sexta-feira, março 26, 2004
"TOCA RAUUULL!!!"
Quem já frequentou qualquer bar, onde qualquer banda estivesse tocando aqui em Petró, certamente já ouviu alguém gritando esta pérola. De preferência, alguém bêbado... Não sabia se esse era um fênomeno nacional, porque passei a adolescência nos botequins petropolitanos, ouvindo bandas petropolitanas. Mas me aliviei ao saber que esta máxima não se restringe à esta bela e mofada cidade serrana.
Uma etapa pela qual nunca passei em minha adolescência foi a tão famosa "fase hippie". Quer dizer, acendo incenso no quarto porque fica cheirosinho, uso algumas roupas indianas porque são levinhas e larguinhas (escondendo as gordurinhas), e claro que concordo que um mundo de paz e amor é melhor do que o que vivemos no momento. Mas eu nunca fui hippie, mesmo porque tinha horror a este rótulo: sempre associava o movimento aos meus pais e aos pais de outros de minha idade (mesmo que estes nunca tenham sido hippies de fato). E via que ao mesmo tempo em que meus pais não eram totalmente "quadrados", estavam longe de serem totalmente liberais, achando tudo isso meio hipócrita
da parte deles...
Hoje tenho claro em minha cabeça que a adolescência é exatamente este "bater de frente" com os ideais da geração anterior: "se era tudo muito doido, sejamos certinhos; ou então seremos mais loucos ainda". Realmente, somos muito interessantes...
Resumindo: sem passar pela fase hippie, acabei nunca passando pela "Fase-Raul-Seixas"! Até musicalmente, nunca liguei muito para as bandas consideradas "do movimento". Hoje, admito, perdi muito com este radicalismo. Mas também reconheço e confesso que minha adolescência foi maravilhosamente trilhada com músicas bem diferentes das que faziam a trilha da maioria de meus coleguinhas de colégio (nem vou enumerar aqui as bandas porque agora não vem ao caso...), e eu adorava isso.
De qualquer forma, não é tarefa das mais fáceis fazer as vezes de crítica de teatro aqui. Porque, apesar de ter visto peças que considero clássicas, não vou ao teatro com a mesma frequência que vou ao cinema, por exemplo. E nem sou crítica de cinema, 'magine de teatro! E, como se não bastasse ser um musical cujo tema eu não tinha a menor noção, o meu "parceiro no crime" (ou na 'investigação', como queiram), o honorário Patrão, participa da peça. E algumas vezes com algum destaque...
Mas não adianta: mesmo sendo uma tarefa capciosa, eu tinha que fazê-la! Afinal, sou uma frustrada atriz/diretora/escritora que desconta sendo uma "apreciadora profissional" - como diria o anti-guru Rob Fleming/Gordon Alta Fidelidade - neste blog.
Então, vamos lá. De fato, agora vi que Raul era um cara muito interessante. Seus pontos de vista, em cena, são tão coerentes que fica até irônico chamá-lo de "Maluco". Mas, beleza! E não apenas na época em que ele era "jovem e promissor"... seu pensamento muda com o passar do tempo, gradativamente ("Metamorfose"...): por exemplo, sua mudança de perspectiva acerca da morte muda de uma forma totalmente plausível para o momento em que ele estava vivendo, e certamente qualquer pessoa sensata pensaria de acordo - a não ser os chatos que têm "aquela velha opinião formada sobre tudo"... :oP
Pode parecer um discurso "só um bebum entende o outro" (não que eu o seja, de maneira alguma, hehehe), e também não digo que concordo com 100% do que ele teria dito, mas é reconfortante ver que um verdadeiro mito nacional (disso ele pode se gabar, pois temos poucos...), é no fundo uma pessoa NORMAL, com suas excentricidades, não muito diferentes das minhas ou de qualquer outra pessoa. Claro, sempre pensamos "ah, o artista é uma pessoa como eu e você"... mas confesso que eu me esqueço disso às vezes: "Como essa pessoa pode ser tão inteligente/talentoso(a)/etc.? Pra compensar, só pode ser doido(a) ou drogado(a), ou blábláblá...". E nem digo isso no sentido de invejar, não (lembrem-se: sou frustrada, e não invejosa, hahaha...), é de que todos temos defeitos mesmo.
