quarta-feira, março 17, 2004
LOSING MY RELIGION
O que leva uma pessoa (ou melhor, duas) a ficar tocando na casa de desconhecidos às nove da manhã de um feriado? Eu realmente não sei e nem quero saber. Porque quem vai importunar alguém que nem conhece, numa manhã de feriado (fosse cedo ou tarde, principalmente num feriado a pessoa tem o direito de sair da cama na hora que quiser), não merece minha simpatia.
Essa aconteceu com mamãe wonderfool, hoje de manhã - aqui em Petró é feriado, Dia da Fundação da Cidade, pra quem não sabe.
Tocam a campainha algumas vezes, os cães fazem um estardalhaço, e é impossível não acordar, mesmo tendo ido dormir tarde na noite anterior. Minha mãe comenta, com má vontade, após atender o interfone: "Fulana e Sicrana estão aí, querem me fazer um convite! Será que Fulana é aquela vizinha??" Eu nem as conhecia pelo nome, na verdade, mal sei o nome dos vizinhos que moram ao meu lado. Mas isso é uma outra história.
Ainda de camisola, mamãe põe o hobby (ou o chambre, ou sei lá o nome) e vai ao portão, mesmo porque os cães ainda estavam fazendo o barulho ensurdecedor que lhes é peculiar, e alguém tinha que calar-lhes a boca. Ao menos servem pra assustar os que não são bem-vindos ou os desavisados... :oP
E não é que quando minha mãe chega no portão, encontra duas mulheres que nunca tinha visto antes, com o discurso tão natural como o de um operador de telemarketing: "Nós somos da Igreja jfgighiohp e trouxemos um texto para discutir com a senhora...".
Educadamente, minha mãe disse que não estava interessada, e que não poderia abrir o portão por causa dos cachorros, inclusive mostrou a baita dentada que levou no braço, ao tentar apartar uma briga, além de dizer que estava ocupada - de fato estava, vendo um filme de suspense no Telecine Classic (onde não tem intervalos durante os filmes), e que devido à intervenção das senhoritas ela quase perde o final da história.
Que todos os fiés do mundo e de todas as religiões me perdoem, mas esse tipo de doutrinação me irrita profundamente. Acho uma falta de respeito com um, bem, "irmão": querer invadir a vida alheia, empurrar as suas crenças individuais goela abaixo de outros que nem sempre concordarão contigo. Ainda mais quando o papo é religião, que dizem, assim como futebol, cerveja e novela, não se discute.
Ainda assim, se quer espalhar a palavra do Senhor (que é aberta a trilhões de interpretações, Mel Gibson que o diga), que tal espalhar pra pessoas que demonstram maior necessidade em tê-la? Eu nunca vi desses fiéis tentando doutrinar uma pessoa de rua, ou um desses bêbados que rondam a cidade - gente que claramente precisa de ajuda - e o que é a religião senão uma tentativa de achar um sentido para a vida, de tentar explicar porque diabos estamos aqui e o que devemos fazer? Essa coisa de "selecionar" o público a ser doutrinado só aumenta minha antipatia, parece porta
de club: se tiver os requisitos da casa, entra sem problemas. Mas igreja (ou templo, ou o que seja) não é club, e não tem lista de convidados VIP na porta do Céu.
Tá bom, tem muita gente que não precisa estar na rua para precisar de ajuda nesse quesito, na busca de um sentido, na busca da fé. Então entramos em outra categoria: cada pessoa tem o direito de buscar a religião que lhe faça mais sentido. Buscar a sua religião, e não aceitar a primeira coisa que aparece pela frente, mesmo que não concorde com ela; nem mesmo ser obrigado a aceitar a religião de outros por medo de represálias (por parte de família, principalmente).
