sábado, fevereiro 16, 2008
AH, A NOSTALGIA!...
(post em duas partes escritas de uma vez, hi hi)
Ao som de "Ain't No Party", Orson; e Hercules and Love Affair.
Tenho medo, muito medo dos chamados revivals. Comecei a ter noção da existência deles lá por volta de 1993, quando resolveram redescobrir as maravilhas dos anos 1970. Nada contra os anos 70, absolutamente, mas só quem passou por aquilo que sabe: era meio deprimente, festinhas de 15 anos tocando Chic e Village People e garotinhas delirando por algo que não viveram e achando a coisa mais legal do mundo.
Por outro lado, sempre gostei da música dos anos 1980, que ouço desde que me entendo por gente por influência do meu irmão mais velho. Atravessei os anos 1990 - bem como atravesso os 2000 - sendo fã. Devo ser então uma pessoa nostálgica, certo?
Ainda na metade dos anos 90 ensaiaram meio que um revival oitentista por parte de bandas díspares, mas que com suas influências e com a preguiça da crítica de "batizarem" como algo novo, foram colocadas como "New Wave of New Wave". Incluíram nessa desde oa norte-americanos do Green Day e Possum Dixon aos ingleses do Elastica. Mas esse revival não deu em muita coisa, ao menos em comparação com o que temos agora.
Pode-se dizer que o novo revival oitentista veio com o Napster. A facilidade em trocar raridades musicais alimentou a nostalgia dos internautas com músicas, temas de seriado e bizarrices e acabou na boca do povo - vide os sucessos das festas trash "homenageando" a década.
Acho que agora chegamos ao ápice disso. Chamo de ápice simplesmente porque estou de saco cheio dessa onda. E não é devido à overdose de culto à figuras de pouca ou nenhuma importância, pelo contrário. Podem culpar o Interpol (que eu gosto, aliás), a falta de criatividade, a internet... isso não é a questão - é que esse monte de gente copiando tudo que já foi feito é que já tá dando no saco.
Eis o paradoxo: cansei do rock que tanto gosto prestando homenagens aos anos 80, que igualmente gosto. Pior são os mal-avisados que começam a consumir qualquer coisa feita na época e agora, sem discernimento algum. E quando a moda passar? Será que essas novas bandas terão estabelecido uma identidade, ou serão levadas para o limbo - como a grande parte das bandas dos anos 80?
E o revival dos anos 1990 já está dando umas pintas por aí. Um britpop no Kaiser Chiefs, um Smashing Pumpkins no Silversun Pickups, uma Madchester na New Rave. Será que é apenas um ensaio para o retorno, ou ele chegará avassalador para acabar com a onda oitentista que já deu? Trata-se de um revival ainda mais interessante para mim, por ter sido uma época que aproveitei muito mais, mas certamente será romanceada para os novos olhos - té parece que TODAS as bandas dos anos 90 eram sensacionais...
E quais bandas surgirão e emulando a quem? O que aparecerá de realmente novo? Os novos grunges e britpops? Perguntas que mal consigo esperar para saber as respostas...
POR OUTRO LADO...
Seria impossível para mim falar do Orson sem associá-lo à mais pura nostalgia.
Já sabem que não tô na fase das bandas fofas ou conceituais/conceituadas. Ainda não tive paciência para ouvir a trilha de "Juno", e já ouvi o "In Rainbows" e achei bom, mas como tudo do Radiohead para mim - desde o Kid A - eu acho bom, mas não tenho AQUELA vontade de ouvir (mas eu vou tentar, Patrão. hahaha). Mesmo assim, Thom Yorke tem a voz mais bonita do mundo, mas isso é outra história (e tenho que esperar para ver se o Mansun vai voltar mesmo, pq aí o Yorke será páreo duro com o Draper! hihihi)
Verdade seja dita, tenho fases (fofas, conceituais, uarévah) mas sempre acabo voltando para o meu DARK MASTER: a música sem medo de ser pop.
Primeira vez que eu e o Patrão ouvimos a banda (californiana, mas estabelecida em Londres) foi marcada por eventos engraçadinhos.
