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quarta-feira, abril 04, 2007

O PRAZER SOLITÁRIO (é quase isso que vcs estão pensando), PARTE II:
CONTOS DO DISCMAN



Que o tempo é relativo, todo mundo sabe. Cinco minutos podem ser um minuto ou uma eternidade, depende de que lado da porta trancada do banheiro que vc está. ;)
Mas eu ainda não tinha me dado conta de como meu comportamento se altera de acordo com o que stou ouvindo no discman, por me dar a impressão de que o tempo pode passar mais rápido ou devagar. E não me refiro ao tipo de música, mas sim ao formato de arquivo. Claro, se ouço "Smile" do Brian Wilson num dia ensolarado, vejo pessoas dançando ao sabor da música, o que me deixa muito feliz - Mas isso é uma outra história.
Apesar de eu sempre jurar que vou finalmente comprar meu mp3 player com o salário do mês seguinte, a promessa acaba virando dívida rapidinho. A carne é fraca e acabo gastando tudo em extravagâncias como camisas de bandas e CDs triplos (if you know what I mean). E, para comprar um mp3 player, tem que ser um com boa capacidade (sério, 500MB não é nada!!!). Como já reconheço que não vou conseguir economizar para tanto tão cedo, continuo a fã número um do discman. Sou fã mesmo, acho-o fofo, parecendo uma nave espacial, além de tocar Cds de mp3 - e posso ligar no auxiliar do meu aparelho de som e ouvir meus cds de mp3 no conforto de meu lar.
Podem dizer que é maluquice (sei que é), mas uma das coisas que mais gosto de fazer é andar de ônibus na companhia do meu discman! É quando som e imagem (em movimento!) se encontram e, quando se combinam, resultam em momentos mágicos - como o que contei acima, sobre o Brian Wilson. Chego a ficar mal-humorada se na última hora consigo uma carona, porque aí terei que adiar meu encontro... "video-musical". Igualmente mal-humorada fico se encontro algum conhecido no ponto de ônibus que resolva puxar papo comigo (um papo que seja menos interessante que o CD que estou ouvindo, óbvio, o que acontece na maioria das vezes), de forma a atrapalhar a dedicação de meus ouvidos à música. Tenho a impressão
de que presto mais atenção na música quando a ouço no discman. Em casa, acaba virando música ambiente, mas, na rua, torna-se o principal, como se o ambiente é que agisse conforme a música.
Várias vezes me peguei viciando numa música somente depois de ouvi-la no discman, porque acostumava a pulá-la no meu aparelho de som, sabe-se lá o porquê. O primeiro CD do Daft Punk, Homework, é um exemplo para mim. Comprei-o pelo hit "Around the World", mas só depois de
ser entorpecida por eles nos discman é que notei o quão bom era o álbum, com todos os efeitos e ruídos.
E o que o tipo de arquivo tem a ver com a história? Pois começo a desconfiar que os Cds de mp3s
estão atrapalhando minha degustação auditiva. Caso semelhante ao das TVs por assinatura:
quanto mais canais você tem, mais você se dedica ao zapear, e acaba assistindo cada vez menos TV. Mas nem me darei ao trabalho de colocar aqui os benefícios de se assistir menos TV.
Então, é isso que acontece. Quanto mais álbuns eu tenho no meu cd de mp3, menos atenção eu dou às músicas. Tenho a impressão de que não há tempo para ouvir tudo, então a solução é ouvir alguns segundos apenas, sair zapeando loucamente e muito de vez em quando parar para ouvir uma música por inteiro.
Por exemplo, o tal CD triplo-arromba-orçamento ao qual me referi no início. Eu o tenho baixado há tempos, mas só agora, depois de comprá-lo, é que consegui dar-lhe a atenção que merece (e merece mesmo!!). Porque, para dar conta de mais de 40 músicas é necessária uma looonga viagem ou então eu iria pular um monte de músicas ou ouvi-las sem prestar atenção. É bem mais fácil dar conta de um CD de áudio simples por vez, cerca de 14 canções apenas. E apreciá-las inteirinhas, na ordem. E agradecer por ter tempo de sobra para ouvi-las mais uma vez antes de descer do ônibus e ir encarar a realidade de mais um dia.

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