Sendo ainda mais crítica, não confio em nada que tenha discurso decorado. Ainda mais nesse assunto. Não dá mesmo, me desculpem. Também não dá mais pra acreditar em coisas como, por exemplo, que ao morrermos iremos todos para o Limbo e lá ficaremos "esperando o Dia do Juízo Final". Deus me perdoe (de verdade), mas isso já virou até piada entre eu e minha dentista, em momentos humorísticos entre o apertar de meus dentes: imagine só, seria a maior sala de espera do mundo! porque já tem por lá milhões de anos de falecidos na história da humanidade, e que continuam esperando... E imagina se resolvem tocar aquelas músicas horrorosas de sala de espera de consultório?? Já pensou se toca Jorge Vercilo??? Isso não seria mais o limbo, seria o Inferno mesmo.
E já que estou aqui pra malhar mesmo, outra coisa que acho um absurdo é esse "orgulho" (?) que certas pessoas têm em demonstrar sua escolha religiosa para Deus e mundo (desculpem, não resisti). Esses adesivos e camisas "100% Jesus" e congêneres são inadmissíveis! É transformar Ele em merchandise (Mel Gibson que o diga, mais uma vez), além de violar o Segundo Mandamento (sim, fui criada em colégios católico e espírita, fiz Primeira Comunhão e ao menos os Mandamentos e os 7 Pecados Capitais eu sei, ao menos): "Não usar o Seu santo nome em vão". E usá-lo em camisetas é usar, sim, Seu santo nome em vão...
No geral, agora que já descarreguei minha raiva, posso dizer: não tenho horror por qualquer pessoa de qualquer religião; só não gosto (e acho que tenho razão, sorry) quando resolvem se intrometer nas escolhas dos outros, sem serem convidados. Pra mim, religião é antes de mais nada ter respeito pelo próximo, independente de quem seja e de suas escolhas.
Mas minha mãe conseguiu ver o final do filme. Na verdade, se não fosse pelo filme, mamãe seria capaz de aproveitar a oportunidade e virar propositalmente o jogo e doutrinar as mocinhas em sua religião. Isso seria engraçado... :oP
O que leva uma pessoa (ou melhor, duas) a ficar tocando na casa de desconhecidos às nove da manhã de um feriado? Eu realmente não sei e nem quero saber. Porque quem vai importunar alguém que nem conhece, numa manhã de feriado (fosse cedo ou tarde, principalmente num feriado a pessoa tem o direito de sair da cama na hora que quiser), não merece minha simpatia.
Essa aconteceu com mamãe wonderfool, hoje de manhã - aqui em Petró é feriado, Dia da Fundação da Cidade, pra quem não sabe.
Tocam a campainha algumas vezes, os cães fazem um estardalhaço, e é impossível não acordar, mesmo tendo ido dormir tarde na noite anterior. Minha mãe comenta, com má vontade, após atender o interfone: "Fulana e Sicrana estão aí, querem me fazer um convite! Será que Fulana é aquela vizinha??" Eu nem as conhecia pelo nome, na verdade, mal sei o nome dos vizinhos que moram ao meu lado. Mas isso é uma outra história.
Ainda de camisola, mamãe põe o hobby (ou o chambre, ou sei lá o nome) e vai ao portão, mesmo porque os cães ainda estavam fazendo o barulho ensurdecedor que lhes é peculiar, e alguém tinha que calar-lhes a boca. Ao menos servem pra assustar os que não são bem-vindos ou os desavisados... :oP
E não é que quando minha mãe chega no portão, encontra duas mulheres que nunca tinha visto antes, com o discurso tão natural como o de um operador de telemarketing: "Nós somos da Igreja jfgighiohp e trouxemos um texto para discutir com a senhora...".
Educadamente, minha mãe disse que não estava interessada, e que não poderia abrir o portão por causa dos cachorros, inclusive mostrou a baita dentada que levou no braço, ao tentar apartar uma briga, além de dizer que estava ocupada - de fato estava, vendo um filme de suspense no Telecine Classic (onde não tem intervalos durante os filmes), e que devido à intervenção das senhoritas ela quase perde o final da história.