Tempos atrás, estávamos num bar super-careta daqui de Petró (dos que só tocam Rock mofado ou modas atrasadas: nu metal, trance...), eu cheia de álcool (dentre outros :D) e quase dormindo na mesa. Quando passou um clipe na TV, que era de um dvd gravado pelos donos do bar, com videos que baixaram. No refrão desta música, Patrão comentou que tinha gostado do que estava ouvindo. Levantei a cabeça da mesa, com cabelo na cara e prestei atenção. A música era MUITO boa. Estávamos impressionados como um lugar tão boboca poderia estar tocando uma música tão legal e, pior, de uma banda que não fazíamos idéia.
Acabou o clipe e vimos o nome da banda - Orson. "Moleza, só lembrar do Welles", pensei. Só não contaria que meu estado etílico da noite anterior me faria esquecer até mesmo que vimos um clipe que achei legal - quiçá lembrar o nome da banda!
Mas Patrão não esqueceu, e logo baixou o "Bright Idea", début dos caras, de onde vinha a música em questão, "No Tomorrow". Quando ouvi novamente - sóbria e lutando para lembrar de onde diabos eu tinha ouvido falar deles, hahaha - é que me dei conta do porquê de ter gostado tanto: tinha algo de Van Halen vs. Weezer (não sei se era farofa por parte do Van Halen e rock por parte do Weezer, ou vice-versa, hohoho) e, como ambas as bandas, era pop e divertido toda a vida.
Mais legal foi ver que o disco todo era bom, com influências desde Beach Boys à disco (na música "Last Night"), passando pelos citados VH e Weezer (como em "Already Over"), mas sem virar um balaio de gatos. Era um disco coerente e com conteúdo, sem ser presunçoso. Fora que o vocalista, Jason Pebworth é daqueles que me ganha só pelo fato de CANTAR COM VONTADE.
De resto, não sei de nada deles. Ouvi o CD, vi o DVD e soube que fizeram tour com Robbie Williams - o que tem tudo a ver. Mas não sei se são conhecidos, se tem fãs, se (sobre)vivem de música. Só sei que desde que ganhei o "Bright Idea" do Patrão que ele nunca saiu da pilha de cds em cima de meu aparelho de som, pq eu sempre me pego ouvindo-o, seja para alegrar o dia, ou para ter uma voz familiar enquanto eu faço outra coisa qualquer. É daquelas bandas que gosto de graça da música e isso basta, sem em precisar acompanhá-los como uma tarada enlouquecida.
Eles têm uma sonoridade que sempre me lembra algo que não sei exatamente o que é (como foi com "Hard to Beat", do Hard-Fi), e que acabo associando às viagens para a praia que eu fazia com minha família nos fins-de-semana de minha infância, quando ouvíamos os últimos sucessos da 98FM porque ainda não tínhamos toca-fitas no carro. Ou seja, um amálgama de one hit wonders com clássicos pop. Uma sensação... nostálgica.
Qual foi minha surpresa em saber outro dia que eles tinham lançado disco novo... em outubro?!?!?! Depois de passar uma semana com "Culture Vultures" no meu player, posso dizer aliviada que o Orson passou no teste do segundo disco. A sonoridade nostálgica (e não "retrô-proposital"), descompromissada e alegre continua, com as mesmas (boas) referências musicais de antes e praticamente 90% de músicas que poderiam ser hits.
"Radio" remete à "Video killed the Radio Star"; o excelente single "Ain't No Party" brinca de Rod Stewart; "Broken Watch" é alegre como "Walking on Sunshine" de Katrina & The Waves; "Gorgeous" é meio The Killers; "Debbie's Gone" mistura Weezer com Bee Gees (e fica bom); "Little Miss Lost and Found" tem áura de Beach Boys (que deve ser uma grande influência para eles, pois no primeiro disco "Save the World" já tinha os backing vocals típicos e até o Theremin de "Good Vibrations"); "Northern Girl" tem um quê de Elton John; "Cool Cops" é um "Take me Out" desacelerado e afetado (isso é um elogio); e "The Contortionist" e "Everybody!' também são ótimas. E quando você vê, o Cd pelo qual você não dava nada flui bem à beça.
Não é daqueles discos malas que definem caráter, mas pode ser um amigão que ilumina aquele dia nublado e te chama pra festa. Bom trabalho, rapazes!
