalos de carrossel (essa é tudo), passeios em campos desenhados com giz de cera na calçada... e tudo embalado por músicas bonitinhas, algumas até com moral! :oP
Uma das melhores coisas são os efeitos especiais. Combinam stop-motion, com cartoon, com técnica de cabos e inversão de perspectiva de cenário (nas cenas de "flutuações"), além dos famosos animais animatrônicos (também propositalmente fakes, mas lindinhos).
No DVD, ficam mais claros os contornos do chroma key (que não era esse nome que era utilizado na época, acho), pq a imagem tá realmente impecável, mas no VHS original, eram praticamente invisíveis! Analisando agora, dá pra perceber que cada ceninha do filme perece ter sido uma verdadeira lenha pra ser filmada. Podem dizer o que quiser, mas Valdisney realmente dominava nessa área, tanto que até Hitchcock em "Os Pássaros" apelou pra Disney para utilizar seus preciosos efeitos especiais.
E tem Julie Andrews, em seu primeiro papel no cinema! Ela, que dublou Audrey Hepburn nas canções de "My Fair Lady" (e não recebeu crédito algum por isso) e que no ano seguinte faria o papel de outra babá, ironicamente chamada Maria em "A Noviça Rebelde", e concorreria ao Oscar novamente e tal. Julie é uma fofa e não se fala mais nisso.
Então, mesmo romanceando a Londres pobrinha do início do século passado (como se todos os limpadores de chaminés fossem felizes e cantantes...), assim como a riquinha (onde já se viu "re-contratar" um banqueiro que mata o presidente do banco de... rir ?!?!), continua sendo um filme super-bacana (a expressão infantilóide aqui é proposital, aliás), e que continua me deixando com
vontade de assistí-lo mais vezes. Odeio dizer isso, mas é, pra mim, um clássico.
(mais um episódio da Saga sobre os Filmes-Família mais marcantes)
Capítulo 2: "MARY POPPINS"
CENA 1 - No curso de Inglês, circa 1995 (eu tinha uns 15 anos de idade):
Fazemos questionários para conhecer melhor os colegas de classe. Uma delas me faz a cruel pergunta: "Se vc pudesse ser um dos seguintes personagens, qual escolheria? a) Indiana Jones; b)um qualquer que realmente não me lembro; c)Mary Poppins.
Mesmo com o eterno Indy na jogada, foi só pensar na bolsa mágica feita de tapete e acabei escolhendo a opção C sem piscar.
A professora vê a minha resposta e só comenta: "Hum... é a bolsa, né?" Sim, era a bolsa. Só me restou concordar com a cabeça, no que ela sorriu e disse: "A Bolsa é imbatível..."
Sim, era mesmo.
CENA 2 - Semana passada (me recuso dizer a idade, é só fazer a conta):
Diálogo entre namorados, enquanto fuçam o jogo que vem no DVD:
- Tá, Mari, o que faço aqui agora?
- Ah, agora vc tem que tirar o Tio Albert do teto, fazendo ele ficar triste!
- Ah, sim, claro... (ele fazendo cara de "tadinha, tá retrocedendo...")E esse aí, quem é?
- O papagaio é o cabo do guarda-chuva da Mary!
Ele começa a rir, claro.
CENA 3 - Ainda na semana passada:
Euzinha aqui passo o fim-de-semana inteiro cantarolando canções do filme, especialmente a que toca no menu do DVD, "Spoonful of Sugar".
Meu pai: "Isso é Mary Poppins, né?"
Lê responde sim com a cabeça e ri, com a mesma cara de "essas crianças...".
Até alguns anos atrás (já namorava com o Lê, até), sempre que batia um pé-de-vento mais forte aqui na cidade e me pegava desprevenida eu já comentava "Mary Poppins tá chegando...". Ela pode demorar pra aparecer por aqui, mas quando vem, é um verdadeiro evento para mim. E o porquê? Não faço a mínima idéia. Ao contrário de "Alice no País das Maravilhas", que é minha história favorita EM LIVRO, e que me levou a nutrir um grande amor por Lewis Carroll - apesar das acusações de pedofilia e uso de drogas -, eu nunca li o livro da autora P.L.Travers, de onde foi baseado
o filme sobre a Babá voadora que aparece das nuvens cinzentas londrinas. Meu negócio é a produção do Valdisnei mesmo.
