sábado, agosto 09, 2008
THE GREATEST SUCKER FOR =W= THAT EVER LIVED
(Variations on the same theme)
Ao som de: Devo, Blur, Death from Above 1979, Descendents, The Dickies, Magazine, Muse e Mansun. Hooray!
Quando estive em Salvador, uma amiga me perguntou algo que, sem querer, acabou revelando ser um padrão em meu gosto musical: “Como você pode gostar do New Order e não do Joy Division?”. Respondi algo do tipo: “Eu não sei é como alguém que está conhecendo ambas as bandas hoje em dia pode gostar delas”. Gosto do N.O. – e mal conheço o Joy, aliás, só fui conhecer mais profundamente agora, por causa de certa moçoila também de Salvador - porque ele é parte de minha vida, várias de suas músicas ilustram vários períodos meus, e eu nunca esquecerei disso.
Sim, tenho uma enoooorme dificuldade de assimilar alguma banda que atuou num período o qual eu não vivi. Com isso, acabo cometendo verdadeiros sacrilégios musicais como dizer que Beatles e Beach Boys são geniais e duas de minhas bandas favoritas, mas que nunca os amarei como o Blur ou o Weezer. A impressão que tenho em se tratando das bandas mais antigas é como se eu estivesse acompanhando um show do lado de fora do recinto, como que participando de algo o qual não fui convidada, ouvindo um mero eco reverberando, um vestígio ínfimo do que a banda queria realmente mostrar - e assim não tem como eu me identificar mesmo. Tipo, por mais que o Quadrophenia do The Who seja uma obra-prima sobre a adolescência e a hora de crescer (e um discão, by the way), foram discos mais... hum... contemporâneos (e não necessariamente sobre teens) que embalaram minhas agruras desta época, e me orgulho muito disso: além dos citados acima, foram os Pixies, The Smiths/ Morrissey, o britpop, o college rock americano etc.
Por isso que os anos 1990 foram importantes para mim: acompanhei o que podia da época, bem como reencontrei os clássicos da década passada que ouvia desde pequena e não sabia quem eram, e fui atrás das principais referências das minhas bandas favoritas. Desde então, o que veio depois foi lucro (e deste lucro veio talvez a única banda a qual amo de paixão apesar de não ter conhecido na época, o Mansun) E assim fiz meu parco conhecimento musical.
Hoje em dia, reconheço que muito se perdeu com o passar do tempo. Nem tudo o que achava genial antes é tão bom agora – e morro de rir com a ironia ao ver alguém tão empolgado com alguma banda como eu costumava ser e agora não sou mais. É aquela sensação de que “eu já estive aí antes, já sei como é, vou partir pra outra” e sei que nem todos conseguem me acompanhar – como diz uma outra amiga minha “é coisa de geminiano, imediatista”.
Por outro lado, eu acho muito fácil e conveniente ser fã de bandas mártires e/ou que já acabaram, porque não há mais nada a ser feito e nenhum defeito a ser atribuído a elas – e por isso mesmo, acho meio sem graça. Sou adepta do fã de música semelhante ao fã de futebol: que tá lá com a banda do coração nos bons e maus momentos. E quem me conquista de vez consegue uma defensora inabalável, que beira ao ridículo na hora de elogiar. Apaixonada mesmo. Tiete. Macaca de auditório que chora e se descabela com um mínimo acorde familiar. E é aqui que encontra-se o Weezer, claro. A banda que me apaixonei à primeira ouvida quando ainda estavam começando, e que vi crescendo – e que eles também acompanharam o meu crescimento.
Podemos encará-los sob duas perspectivas: como a banda que nunca parou, teve apenas um hiato de 5 anos quando seu líder resolveu estudar e repensar sua carreira, e que sobreviveu aos anos 1990 e está prestes a varar os 2000 produzindo e mantendo uma trajetória linear (apesar de muitos dizerem o contrário, mas já vou falar disso); ou podemos ver como a banda que acabou após lançar “Pinkerton” (1996) para voltar em 2001 e conseguir nesta década um sucesso comercial cada vez maior. Em ambas as perspectivas, não deixa de ser uma banda fascinante. Afinal, são poucos os que atravessaram e sobreviveram aos anos 1990 e 2000 com algum reconhecimento crítico e um certo sucesso comercial.
Pegando o Blur, minha “outra banda importante”, de exemplo. Seu maior problema foi cada vez mais distanciar-se de sua proposta inicial, confundindo a todos. Inovaram em todas as suas doideiras, mas sei que até hoje tem muita gente que odeia os últimos discos deles e que adoraria vê-los voltando a fazer o mesmo que faziam em “Parklife”. O caso do Weezer é exatamente o contrário: reclamam porque eles até hoje fazem a mesma coisa de sempre. Realmente, não dá pra agradar a todos...
O Weezer, como já disse várias vezes, não é uma banda de discografia impecável. Ao contrário dos “fãs exigentes” do Pinkerton (que são uns malas que só sabem falar que esse é o Melhor Disco do Mundo, e eu discordo), hoje em dia até nele eu acho algumas canções medianas (no Disco Azul não, esse é TODO perfeito! Heh). E eu estaria mentindo se dissesse que não gosto dos discos que vieram depois, mesmo que tenham setlists que oscilam entre pérolas irrefutáveis e grandes bobagens. Mas, assim é a vida - variável. Por isso os acho tão lineares, dentro de sua carreira irregular. Eu gosto.
E, finalmente, depois de uns meses com o Red Album no CD player do meu quarto (mp3 de download vazado no player não vale, pra mim não é a mesma coisa), posso chegar àlgumas conclusões sobre este disco. Talvez seja o mais ousado desde Maladroit (2002), por ter músicas difíceis de se gostar de primeira, ou mesmo por ter músicas que eu não gosto, apesar de ter me empolgado de início (como as músicas cantadas pelos colegas de banda e não por Rivers). “The Greatest Man That Ever Lived” já é uma das melhores músicas do Weezer, e eu continuo me arrepiando quando ele canta o refrão como se fosse a primeira vez. “Troublemaker” e “Dreamin’” são hits em potencial que não fariam feio na “Era de Ouro do =W=”, bem como “Pork and Beans”, que é uma das melhores músicas do ano. “Heart Songs” e “Everybody Get Dangerous” e “The Angel and The One” são as medianas, enquanto as três cantadas por Brian, Scott e Pat são as mais fraquinhas – ou então as mais preguiçosas quanto à produção – e dentre essas, a que mais gosto é “Automatic”, cantada pelo baterista. Falo da preguiça da produção porque esta também parece prejudicar as faixas bônus da edição especial – “Miss Sweeney” (a mais melodramática e bonitinha), “Pig”, “The Spider” e “King”.
Mas, o melhor deste disco no fim das contas é ver o próprio Weezer querendo deixar claro que eles não devem nem nunca deveriam ter sidos levados à sério. Não são mártires, nem perfeitos, nem metidos à besta: são só uma banda querendo se divertir divertindo. E é por isso que eu continuo os amando e adorando cada lançamento deles: o mundo será um lugar mais inconsequentemente juvenil – e por conseguinte, mais alegre – enquanto eles lançarem discos. E eu continuarei os acompanhando, e eles continuarão “musicando” a minha vida.
- Yours truly,
Sra. T. Beresford.