(post em duas partes escritas de uma vez, hi hi)
Ao som de "Ain't No Party", Orson; e Hercules and Love Affair.
Tenho medo, muito medo dos chamados revivals. Comecei a ter noção da existência deles lá por volta de 1993, quando resolveram redescobrir as maravilhas dos anos 1970. Nada contra os anos 70, absolutamente, mas só quem passou por aquilo que sabe: era meio deprimente, festinhas de 15 anos tocando Chic e Village People e garotinhas delirando por algo que não viveram e achando a coisa mais legal do mundo.
Por outro lado, sempre gostei da música dos anos 1980, que ouço desde que me entendo por gente por influência do meu irmão mais velho. Atravessei os anos 1990 - bem como atravesso os 2000 - sendo fã. Devo ser então uma pessoa nostálgica, certo?
Ainda na metade dos anos 90 ensaiaram meio que um revival oitentista por parte de bandas díspares, mas que com suas influências e com a preguiça da crítica de "batizarem" como algo novo, foram colocadas como "New Wave of New Wave". Incluíram nessa desde oa norte-americanos do Green Day e Possum Dixon aos ingleses do Elastica. Mas esse revival não deu em muita coisa, ao menos em comparação com o que temos agora.
Pode-se dizer que o novo revival oitentista veio com o Napster. A facilidade em trocar raridades musicais alimentou a nostalgia dos internautas com músicas, temas de seriado e bizarrices e acabou na boca do povo - vide os sucessos das festas trash "homenageando" a década.
Acho que agora chegamos ao ápice disso. Chamo de ápice simplesmente porque estou de saco cheio dessa onda. E não é devido à overdose de culto à figuras de pouca ou nenhuma importância, pelo contrário. Podem culpar o Interpol (que eu gosto, aliás), a falta de criatividade, a internet... isso não é a questão - é que esse monte de gente copiando tudo que já foi feito é que já tá dando no saco.
Eis o paradoxo: cansei do rock que tanto gosto prestando homenagens aos anos 80, que igualmente gosto. Pior são os mal-avisados que começam a consumir qualquer coisa feita na época e agora, sem discernimento algum. E quando a moda passar? Será que essas novas bandas terão estabelecido uma identidade, ou serão levadas para o limbo - como a grande parte das bandas dos anos 80?
E o revival dos anos 1990 já está dando umas pintas por aí. Um britpop no Kaiser Chiefs, um Smashing Pumpkins no Silversun Pickups, uma Madchester na New Rave. Será que é apenas um ensaio para o retorno, ou ele chegará avassalador para acabar com a onda oitentista que já deu? Trata-se de um revival ainda mais interessante para mim, por ter sido uma época que aproveitei muito mais, mas certamente será romanceada para os novos olhos - té parece que TODAS as bandas dos anos 90 eram sensacionais...
E quais bandas surgirão e emulando a quem? O que aparecerá de realmente novo? Os novos grunges e britpops? Perguntas que mal consigo esperar para saber as respostas...
POR OUTRO LADO...
Seria impossível para mim falar do Orson sem associá-lo à mais pura nostalgia.
Já sabem que não tô na fase das bandas fofas ou conceituais/conceituadas. Ainda não tive paciência para ouvir a trilha de "Juno", e já ouvi o "In Rainbows" e achei bom, mas como tudo do Radiohead para mim - desde o Kid A - eu acho bom, mas não tenho AQUELA vontade de ouvir (mas eu vou tentar, Patrão. hahaha). Mesmo assim, Thom Yorke tem a voz mais bonita do mundo, mas isso é outra história (e tenho que esperar para ver se o Mansun vai voltar mesmo, pq aí o Yorke será páreo duro com o Draper! hihihi)
Verdade seja dita, tenho fases (fofas, conceituais, uarévah) mas sempre acabo voltando para o meu DARK MASTER: a música sem medo de ser pop.
Primeira vez que eu e o Patrão ouvimos a banda (californiana, mas estabelecida em Londres) foi marcada por eventos engraçadinhos.
