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domingo, setembro 19, 2004

O jovem Fã-Clube do "Jovem Sherlock Holmes"

Já se vão dois anos, acho, de quando fazíamos sessões de filmes trash na casa de Lilly. Ao final de uma destas sessões, não me lembro por que cargas d'água desencavei: "um dia, a gente podia trazer "O Enigma da Pirâmide"!!". E não é que alguns presentes se empolgaram com a sugestão? Acabei descobrindo que, mesmo sem ser uma "obra prima cinematográfica" (no sentido convencional, avaliado por "críticos especializados"), havia um pequeno, mas fervoroso, fã-clube do filme de Barry Levinson.
O mais engraçado: fã-clube do filme, e não de seu personagem principal, criação de Sir Arthur Conan Doyle.

Se hoje em dia sou uma fã do Mistério e do Suspense, a ponto de assinar este blog com o nome de uma personagem de Agatha Christieda segunda divisão, podem culpar esse filme. Até fiquei com invejinha ao saber depois, que Lilly fora ver este filme no cinema!! Lançado em 1985 (eu tinha 5 aninhos), só fui vê-lo em video, e ele acabou se tornando uma espécie de "cult" aqui em casa. Ninguém resistiu ao clima "sessão da tarde" do filme. Tínhamos o filme gravado ("pirateado", como diziam já naquela época), quando ainda morávamos no Rio de Janeiro (ou seja, entre 1985 e 1988), mas numa destas vendas de locadoras falidas acabamos conseguindo o VHS original, que meu irmão fazia questão de deixá-lo bem limpinho ao menor sinal de mofo. Uma vez, estava fuçando nos livros daqui de casa, quando encontrei o roteiro do filme sob forma de livro, raridade - um verdadeiro mistério, porque ninguém sabe como é que ele apareceu aqui. :o)

E o que parecia mais impossível, aconteceu: o filme saiu em DVD aqui! Mesmo porque, apesar de nós, fãs, achei que fosse mais um filme esquecido pelo resto do mundo... Finalmente, consegui alugá-lo. Porque, antes de colocar mais qualquer outra coisa a respeito do filme aqui, precisava vê-lo mais uma vez, e colocar aqui as novas impressões que ele causou.

Acho que devia fazer alguns muitos anos desde que o vi pela última vez, mas eu ainda me lembrava da música-tema como se fosse ontem. Aliás, a música é de Bruce Broughton, sujeito responsável pelo tema de "Tiny Toon" e dos temas de todos os outros desenhos da Warner-fase-Spielberg. O roteiro é de Chris Columbus, que dirigiu o primeiro e segundo filmes de "Harry Potter" (ou seja, deveria ter parado em Holmes, hehehe). E ainda tem o próprio Spielberg na produção executiva. Ou seja, nem precisa dizer que com Steven dando dimdim, o filme é caprichado com o visual, figurino e, sobretudo, com os efeitos especiais.

O bom e ruim do DVD é que a imagem fica tão boa que os efeitos acabam se tornando mais visíveis (como os "fios" em "Mary Poppins" e "O Mágico de Oz" e o chroma key nos filmes de Indiana Jones), antes camuflados pela definição menos apurada dos VHS. Mas não que a famosa "magia" se perca... as cenas com "stop-motion", continuam com sua "imperfeição que a gente finge que não nota", e chegam a dar saudades do cinema pré-computação gráfica: vide a lendária "viagem" de Watson, sendo atacado por milhões de docinhos com olhos, braços e pernas. Muito fofo e muito engraçado.

"O Enigma da Pirâmide" também pode gozar de um título que ninguém tira: foi o primeiro filme a utilizar computação gráfica da história do cinema - isso eu ouvi da boca do próprio Spielberg, num desses documentários sobre os Cem Anos de Cinema. A cena, em que um padre é "ameaçado" por um guerreiro que salta do vitral da igreja é impressionante até hoje. E me lembro claramente, na época, que fiquei bolada, tentando imaginar como aquilo poderia ter sido feito. Agora, vejo, modestamente entre os créditos, quem foi o responsável por aquilo: cortesia de PIXAR Animation Studios! Ou seja, Homens-Aranha e Harry Potters, agradeçam a Sherlock Holmes! :oP

Outra curiosidade acerca do filme é sobre o título. O original em inglês ("Young Sherlock Holmes") teria sido modificado para "Pyramid of Fear" porque os produtores não queriam que o filme fosse encarado como uma comédia - a exemplo de outro filme que tinha saído na época, "O Jovem Frankenstein", de Mel Brooks. Inclusive, na embalagem da VHS original que temos aqui em casa, o nome da lombada é "A Pirâmide do Medo", ugh! Provavelmente acharam que o nome de Holmes no título atrairia mais espectadores, e mais tarde reassumiram o nome original, mais conveniente. O nome em português sempre foi o mesmo, que eu saiba.

Ah, e sobre o que é o filme?? Para quem não teve infância e não sabe, trata-se de um interessante "E se...", de como seria se Holmes e Watson tivessem se conhecido no colégio, e conta a primeira aventura que enfrentam juntos - e também na companhia de uma doce mocinha, namorada de Holmes - onde acabam se deparando com uma macabra seita egípcia assassina (olhaí o aspecto trash da trama,para quem queria saber, hehehe). Resumindo, o filme dá origens a todos os aspectos míticos do personagem de Conan Doyle: porquê ele usa aquele chapéu, fuma aquele cachimbo, usa aquele capote quadriculado, não se envolve com mulheres... além de nos apresentar ao seu arquiinimigo Moriarty de forma divertida no final-surpresa-pós-créditos (que também foi o primeiro que vi na vida, e desde então, vejo TODOS os filmes até o final dos créditos para não perder nada), e de fazer uma rápida brincadeira com a famosa frase nunca dita: "Elementar, meu caro Watson". O único porém do DVD é a falta de extras, não tem nem umzinho!!

Para terminar, sei que é um sacrilégio para os fãs mais exigentes do personagem original, mas desde que comecei a ler os livros de Conan Doyle (isso lá aos 14 anos), só consigo visualizar Holmes e Watson como uma versão envelhecida dos atores do filme...melhor do que imaginar o maluco fantasiado com quem tirei uma foto na porta do museu Sherlock Holmes, em Baker Street, hehehe...



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