Quando era pequena, não tinha essa mania que tenho agora de contar quantas vezes eu já vi um filme. Desde que comecei a contar, o vencedor tem sido "The Wonders", que vi umas 11 vezes (acho que nem o próprio Tom Hanks o viu tanto). Mas acredito que o "all-time winner" do filme que mais vi na vida deve ter sido Mary Poppins mesmo.
O mais engraçado é que foi um dos poucos filmes que adorava, mas nunca gravei pra mim. Todas as vezes em que eu queria vê-lo, fazia questão de pegá-lo na locadora, e LEGENDADO (claro, porque desde que aprendi a ler que eu ODEIO filmes dublados).
E, se não me engano, assistia umas 3 vezes num espaço de 24 horas, porque tinha que devolver no dia seguinte. Por alto, então, devo ter visto no mínino umas 15 vezes. Nossa! A última vez que tinha visto fora há uns 2 anos atrás, quando o Disney Channel tava gratuito por um período experimental na DirecTV, e peguei o filme já pela metade. E quem disse que eu conseguia mudar de canal?
Quando vc é criança, tem essa mania de ver filmes over and over and over again. E eles nem precisam ser, necessariamente, bons. Então, o grande desafio para mim ao comprar o DVD do filme, seria averiguar se ele seria capaz de me deixar feliz como antes fazia.
Enfim, fazer com que eu voltasse a ser criança.
E ele consegue. Totalmente filmado em estúdio, uma Londres propositalmente fake com o seu cinza que nunca teria sido tão encantador, ele pode até ser uma grande bobagem. Mas que bobagem bem produzida e conduzida! O filme continua fofinho, engraçado, e o melhor é que hoje acho graça de outros detalhes que não pegava quando era criança, então não ficou um filme "perdido" nessa mudança de infância à idade adulta. Mas continua levinho, deixando o espectador de bem com a vida. E é um filme relativamente grandinho: 139 minutos, que continuei sem perceber que passaram. Mas tudo bem, sou suspeita pra falar...
Não é um filme tão "doidão" quanto outros do gênero infantil, mas tem babás voadoras, hora-do-chá no teto, gargalhadas que nos fazem flutuar, interação com pingüins dançarinos de desenho animado, corrida com cavalos de carrossel (essa é tudo), passeios em campos desenhados com giz de cera na calçada... e tudo embalado por músicas bonitinhas, algumas até com moral! :oP
Uma das melhores coisas são os efeitos especiais. Combinam stop-motion, com cartoon, com técnica de cabos e inversão de perspectiva de cenário (nas cenas de "flutuações"), além dos famosos animais animatrônicos (também propositalmente fakes, mas lindinhos).
No DVD, ficam mais claros os contornos do chroma key (que não era esse nome que era utilizado na época, acho), pq a imagem tá realmente impecável, mas no VHS original, eram praticamente invisíveis! Analisando agora, dá pra perceber que cada ceninha do filme perece ter sido uma verdadeira lenha pra ser filmada. Podem dizer o que quiser, mas Valdisney realmente dominava nessa área, tanto que até Hitchcock em "Os Pássaros" apelou pra Disney para utilizar seus preciosos efeitos especiais.
E tem Julie Andrews, em seu primeiro papel no cinema! Ela, que dublou Audrey Hepburn nas canções de "My Fair Lady" (e não recebeu crédito algum por isso) e que no ano seguinte faria o papel de outra babá, ironicamente chamada Maria em "A Noviça Rebelde", e concorreria ao Oscar novamente e tal. Julie é uma fofa e não se fala mais nisso.
Então, mesmo romanceando a Londres pobrinha do início do século passado (como se todos os limpadores de chaminés fossem felizes e cantantes...), assim como a riquinha (onde já se viu "re-contratar" um banqueiro que mata o presidente do banco de... rir ?!?!), continua sendo um filme super-bacana (a expressão infantilóide aqui é proposital, aliás), e que continua me deixando com
vontade de assistí-lo mais vezes. Odeio dizer isso, mas é, pra mim, um clássico.