Tempos atrás, estávamos num bar super-careta daqui de Petró (dos que só tocam Rock mofado ou modas atrasadas: nu metal, trance...), eu cheia de álcool (dentre outros :D) e quase dormindo na mesa. Quando passou um clipe na TV, que era de um dvd gravado pelos donos do bar, com videos que baixaram. No refrão desta música, Patrão comentou que tinha gostado do que estava ouvindo. Levantei a cabeça da mesa, com cabelo na cara e prestei atenção. A música era MUITO boa. Estávamos impressionados como um lugar tão boboca poderia estar tocando uma música tão legal e, pior, de uma banda que não fazíamos idéia.
Acabou o clipe e vimos o nome da banda - Orson. "Moleza, só lembrar do Welles", pensei. Só não contaria que meu estado etílico da noite anterior me faria esquecer até mesmo que vimos um clipe que achei legal - quiçá lembrar o nome da banda!
Mas Patrão não esqueceu, e logo baixou o "Bright Idea", début dos caras, de onde vinha a música em questão, "No Tomorrow". Quando ouvi novamente - sóbria e lutando para lembrar de onde diabos eu tinha ouvido falar deles, hahaha - é que me dei conta do porquê de ter gostado tanto: tinha algo de Van Halen vs. Weezer (não sei se era farofa por parte do Van Halen e rock por parte do Weezer, ou vice-versa, hohoho) e, como ambas as bandas, era pop e divertido toda a vida.
Mais legal foi ver que o disco todo era bom, com influências desde Beach Boys à disco (na música "Last Night"), passando pelos citados VH e Weezer (como em "Already Over"), mas sem virar um balaio de gatos. Era um disco coerente e com conteúdo, sem ser presunçoso. Fora que o vocalista, Jason Pebworth é daqueles que me ganha só pelo fato de CANTAR COM VONTADE.
De resto, não sei de nada deles. Ouvi o CD, vi o DVD e soube que fizeram tour com Robbie Williams - o que tem tudo a ver. Mas não sei se são conhecidos, se tem fãs, se (sobre)vivem de música. Só sei que desde que ganhei o "Bright Idea" do Patrão que ele nunca saiu da pilha de cds em cima de meu aparelho de som, pq eu sempre me pego ouvindo-o, seja para alegrar o dia, ou para ter uma voz familiar enquanto eu faço outra coisa qualquer. É daquelas bandas que gosto de graça da música e isso basta, sem em precisar acompanhá-los como uma tarada enlouquecida.
Eles têm uma sonoridade que sempre me lembra algo que não sei exatamente o que é (como foi com "Hard to Beat", do Hard-Fi), e que acabo associando às viagens para a praia que eu fazia com minha família nos fins-de-semana de minha infância, quando ouvíamos os últimos sucessos da 98FM porque ainda não tínhamos toca-fitas no carro. Ou seja, um amálgama de one hit wonders com clássicos pop. Uma sensação... nostálgica.
Qual foi minha surpresa em saber outro dia que eles tinham lançado disco novo... em outubro?!?!?! Depois de passar uma semana com "Culture Vultures" no meu player, posso dizer aliviada que o Orson passou no teste do segundo disco. A sonoridade nostálgica (e não "retrô-proposital"), descompromissada e alegre continua, com as mesmas (boas) referências musicais de antes e praticamente 90% de músicas que poderiam ser hits.
"Radio" remete à "Video killed the Radio Star"; o excelente single "Ain't No Party" brinca de Rod Stewart; "Broken Watch" é alegre como "Walking on Sunshine" de Katrina & The Waves; "Gorgeous" é meio The Killers; "Debbie's Gone" mistura Weezer com Bee Gees (e fica bom); "Little Miss Lost and Found" tem áura de Beach Boys (que deve ser uma grande influência para eles, pois no primeiro disco "Save the World" já tinha os backing vocals típicos e até o Theremin de "Good Vibrations"); "Northern Girl" tem um quê de Elton John; "Cool Cops" é um "Take me Out" desacelerado e afetado (isso é um elogio); e "The Contortionist" e "Everybody!' também são ótimas. E quando você vê, o Cd pelo qual você não dava nada flui bem à beça.
Não é daqueles discos malas que definem caráter, mas pode ser um amigão que ilumina aquele dia nublado e te chama pra festa. Bom trabalho, rapazes!