A peça por si só é vibrante, emocionada, cheia de vida e de humor. E melancólica, como toda boa história de
ascensão-apogeu-queda. O ator - que tive o prazer de conhecer pessoalmente, mesmo rapidim - Roberto Bomtempo, além de talentoso, ele (usando o bordão de meu amigo de facults, o Felipe) "é um fofo", super gente boa (pronto: entrou pro "clã-fofo" onde imperam o Patrão, mais o John Cusack, e as bandas Air e R.E.M.!:oP ); além de ter um belo par de pernas (este detalhe foi apontado por uma outra senhorita, mas eu não pude deixar de averiguar, hehehe ). Fica difícil analisar um elenco de mais de 40 pessoas, o que importa é que dão conta do recado. E o Patrão? O Patrão está em casa! Quem já teve a (in?)felicidade de ver o Candelabro Italiano em ação sabe do que estou falando. Inclusive, até o CI já tocou Raul!!
E para mim, que só conhecia "Pluct Plact Zum" (pq meu irmão tinha o disco), e bizarrices como "Gita" na voz de Paulo Ricardo (!!!!!!!!!!!) - tá bom, conhecia outros hits também, mas nada muito aprofundado - foi uma grande surpresa. Certamente, o Raul me disse mais agora do que jamais teria dito, mesmo se eu tivesse passado pela "Fase-Raul-Seixas"...
A quem interessar possa:
Eles continuam na Sala Baden Powell (Nossa S. de Copacabana, 360 - Copa, RJ) até dia 7/04. Terças e Quartas, às 21h.
E "Boa Viagem!"
Quem já frequentou qualquer bar, onde qualquer banda estivesse tocando aqui em Petró, certamente já ouviu alguém gritando esta pérola. De preferência, alguém bêbado... Não sabia se esse era um fênomeno nacional, porque passei a adolescência nos botequins petropolitanos, ouvindo bandas petropolitanas. Mas me aliviei ao saber que esta máxima não se restringe à esta bela e mofada cidade serrana.
Uma etapa pela qual nunca passei em minha adolescência foi a tão famosa "fase hippie". Quer dizer, acendo incenso no quarto porque fica cheirosinho, uso algumas roupas indianas porque são levinhas e larguinhas (escondendo as gordurinhas), e claro que concordo que um mundo de paz e amor é melhor do que o que vivemos no momento. Mas eu nunca fui hippie, mesmo porque tinha horror a este rótulo: sempre associava o movimento aos meus pais e aos pais de outros de minha idade (mesmo que estes nunca tenham sido hippies de fato). E via que ao mesmo tempo em que meus pais não eram totalmente "quadrados", estavam longe de serem totalmente liberais, achando tudo isso meio hipócrita
da parte deles...
Hoje tenho claro em minha cabeça que a adolescência é exatamente este "bater de frente" com os ideais da geração anterior: "se era tudo muito doido, sejamos certinhos; ou então seremos mais loucos ainda". Realmente, somos muito interessantes...
Resumindo: sem passar pela fase hippie, acabei nunca passando pela "Fase-Raul-Seixas"! Até musicalmente, nunca liguei muito para as bandas consideradas "do movimento". Hoje, admito, perdi muito com este radicalismo. Mas também reconheço e confesso que minha adolescência foi maravilhosamente trilhada com músicas bem diferentes das que faziam a trilha da maioria de meus coleguinhas de colégio (nem vou enumerar aqui as bandas porque agora não vem ao caso...), e eu adorava isso.
