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sábado, outubro 18, 2003

"AMIGOS DA REDE BOBO..."
ou "É uma partida de Futebol"
ou "É um post sobre Futebol. Acredite."

Que sou fã do escritor Nick Hornby, alguns já sabem. Ou devem no mínimo desconfiar.
Acho um de meus sonhos seria ter o seu talento para escrever sobre as pessoas e suas manias, gostos e a paixão que têm (e às vezes sem se dar conta) para defendê-los quando necessário. Exemplo disso são os foras homéricos que um vendedor da loja de discos de Rob Fleming (o Barry) dava nos clientes com gosto musical considerado por ele (e, confesso, por mim) "inferior à qualidade da loja" no já clááássico livro/filme/instituição pop "Alta Fidelidade".
Mas não vou falar desse livro não, porque senão fico aqui filosofando e nunca que termino o post.
Minha grande surpresa ontem de manhã (mais precisamente às 7:40, se não me engano) foi conseguir driblar o sono para ver o filme baseado no seu livro "Febre de Bola", com roteiro do próprio Hornby e , melhor ainda, com o brit-fofo Colin Firth como o protagonista Paul, um professor de escola pública largadão e fanático pelo Arsenal (um time britânico, digo para quem, como eu, não sabe lhufas de futebol, muito menos internacional).
Do meu lado, com exceção dos jogos de mesa inspirados pelo futebol, como o de botão e o meu querido Totó (cujos calos continuo mantendo em minhas mãos até o próximo jogo), nunca tive lá essas coisas pelo esporte. Aliás, por esporte algum.
Então, quando saiu aqui no Brasil o livro do Nick, fiquei um pouco com o pé atrás, mesmo considerando Alta Fidelidade uma das melhores coisas que tinha lido na vida. Mas fiquei desconfiada não menosprezando o futebol mas a mim mesma, pois estava certa de que não conseguiria entender do que ele estava falando, porque não é uma paixão que eu compartilhe com ele. Tipo, mesmo que o gosto por música fosse diferente, saberia como é a sensação que invade quando se ouve inesperadamente uma música que você adore, logo naquele momento especial. Mas, como é a emoção do Futebol? Eu não sei, nunca tive um time na vida. Já tentei comparar à torcer por uma Escola de Samba, mas, mesmo tendo uma Escola para torcer, confesso que não ligo pra Carnaval. Então...
Então eu nunca li o livro. Aliás, o que mais me chamou a atenção foi estar na eminência de unir o útil ao agradável: mesmo que o filme não fosse lá essas coisas, seria uma oportunidade de ver o Mark Darcy fazendo algo um pouco mais interessante que aquele filme que ele participou para pagar o aluguel (sim, falo do "O que uma Garota quer", acho que é esse o nome).
É a história de amor entre um homem e o seu time de Futebol, os supracitados Paul e Arsenal. Que torna-se um problema quando Paul inicia um relacionamento com uma professora que ignora a existência do esporte, e que questiona que amor é esse que faz com que ele abdique de todo o resto de sua vida, sua família, seu trabalho, e seus relacionamentos. O mais legal é que, como sempre, são colocadas coisas importantes para que pensemos a respeito, mas com humor de forma a não ficarmos arrasadões. Afinal, sempre há a esperança de que iremos tomar consciência das coisas nem tão importantes assim (sem menosprezar novamente o futebol, pelamordedeus!) que acabam (pelos mais variados motivos) tornando-se prioridades absolutas e que, coincidência ou não, ficam sempre em aberto, para que nunca fiquemos em paz com nós mesmos.
Mas o grande problema de Paul era que o Arsenal não era campeão há 16 anos (ou há 18, como foi discutido no filme). Sabe como são aquelas coisas que desejamos a vida inteira e que, quando o desejo finalmente se realiza perde-se toda a graça, então preferimos desejá-lo a realmente realizá-lo? Mas é um desejo que consome, arrasador, pela vida toda. E nunca que se renova, nem se resolve. E nunca andamos pra frente.
Sem revelar o final do filme, mas confesso que nunca imaginei que um filme sobre futebol seria tão profundo!
E tem momentos engraçadíssimos também, como quando Paul, ao saber que a namorada está grávida, resolve que eles devem morar juntos. De preferência, num apartamento ao lado da sede do Arsenal! No que ela responde algo do tipo "Deus, um garoto de 12 anos me engravidou!" O humor de Hornby é sutil, mas incrível.
Me perdoe os machões do futebol, mas o filme é uma graça. Mais uma vez Hornby consegue te envolver com a paixão de seus personagens (e dele mesmo) de forma que no final até eu fiquei com vontade de começar a acompanhar aos jogos.
Enfim, um filme simples mas agradabilíssimo e inteligente. Recomendado para os fãs de futebol. Ou não.


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