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terça-feira, abril 20, 2004

Agora, um looooongo post pra compensar todo o tempo fora:

M O R P H I N E

Sempre tem aquela banda boa pra caramba, que certo dia você se lembra "Nossa, há quanto tempo que não ouço um CD deles...", e que, ao ouvir o primeiro CD, você começa a querer ouvir toda a discografia da banda, de uma só vez.

"I can tell you taste like the sky 'cause you look like rain..."

Para quem não sabe, há uns anos atrás (que me recuso a dizer quantos, porque não me lembro exatamente) eu fiz parte de um programa de uma rádio comunitária. Em eras pré-mp3, o negócio era no CD mesmo (quando muito um CD-R copiado do importado que um conhecido comprou, ou coisas do gênero) ou no MD. Para uma maior variedade de músicas e bandas, comecei a comprar algumas coletâneas - mas claro que estas tinham que vir sempre com algo realmente interessante, não apenas para tocar em rádio.
E foi dando essa volta toda que cheguei à incrível banda americana Morphine.

Eu tinha comprado uma coletânea da MTV americana, do programa "120 Minutes", até hoje considerado uma espécie de "lado branco da Força" em contrapartida ao que a MTV geralmente apresenta. Nessa coletânea, tínhamos a nata do "rock alternativo" da época (que hoje em dia nem sei mais como chamá-los, tamanhos standards se tornaram) tocando preciosidades ao vivo, na raça: Oasis, Porno for Pyros, Evan Dando, PJ Harvey, Violent Femmes, They Might Be Giants, Bjork, Radiohead, e o motivo pelo qual comprei o CD inicialmente - o Weezer (ainda com Matt Sharp), mandando "Undone - the Sweater Song".
Um dia, em casa planejando o que tocar no programa daquele dia, e depois de já ter tocado o CD quase inteiro em outros dias, resolvi saber qual era o lance da banda da faixa 2, essa tal Morphine. O nome da canção, "Honey White".

A música me pegou na hora. Um típico roquenrou com baixo marcado e com as guitarras substituídas por um desenfreado saxofone. A voz do sujeito, remetia à voz de Mark Knopfler, do Dire Straits... Mas aí já nem adiantava mais me lembrar de que nunca gostara do Dire Straits, porque já tinha ficado impressionada com a banda.

"Early to bed and early to rise makes a man ou woman miss out on the nightlife"

A partir daí descobri que meu irmão mais velho tinha dois CDs deles "escondidos" em seu quarto, e xinguei-o muitas vezes por não tê-los mostrado antes para mim. Mas tudo bem, me vinguei com o Portishead, mas isso é outra história...
E logo a banda se tornou a trilha sonora que meu irmão colocava no rádio de seu carro quando ficávamos a matar aula do cursinho passeando por aí... Ê vidão!! :oP

"Nobody asked me so here's my advice to a young man or woman who's livin' this life in a world gone to Hell where nobody's safe Do not go quietly unto your grave"

O Morphine sempre teve um quê misterioso. E uma formação insólita em tempos anteriores à White Stripes e afins: bateria, o já mencionado saxofone, e o baixo - mas não um baixo qualquer, e sim um baixo com duas cordas, apenas. Os integrantes, respectivamente, Billy Conway (substituíndo Jerome Deupree), Dana Colley e Mark Sandman, também vocalista e principal compositor. E, apesar dos mesmos nomes, no fim das contas Mark Sandman não tinha a voz tão parecida assim com a de Mark Knopfler - na verdade, era beeeeem melhor!! :o))

Alguém que atendia pelo nome (independente de ser artístico ou não) Mark Sandman, só podia ser um cara muito do figura. Inclusive morou no Brasil um tempo, mais especificamente em Niterói, antes de formar a banda (se não me engano). Mark também foi uma espécie de padrinho da banda Presidents of the USA (do hit "Lump"), que fazia um roque vagabundo divertidíssimo com uma guitarra de três cordas, um baixo de duas, e "uma bateria com nenhuma". O Morphine também chegou a ter uns improvisos com o Primus, do outro supremo baixista Les Claypool. Por aí já dá pra ter uma idéia dos sons fabulosos que Sandman conseguia tirar de meras duas cordas...



MORPHINE, "a banda mais legal e desconhecida da América" (não, não fui eu quem disse isso, mas concordo):
Bill Conway, Dana Colley e Mark Sandman, esq.-dir.

Mas o que dizer do som do Morphine, exatamante? É enevoado, com claras influências de jazz e blues. E roque, claro! É sexy, divertido, irreverente, experimental e até romântico em certas horas - mas NUNCA é piegas, ou meloso, ou metido à esperto. Intimista até demais, seus shows sempre foram em lugares fechados, pequenos. Grandiosidade não era com eles mesmo. E o som é grave, MUITO grave... coisa que eu, pseudo-baixista, simplesmente amo. Enfim, uma banda diferente de qualquer coisa que eu tinha ouvido até então... e até hoje nunca consegui localizar nenhum tipo de "clone" à sua espreita. Únicos.

"I'm like a mirror, I'm nothing 'til you look at me..."

Mas nada é perfeito. Em 1999, estava quase tudo acertado para que eles finalmente viessem ao Brasil para tocar no lugar que lhes cairia como uma luva: o finado Free Jazz Festival, em outubro. Porém, no dia 3 de julho daquele ano, Mark sofreu um ataque cardíaco e faleceu no palco, no meio de um show na Itália. Sua ida, um tanto poética e irônica, seguia à risca o conselho que havia dado em seu primeiro disco, de 1993. E o que antes parecia uma brincadeira, depois mais parecia presságio: "Do not go Quietly unto your Grave".
O legado: 7 álbuns, sendo um de lados B e raridades, um póstumo, e um indefectível "Best of" com 4 inéditas. Por fora, um CD ao vivo, gravado por um fã na platéia e logo oficializado. E é tarefa árdua decidir qual é o melhor, todos são ótimos. Recomendar as melhores músicas, então, é praticamente impossível, e nem se pode dizer que existam músicas ruins, pois estou aqui agora ouvindo mais uma vez toda a discografia deles e até então não consegui pular uma só música...
O que mostra que, com criatividade e amor pela música, pouco importa o número de instrumentos usados, o número de notas musicais, e o número de cordas...

Mesmo assim, vamos tentar destacar as melhores: (quem quiser baixar, quem sabe...)
* "Good", 1993: "The Saddest Song", "Claire", "Have a Lucky day", "You Look Like Rain", "Do not go Quietly unto your Grave", "Test-Tube Baby/Shoot'm down";
* "Cure for Pain", 1994: "Buena", "All Wrong", "A Head With Wings", "Thursday", "Mary won't You Call my Name?", "Let's Take a Trip Together";
* "Yes", 1995: Esse CD é demais da conta, quase todas são ótimas, nem vou colocar aqui... atenção na letra de "Super Sex" :oP ;
* "Like Swimming", 1997: "Potion", "Early to Bed" (o clip tb é mto bom), "Wishing Well", "Like Swimming", "Swing it Low";
* "B-sides and Otherwise", 1997: "Bo´s Veranda", "Pulled Over the Car";
* "The Night", 2000: "The Night", "Top Floor, Bottom Buzzer", "Like a Mirror", "A Good Woman is Hard to Find".


"P.S."

QUENTIN TARANTINO no American Idol é TUDO!!!



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