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segunda-feira, novembro 03, 2003

SUNSHINE SUPERMAN
(aliás, nome de uma música muito boa...)
ou "O Longo e emocionado post sobre (ai, ai) Superman"

Existem certos filmes que nos cativam e não sabemos exatamente o porquê. Quer dizer, o filme é tão bom independente do roteiro, efeitos ou elenco serem bons ou ruins, e gostamos deles exatamente por isso, porque o conjunto funciona que é uma beleza. São filmes com vida mesmo após o fim de sua exibição, que nos deixam de certa forma alterados para sempre (ou ao menos por um bom tempo) . Filmes que podem mudar nossas vidas, mas sem necessariamente ser um filme de alto teor filosófico; são os que trazem consigo o real motivo do cinema, mas não são pretensiosos de jogar isso na cara. São filmes que não nos
tratam como trouxa e mesmo assim mostram que podemos fantasiar como uma criança; ou que te dão uma bofetada para acordar para a vida, mas sem usar de polêmicas gratuitas. Trainspotting. Amélie Poulain. Ed Wood. Magnólia. Os Excêntricos Tenenbaums. Hitchcock. Frank Capra. Baz Lurhmann. Terror trash fora do cinema-corporação. Indiana Jones. Almodóvar. Cidadão Kane. Definitivamente, grandes ou pequenos, mas filmes de muita personalidade. Filmes com um quê a mais. Gosto de dizer que são filmes feitos com amor.

Superman, o Filme também está na lista, e a edição em DVD deixa isso bem claro. Quem não liga pra gibi provavelmente ficaria impressionado com tamanha dedicação, mas vemos que ela não foi em vão - tanto que a maior preocupação de qualquer filme inspirado num personagem de quadrinhos desde então é ser tão bom e fiel como ele.

Aqui em casa é famosa a história de quando meu pai e meu irmão foram ao cinema ver "Superman". Na primeira vez em que Clark Kent usa sua cueca vermelha por cima do legging azul e voa, o cinema simplesmente veio abaixo, inclusive meu pai, enquanto meu irmão permanecia estático, horrorizado com aquele micão coletivo. Eu, que nem era nascida na época, hoje em dia confesso que fico com invejinha... se fosse eu no cinema, teria me divertido à balde. Será?

Contrariando todas as leis do universo dos blockbusters, o filme demora quase uma hora para ter um grande momento de ação, onde o herói faz sua primeira supracitada aparição. Até ali, o filme conta sua origem, sua criação em Smallville, sua entrada para o staff do Planeta Diário, seu relacionamento com os novos colegas de trabalho Lois Lane e Jimmy Olsen... Hoje em dia, que público ficaria no cinema vendo um filme considerado de ação e aventura sem vê-las até a metade da projeção?? Realmente, os tempos são outros.

Mas como disse antes, é um filme feito com amor, e é isso que nos envolve. Os documentários da caixa de DVD são de deixar qualquer um sensibilizado, porque a impressão que temos é que TODOS os envolvidos estavam simplesmente apaixonados pelo projeto, independente das dificuldades, da pressão dos produtores, dos prazos e gastos extrapolados. As declarações do diretor Richard Donner e do consultor criativo Tom Mankiewicz são de deixar a gente apaixonada por ambos, tamanho o respeito e cuidado eles têm pelo personagem, e como conseguiram transpassá-los para o filme.

Resultado : tudo nele é perfeito, e incrivelmente atemporal - dou maior destaque ao figurino, que eu amo, com um pé nos anos 50 e na caracterização cartunística, mas que não fica caricata!! Como é que pode?! E ainda temos os excelentes efeitos especiais
pré-era computadorizada. No documentário também tem uma rápida aula sobre os efeitos usados no filme, apresentados por um cara que é simpaticíssimo cujo nome não lembro agora (seria o diretor de fotografia?), e que é muito interessante. E a música epopéica de John Williams, um ícone pop por si só, tão apropriada ao filme que no DVD tem a opção de ver o filme apenas com a trilha sonora tocando, além da própria opção de trilha sonora, em que se tem o track list e é só escolher a música que quer ouvir.

