<$BlogRSDUrl$>

segunda-feira, setembro 05, 2005


(Mais um da série) S O R R I A: Uma Década de Blue Album
O post do Weezer, em ritmo de contagem regressiva! :o)

Sabia que o nome desse blog é meio que uma homenagem ao Weezer??? Mas não é essa história que vou contar hoje.


foto circa Pinkerton: Matt deitado; Brian sentado; Rivers de pé, ao fundo; e Pat, aí na frente.
Tenho uma confissão a fazer: eu amo quem odeia a banda americana Weezer. Como meus sete leitores sabem, tenho uma relação possessiva com as minhas bandas favoritas, especialmente as que já estão comigo por quase ou mais de uma década. Assim como amo quem acha o Blur inferior ao Oasis. Dá aquela sensação de "segredo bem guardado", em que poucos têm o privilégio de saber do que essas bandas são capazes de fazer. Realmente, quem vê de fora deve achar estranho que uma bandinha tão simples consiga ter fãs tão ardorosos. Eu, enquanto fã, não estou em condições de racionalizar e dizer o que acontece. Mas posso tentar descrever como acontece.

O Weezer é como um universo de HQs: são muitos nomes, influências, referências, conflitos, histórias incríveis e histórias terríveis que permeiam a existência da banda de Rivers Cuomo, Brian Bell e Pat Wilson + baixista do momento. Que foram 3, em ordem cronológica: Matt Sharp, Mikey Welsh e Scott Shriner, o atual. E quem gosta faz questão de querer saber quem eram ou o que eram Mykel & Carli, Karl Koch, Kitty Pride, Mary Tyler Moore, Happy Days, That Dog, The Rentals, Special Goddess... além de milhões de músicas perdidas. Porque, quando se começa a gostar deles, não tem mais volta. E você gosta de graça, como daquele super-herói favorito, mesmo sabendo que este às vezes tem uma história ruim ou uma saga caça-níquel.

Nunca vou esquecer a primeira vez em que vi e ouvi o primeiro CD do Weezer, hoje conhecido por "Álbum Azul". Meu irmão pegou emprestado de um amigo e eu me apaixonei pela capa, a mais simples e bacana do pop moderno. Clássica. Numa época de bandas raivosas, deprê e cínicas, tinha uma formada por pessoas aparentemente "normais", sem a menor pinta de estrelas, com um vocalista SORRINDO na capa. Sorrindo!! A música, igualmente simples, mas emocionada, alegre, desesperada, melancólica - tudo o que é ser adolescente. Eu tinha 15, 16 anos de idade. "O mundo mudou e me deixou aqui" é a frase lapidar da adolescência, tanto no que concerne ser um adolescente como em deixar de sê-lo. "No One Else" é perfeição pop, "Say it Ain't So" é tudo e acabou, e "Only in Dreams" é... um sonho! Brian Wilson sorri, satisfeito.
Dois anos depois do disco azul, o Weezer já era uma das minhas bandas favoritas. Enquanto o Blur fazia clipes inspirados na nouvelle vague, eles faziam clips inspirados em seriados de TV. A escola de arte e a sua contrapartida popular nos meus ouvidos e coração. Quando "Pinkerton" foi lançado, era o disco mais esperado "que ninguém conhecia" - parecia que só eu e os amiguinhos que espalharam a "weezer word" pela cidade que aguardavam com tanto entusiasmo. Isso em 1997, quando eu nem sabia o que era internet. Estávamos tão empolgados que eu e meu namorado levamos o discman na mochila e, mal acabamos de comprar o CD, sentamos na calçada para ouvi-lo o mais rápido possível. Momento mágico. Não era um CD tão descaradamente pop, mas também não tinha como dizer que aquilo não o era. "Tired of Sex" é uma pérola da canalhice, que não tem como não gostar. "Getchoo" é uma das minhas favoritas, e por aí vai. Rivers Cuomo, líder absoluto da banda, talvez não esperasse tamanho sucesso (lá fora) e pirou da batatinha quando isso aconteceu com o primeiro, mas não se repetiu com o segundo rebento. "Em 1997 as pessoas ouviam ska", como li certa vez - e não deram bola para as lamentações do frontman. Mesmo assim, com o passar do tempo, o culto à banda aumentou e hoje Pinkerton é considerado um dos clássicos do pé-na-bunda recente. Com Rivers cultuado, amado, odiado e pirado, virou tema de música da banda Sugar Ray e jogou milhões de músicas fora até retornar com o disco carinhosamente chamado de "Álbum Verde", em 2001. Depois de tantos anos de espera, joguei meus princípios pela janela e baixei o single "Hash Pipe" antes de comprar o CD. A música não era emocionada e sofrida como as antigas, mas só de ouvir a voz de Rivers novamente, me arrepiei. Só quem é fã deles imagina o prazer que tive de ouvir sua voz lamuriosa e concluir:"Meu Deus! É o Rivers cantando de novo!", depois de tantas outras músicas colocadas na net e equivocadamente atribuídas à banda. O único porém desse disco chamava-se Matt, sujeito que merece uns parágrafos à parte:

O ACONTECIMENTO MATT SHARP:

Matt Sharp, para quem não sabe, era o meu futuro esposo - só que ele não sabia disso ainda. Voltando lá no dia em que vi o disco azul pela primeira vez, senti uma empatia inédita pelo cara da camisa listrada de branco e rosa, com cara de bobo. Fui no encarte e declarei: "esse cara é o baixista, esse tal Matt". E alimentei essa esperança numa era pré-net e sem MTV em casa. Meu irmão aparece com o clipe de "Buddy Holly" gravado em VHS que, além de me apresentar ao incrível diretor Spike Jonze, confirmou minhas expectativas acerca de Matt. Eu, que já tinha gosto por baixistas, fiz dele o meu ídolo-nerd maior. Logo soube que este mesmo clipe veio no CD de instalação do Windows, então matava aula na casa de uma amiga que tinha o dito-cujo e obrigava a pobre coitada a ver e rever o clipe trilhões de vezes comigo. Diga-se de passagem, uma das épocas mais legais de minha vida :o)
E o que Matt tinha de mais? Sei lá. Ele era fofo, engraçado, parecia um cara legal. Deixou Albarn, Coxon, Cocker e outros para trás na minha lista de preferência por muito tempo. Resolveu ser band-leader e formou The Rentals, a banda fofa que misturava nerdice com anos 80 (antes do hype) e britpop, enquanto os Killers ainda estavam na escola. Gravou músicas com Damon Albarn e excursionou com o Blur, na única turnê que até hoje sofro só de lembrar que perdi. Nem sei direito qual foi a da briga entre Matt e Rivers, mas é fácil de deduzir: até os nerds têm ego. Enfim, os Rentals acabaram, Matt e Rivers fizeram as pazes e o primeiro lançou CD solo, que até hoje não ouvi. Não quero voltar a me apaixonar por um (anti-)rockstar inatingível :o) Queria Matt de volta ao Weezer, mas ao mesmo tempo sinto um "fechamento": a banda com ele foi uma fase que acabou e não volta mais.
E essa foi a minha história de amor com Matt Sharp, de forma breve. Voltando...

O MUNDO MUDOU E CONTINUO ACREDITANDO:

Weezer sem Matt de deixava triste, mas era um disco novo depois de tanto tempo! Neste ínterim, recebi correspondência deles, fiquei com net em casa e descobri o culto acerca da banda, cada vez maior, tanto lá fora como aqui. Veio "Maladroit", que foi um susto. Era tudo muito diferente, "feliz", não tinha a tristezinha fundamental da banda. Tem músicas boas, como "Take Control", mas faltava algo. O mesmo senti quando ouvi "Beverly Hills", primeiro single do novo CD. Que nem comprei ainda, mesmo porque gastei o $$$ para poder ir ao show! ;o) Mas, tinha que conhecer as músicas novas, e me recuso a baixar algo que sei que vou comprar um dia. Graças a um amigo, estou ouvindo "Make Believe" agora, na aula de Teologia, enquanto escrevo isto. Quer coisa mais adolescente? Não assimilei o CD todo ainda, mas as canções emocionadas voltaram, os solos de olhos fechados, e, tenho que dizer: adoro quando o Rivers está sofrendo nas canções. São as melhores! Ele choroso cantando "This is such a pity" é uma das coisas mais bonitinhas que ouvi ultimamente. É uma música que lembra muito... The Rentals! :o))
O sucesso deles me deixa com ciuminho. Mas a partir do momento em que aparecem os que odeiam, há equilíbrio. Não é unanimidade, mas é muito bom gostar do Weezer. E é inegável a sua influência, para o bem ou para o mal. Se hoje há uma enxurrada de bandas qua cantam sobre corações partidos ao som de guitarras pesadinhas sob a alcunha de "emocore"; se temos bandas ou pessoas que usam as "asinhas" em suas iniciais (como esse blog que estás lendo) tais como o =w= (que o Weezer roubou do Van Halen, haha); se achamos colocar vocal de Roy Orbison com guitarras do Kiss algo plausível, agradeçam ou culpem o Weezer. Foram pessoas que, como eu, ao virem e ouvirem o que eles tinham a dizer, acharam que também poderiam fazê-lo.




This page is powered by Blogger. Isn't yours?