segunda-feira, agosto 20, 2007

Uma das coisas de que mais gosto na série de TV "Seinfeld" é que ela sempre tratou de deixar bem claro que as pessoas são escrotas. MUITO. E ainda conseguem fazer a gente achar graça disso, com uma premissa que baseava-se no lema "sem abraço ou lição de moral". Ser tão superficial e individualista rendeu à série a alcunha de "um show sobre o nada". Porém, raspando o verniz da comédia, o nada nunca foi tão profundo e/ou verdadeiro. Parafraseando meu camarada de banda, a verdade é essa: somos todos escrotos, superficiais e individualistas. E quero ver alguém me provar o contrário - e usar Madre Teresa ou Ghandi de exemplo não vale.
Certo dia uma amiga tava me falando como é que eu não conseguia escrever canções de amor. Para quem não sabe, escrevo letras sobre coisas díspares como ex-amigos que você dá graças à Paul, ops, Deus, por ter cortado relações; ou coisas do cotidiano; e viagens absurdas sobre menáge à trois com ídolos. Tudo de forma muito sutil e sofisticada como uma girafa de patins numa loja de louças.
Mas eu ATÉ que consigo escrever sobre amor. Só que sempre acho o resultado idiota. Aí vem aquele papo: "se você acha algo que você faz idiota, todos o acharão". Blá blá blá. Tô pouco me lixando com isso, que mais parece conselho de livro de auto-ajuda. Não estou falando que nunca irei escrever canções de amor nem nada disso - só digo que não gosto do resultado das que escrevo agora. Aliás, é difícil ter uma música de amor cuja letra realmente me convença, de qualquer banda que seja - talvez a "Only in Dreams", citada 2 posts atrás; só que depois que li a opinião do autor da canção sobre a mesma, já começo a questionar, hahahahaha.
Então, por que é tão difícil escrever sobre o que está próximo à gente? Antigamente os artistas tinham suas musas sempre vistas como inalcançáveis, aquela coisa toda - muito drama, e, talvez, amor. Será que eles estavam certos?!?!
Podem falar que é sinal dos tempos, eu tenho cá minhas dúvidas. Relacionamentos são sempre complicados, desgastantes... É a pior coisa do mundo ter alguém que você ama (amigos ou pretês, ou sua mãe) pisando em você, se aproveitando do fato de ser próximo a você e saber todos seus piores defeitos e jogá-los na sua cara. Aí alguém vem e fala: "ah, mas isso é importante para você crescer emocionalmente". Olha, honestamente... eu estou bem consciente de meus defeitos, e não preciso de ninguém para apontá-los para mim, especialmente alguém de quem eu goste e me importe bastante. E atire a primeira pedra quem gosta de levar fora de quem se gosta. Porque levar um toque é uma coisa, bem diferente de levar um fora.
Eis a questão. No fim das contas você vê que não dá pra se relacionar com alguém porque é bem provável que o outro tenha que lidar com váááários defeitos os quais ele não está nem um pouco a fim. Frustrante para os dois. No início você passa aquela imagem de pessoa legal e tal, e é só se desarmar que a bomba vem. Aí, vale a pena investir em relacionamentos no fim das contas? O pessoal de outrora, que idealizava tudo à distância, é que tava certo. :S
Por isso que às vezes chego à BRILHANTE conclusão que meu melhor amigo são minhas coisas materiais. Meus livros, meus discos e nada mais. Eles estão lá, à minha disposição, servem aos meus propósitos perfeitamente e não reclamam de nada nem de mim. E meus maiores amores são aqueles que estão longe de mim, que nem conheço, que sei que não são perfeitos, mas também não sei quais são seus defeitos, bem como não sabem quais são os meus.
Quer coisa mais individualista?
Sim, as pessoas são escrotas.