Que todos os fiés do mundo e de todas as religiões me perdoem, mas esse tipo de doutrinação me irrita profundamente. Acho uma falta de respeito com um, bem, "irmão": querer invadir a vida alheia, empurrar as suas crenças individuais goela abaixo de outros que nem sempre concordarão contigo. Ainda mais quando o papo é religião, que dizem, assim como futebol, cerveja e novela, não se discute.
Ainda assim, se quer espalhar a palavra do Senhor (que é aberta a trilhões de interpretações, Mel Gibson que o diga), que tal espalhar pra pessoas que demonstram maior necessidade em tê-la? Eu nunca vi desses fiéis tentando doutrinar uma pessoa de rua, ou um desses bêbados que rondam a cidade - gente que claramente precisa de ajuda - e o que é a religião senão uma tentativa de achar um sentido para a vida, de tentar explicar porque diabos estamos aqui e o que devemos fazer? Essa coisa de "selecionar" o público a ser doutrinado só aumenta minha antipatia, parece porta
de club: se tiver os requisitos da casa, entra sem problemas. Mas igreja (ou templo, ou o que seja) não é club, e não tem lista de convidados VIP na porta do Céu.
Tá bom, tem muita gente que não precisa estar na rua para precisar de ajuda nesse quesito, na busca de um sentido, na busca da fé. Então entramos em outra categoria: cada pessoa tem o direito de buscar a religião que lhe faça mais sentido. Buscar a sua religião, e não aceitar a primeira coisa que aparece pela frente, mesmo que não concorde com ela; nem mesmo ser obrigado a aceitar a religião de outros por medo de represálias (por parte de família, principalmente).
Sendo ainda mais crítica, não confio em nada que tenha discurso decorado. Ainda mais nesse assunto. Não dá mesmo, me desculpem. Também não dá mais pra acreditar em coisas como, por exemplo, que ao morrermos iremos todos para o Limbo e lá ficaremos "esperando o Dia do Juízo Final". Deus me perdoe (de verdade), mas isso já virou até piada entre eu e minha dentista, em momentos humorísticos entre o apertar de meus dentes: imagine só, seria a maior sala de espera do mundo! porque já tem por lá milhões de anos de falecidos na história da humanidade, e que continuam esperando... E imagina se resolvem tocar aquelas músicas horrorosas de sala de espera de consultório?? Já pensou se toca Jorge Vercilo??? Isso não seria mais o limbo, seria o Inferno mesmo.
E já que estou aqui pra malhar mesmo, outra coisa que acho um absurdo é esse "orgulho" (?) que certas pessoas têm em demonstrar sua escolha religiosa para Deus e mundo (desculpem, não resisti). Esses adesivos e camisas "100% Jesus" e congêneres são inadmissíveis! É transformar Ele em merchandise (Mel Gibson que o diga, mais uma vez), além de violar o Segundo Mandamento (sim, fui criada em colégios católico e espírita, fiz Primeira Comunhão e ao menos os Mandamentos e os 7 Pecados Capitais eu sei, ao menos): "Não usar o Seu santo nome em vão". E usá-lo em camisetas é usar, sim, Seu santo nome em vão...
No geral, agora que já descarreguei minha raiva, posso dizer: não tenho horror por qualquer pessoa de qualquer religião; só não gosto (e acho que tenho razão, sorry) quando resolvem se intrometer nas escolhas dos outros, sem serem convidados. Pra mim, religião é antes de mais nada ter respeito pelo próximo, independente de quem seja e de suas escolhas.
Mas minha mãe conseguiu ver o final do filme. Na verdade, se não fosse pelo filme, mamãe seria capaz de aproveitar a oportunidade e virar propositalmente o jogo e doutrinar as mocinhas em sua religião. Isso seria engraçado... :oP