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quinta-feira, outubro 09, 2003

"Menos Pão! Mais Impostos!"
ou "The Pain Chronicles"

Tempo que não escrevo aqui, né? Pois tenho uma boa desculpa, sabe?...

As coisas são engraçadas. Acredito em Timing, Sincronicidade (uma colega fã de C.G.Jung é que adora usar este termo, como não sei muito dos conceitos dele coloco aqui, mas no escuro), Destino, como quiser que seja chamado. Tanto que deixo que ele decida por mim até na hora de (não) correr atrás do ônibus:
"Se É pra eu pegar este ônibus agora, ele vai esperar eu chegar no ponto sem precisar correr. Senão, é porque não era pra ser", penso algumas vezes, exceto quando estou REALMENTE muito atrasada, ou é um caso de vida ou morte.
Podem achar que é mais prático deixar assim, "passando a culpa adiante", mas eu gosto de um pensamento mágico de vez em quando.

É legal acreditar no destino, ainda mais vivendo num mundo cada vez mais dito "racional".
Pois sim. Sábado tava um dia ótimo, eu e Lê tínhamos duas festas de aniversário para ir, de duas pessoas muito queridas.
Na primeira, encontramos pessoas que nunca imaginaríamos rever, e foi legal etc. Na segunda, um pessoal mais de casa, a bagunça de sempre. Quando se repente, dou um pulo de alegria, coisa inocente. Ao pousar no chão, sinto que algo na perna "saiu do lugar"
e perco a força na perna direita e vou direto pro chão, e não consigo mais esticá-la por conta própria. Passo a mão por cima da saia longa que usava e sinto um calombo imenso ao lado do joelho. Hum, já era.
Não era nada tão grave, não. Só que eu nunca tinha conseguido tirar a minha rótula do lugar antes, e a dor era infernal. O pior era ver o nervosismo de todos os que estavam na festa, principalmente do namorado, e que não entendiam o que estava acontecendo e querendo ajudar, mas sem saber exatamante como. Eles corriam, ligando para hospital, para minha mãe, enquanto eu estava caída no chão, em dores. A cena deve ter sido terrível, mas eu só conseguia ver pés e o rosto do Lê, cada vez mais preocupado.
Depois de quase uma hora esperando a ambulância, a dor já nem era mais o problema (como tudo o que envolve dor, na hora é um horror, mas depois que passa você até ousa dizer que está pronto pra próxima), e sim a preocupação, "como diabos eu vou aguentar chegar
no hospital?", ou "como diabos esse osso vai voltar ao lugar?" e outras perguntas idiotas que passam pela sua cabeça.
Estou imobilizada desde então. Antes, nem conseguia sair da cama direito, por causa das bandagens, que ainda me deixaram com uma alergia horrenda. Agora, munida de um simples imobilizador do alto da coxa até o tornozelo e uma muleta, as coisas estão um pouco mais fáceis. Mas só um pouco.
E então você pensa. Até mesmo porque, ficando praticamente 24 horas por dia na cama, o que você mais faz é pensar. Não estava bêbada, nem fazendo nada de prejudicial a mim ou a terceiros, e mesmo assim acabei passando por tremendos pepinos, que talvez outras pessoas que consideraria "merecedoras de tanto" nunca passarão. E isso é de uma tremenda petulância, mas na hora da raiva pensamos (muita) besteira mesmo. "Tá bom, não desejo o mal a ninguém, por isso também não o quero pra mim", também pensamos com frequência. E podia ter sido pior também... Enfim, os clichês que todo mundo conhece. É impossível não ficar nem um pouco revoltado, por mais bobagem que seja. Porque é péssimo você passar, por exemplo, a vida inteira não aceitado o seu corpo como ele é, vivendo de dietas que de nada resolveram, até que um dia você aceita que você é assim e ponto final. Mas então acontece algo que te imobiliza e que faz com que você engorde quase 10kg num mês (isso já aconteceu comigo, não desta vez, e estou fazendo o possível para que isso não aconteça de novo) e que você tenha que se reestruturar de novo.
É uma bobagem, repito. Mas é um saco.

Ainda acreditando que nada vem por acaso, e que é sempre bom estarmos nos reestruturando (porque não devemos nunca ficar "parados" - hahaha, irônico), você pensa "Por que isso?" e "Por que agora?". Fora quando você se sente culpada por ficar revoltada assim.
Então, seguindo os conselhos da Dona Morte
(a do Neil fofo Gaiman, e não a do Maurício de Souza) vejo que se não tivéssemos dias ruins, não haveria parâmetro para comparar aos dias bons, e tudo então seria insosso e desagradavelmente estável. E, enquanto não entro na terapia, aproveito este espaço para reclamar da vida, que no fim das contas, é boa. É até bom tirar umas fériazinhas, passando
o dia vendo "Beverly Hills 90210", "3rd rock from the Sun", "Simpsons", "Smallville", "Chocolate com Pimenta" e comédias de
correria dos anos '60, além de ler graphic novels que meu querido Lê traz para mim. Estou fazendo o dever de casa direitinho: nesse tempo já li 3 mini-séries do Neil: "Os Livros da Magia", "Orquídea Negra", e "Morte - O grande momento da vida".
Todas altamente recomendáveis.
O problema agora é imaginar um meio de ir para a aula semana que vem com a perna "dura", hehehe. Mais um pouco e fico reprovada!...

E como não sei quando voltarei aqui...

MÚSICA DO DIA:
- "You were the Last High", The Dandy Warhols: Se o Rentals (do meu ex-querido-weezerette
Matt Sharp) ainda existisse e fosse esperto, estaria fazendo algo assim. Aliás, o CD inteiro do D.W. ("Welcome to the Monkey
House") tem um clima oitentista à la Rentals lá no fundo. Ainda não ouvi direito, mas gostei do que ouvi.

HAPPY BIRTHDAY TO MY LOOOOVE....



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