Ah, e o elenco... com exceção de um mal-encarado Marlon Brando como papai Jor-El, é todo maravilhoso. Até Gene Hackman(de quem virei fã por causa desse filme, claro), conhecido por ser um ator difícil, ao menos passa a impressão de que está se divertindo como Lex Luthor e suas ótimas tiradas. Aliás, voltando ao figurino, me apaixonei por Hackman quando era pequena ao conhecer um vilão tão estiloso em suas maldades como em suas roupas extravagantes porém irresistíveis - tirando a imagem de um Lex feiosão como o do gibi - atualmente vemos isso no Michael Rosenbaum de Smallville, cheio de classe também. E Lex usando lencinho no pescoço com roupa de presidiário em Superman II é o máximo...

E Chris Reeve. Se hoje sou internacionalmente conhecida por achar o conjunto homem-de-terno-e-óculos muito fofo, podem culpá-lo (dividam a culpa com o Indiana Jones, que quando não estava de jaqueta de couro e chicote, ostentava um terno marrom com gravata borboleta que era tudibom). E as suas covinhas quando sorri... Mais interessante ainda é que no documentário, Reeve conta que para fazer o seu Clark com jeito goofy (mas não muito) ele se inspirou em... quem quem quem?... Cary Grant. Grande escolha, Superman!!
Para fechar, Margot Kidder é perfeita como Lois Lane. Como toda "mulher moderna", com voz ativa até demais (chega a ser insolente, propositalmente, claro), mas que ainda se derrete toda pelo herói de Krypton. Momento mágico no filme, claro, é quando Kal-El move mundos-e-fundos (literalmente) para salvar sua amada da morte certa. Não é à toa que até Matrix faz referência a ele no Reloaded. É o amor... :O)

Infelizmente, as duas sequências não são tão bem sucedidas como a "matriz". Dirigidas por Richard Lester (que criou o videoclip com "A Hard Day's Night", dos Beatles, e os dirigiu também em "Help!") são mais embasadas na comédia (principalmente Superman III, que tem uma abertura insana tipo Os Três Patetas, ou mesmo Chaves!). Mas, antes que você se pergunte onde o inventor da estética MTV tava com a cabeça, esclarecemos que fatores externos interviram. Os produtores despediram Richard Donner aparentemente sem quê nem porquê e colocaram Lester (que era assistente do diretor) em seu lugar. Claro que todos, inclusive atores, boicotaram Lester a ponto de nem aparecerem no estúdio para filmar. Superman II, que fora filmado juntamente com o primeiro, é mais uma colagem feita por Lester das partes que já tinham sido filmadas por Donner. E Superman III é estraaaanho, um exemplo de como produtores podem bichar um filme e iniciar a queda do que poderia ser uma série genial em todos os episódios.

Mas as sequências também têm seus méritos. Os vilões kryptonianos-com-botas-do-Kiss do segundo filme são muito legais, adoro quando eles chegam à Terra tocando o terror. E tem o Super abdicando seu poder e levando sopapos numa típica briga de bar. Coitadinho...
No terceiro filme tem umas piadinhas engraçadinhas relacionadas ao "Evil Clark" (quando é afetado por uma kryptonita gaiata), como apagar a Tocha Olímpica com o super sopro ou "desentortar" a Torre de Pisa. Mas ainda é um filme estranho, muito estranho.

Ainda assim, é o de menos. Como disse antes, só o primeiro filme e os documentários já valem a caixa inteira. E o segundo filme também é um clássico da sessão da tarde. O que importa é que conseguimos acreditar que o homem pode voar.
É o amor... :o)

Então, concluimos:
- Superman, o Filme: nota 9.5 (sendo imparcial, mas sendo parcialíssima eu dou 10, nota 10!)
- Superman II - A Aventura Continua: nota 8.5 (até pensei em dar menos porque tem umas gaiatices...)
- Superman III, o filme estranho: nota 6.5 (com boa vontade, mas com MUITA boa vontade mesmo!)
- Superman IV: não faz parte da caixa nacional, mas lembro que quando vi (tinha uns 6, 7 anos) eu dormi no meio do filme. E as partes que vi achei horríveis. Só pra constar, chuto uma nota 4.0. Com boa vontade...






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