De qualquer forma, não é tarefa das mais fáceis fazer as vezes de crítica de teatro aqui. Porque, apesar de ter visto peças que considero clássicas, não vou ao teatro com a mesma frequência que vou ao cinema, por exemplo. E nem sou crítica de cinema, 'magine de teatro! E, como se não bastasse ser um musical cujo tema eu não tinha a menor noção, o meu "parceiro no crime" (ou na 'investigação', como queiram), o honorário Patrão, participa da peça. E algumas vezes com algum destaque...
Mas não adianta: mesmo sendo uma tarefa capciosa, eu tinha que fazê-la! Afinal, sou uma frustrada atriz/diretora/escritora que desconta sendo uma "apreciadora profissional" - como diria o anti-guru Rob Fleming/Gordon Alta Fidelidade - neste blog.
Então, vamos lá. De fato, agora vi que Raul era um cara muito interessante. Seus pontos de vista, em cena, são tão coerentes que fica até irônico chamá-lo de "Maluco". Mas, beleza! E não apenas na época em que ele era "jovem e promissor"... seu pensamento muda com o passar do tempo, gradativamente ("Metamorfose"...): por exemplo, sua mudança de perspectiva acerca da morte muda de uma forma totalmente plausível para o momento em que ele estava vivendo, e certamente qualquer pessoa sensata pensaria de acordo - a não ser os chatos que têm "aquela velha opinião formada sobre tudo"... :oP
Pode parecer um discurso "só um bebum entende o outro" (não que eu o seja, de maneira alguma, hehehe), e também não digo que concordo com 100% do que ele teria dito, mas é reconfortante ver que um verdadeiro mito nacional (disso ele pode se gabar, pois temos poucos...), é no fundo uma pessoa NORMAL, com suas excentricidades, não muito diferentes das minhas ou de qualquer outra pessoa. Claro, sempre pensamos "ah, o artista é uma pessoa como eu e você"... mas confesso que eu me esqueço disso às vezes: "Como essa pessoa pode ser tão inteligente/talentoso(a)/etc.? Pra compensar, só pode ser doido(a) ou drogado(a), ou blábláblá...". E nem digo isso no sentido de invejar, não (lembrem-se: sou frustrada, e não invejosa, hahaha...), é de que todos temos defeitos mesmo.
A peça por si só é vibrante, emocionada, cheia de vida e de humor. E melancólica, como toda boa história de
ascensão-apogeu-queda. O ator - que tive o prazer de conhecer pessoalmente, mesmo rapidim - Roberto Bomtempo, além de talentoso, ele (usando o bordão de meu amigo de facults, o Felipe) "é um fofo", super gente boa (pronto: entrou pro "clã-fofo" onde imperam o Patrão, mais o John Cusack, e as bandas Air e R.E.M.!:oP ); além de ter um belo par de pernas (este detalhe foi apontado por uma outra senhorita, mas eu não pude deixar de averiguar, hehehe ). Fica difícil analisar um elenco de mais de 40 pessoas, o que importa é que dão conta do recado. E o Patrão? O Patrão está em casa! Quem já teve a (in?)felicidade de ver o Candelabro Italiano em ação sabe do que estou falando. Inclusive, até o CI já tocou Raul!!
E para mim, que só conhecia "Pluct Plact Zum" (pq meu irmão tinha o disco), e bizarrices como "Gita" na voz de Paulo Ricardo (!!!!!!!!!!!) - tá bom, conhecia outros hits também, mas nada muito aprofundado - foi uma grande surpresa. Certamente, o Raul me disse mais agora do que jamais teria dito, mesmo se eu tivesse passado pela "Fase-Raul-Seixas"...
A quem interessar possa:
Eles continuam na Sala Baden Powell (Nossa S. de Copacabana, 360 - Copa, RJ) até dia 7/04. Terças e Quartas, às 21h.
E "Boa Viagem!"