sábado, setembro 13, 2008
“DON’T YOU KNOW IT’S ALRIGHT TO BE ALONE/ YOU CAN MAKE IT ON YOUR OWN...”
Ou “Deve ser depressão pós-show”.
Outro dia na academia aconteceu algo engraçado: me perguntaram se eu poderia dar o nome de alguém para recomendar os serviços desta, e eu pensei, pensei, e pensei e falei “não”. Não foi para evitar uma futura encheção (nossa, essa palavra existe na forma escrita?) de saco de algum amigo por parte do malvado telemarketing: mas porque realmente eu não tinha ninguém para recomendar. Quer dizer, na atual conjuntura, meu único amigo na cidade é um homem – e a academia que freqüento só aceita mulheres.
Gostaria de saber se existem dados estatísticos ou algo do tipo para avaliar se trata-se de um fenômeno mundial ou se é só comigo: com exceção desse meu amigo velho de guerra e de minha mãe, todas as pessoas que me são importantes estão longe de mim. Longe, no mínimo uma viagem de quinze reais de distância. O Patrão, e todos os meus amigos... a maioria eu nem posso dar a garantia de vê-los ao menos uma vez por ano. E são pessoas que não consigo me imaginar sem tê-las como parte de minha vida.
Por outro lado, o fato de eu não conseguir manter ninguém perto de mim talvez seja um indício de que estou longe de ser uma pessoa legal. Afinal, se você afasta uma pessoa, talvez o problema seja dela; agora, se você afasta todas, a probabilidade de que o problema seja você é muito maior, não? E, por mais que eu adore ficar sozinha (e eu adoro mesmo), às vezes me pego desapontada comigo mesma nesse quesito. Aí, racionalmente pensamos: “mas todos acabam se separando mesmo, cada um tem que correr atrás de sua vida, e isso distancia as pessoas”. Isso até um ponto. Vejo vários conhecidos que conseguem manter laços por milhões de anos, encontrando-se regularmente, passando no trabalho do amigo para dar um oi, aquela coisa bem sitcom, e isso é algo tão longe de minha realidade que eu poderia jurar que só existia em sitcoms. Realmente, gostaria de saber se esta inaptidão social é só minha ou se acontece com mais alguém.
E a vida toma rumos tão complicados que só pioram sem ter alguém ao seu lado. Passei anos numa faculdade que nunca gostei só para ter um diploma, e ironicamente eu tirava notas boas e me formei muito bem. Agora, quando descubro algo que gosto de fazer não sou exatamente um talento nato – ou seja, estou disposta a aprender tudo o que for necessário, mas será que o mundo está disposto a esperar para que eu aprenda um mínimo necessário? Não creio. Deixo de fazer uma das coisas de que mais gosto na vida – escrever – porque me sinto culpada desperdiçando o tempo e acabo usando-o para estudar para um concurso que não dou a mínima e que quero passar só para ver se finalmente eu tomo um rumo nessa vidinha idiota que levo. Tudo o que eu queria na vida (eu e toda a torcida do Flamengo e do Manchester United juntas) era trabalhar num lugar legal fazendo o que gosto e tento uma remuneração razoável só para poder pagar as minhas contas. Conheço gente que está empregado no que gosta, e mesmo assim reclama, e não consigo entender. Digo que a pessoa é uma privilegiada e levo um fora - pronto, mais uma pessoa se afasta. Ou então, sento-me no ônibus de volta para casa e me deparo com tantas pessoas que estão fazendo o possível e o impossível para trabalhar num lugar que odeiam recebendo uma mixórdia (nossa, essa palavra existe na forma escrita? 2). Tudo bem que já passei por isso também, mas quem disse que minha cota de trabalhar em lugares horrorosos já fora preenchida? Quem sou eu para escolher tanto na vida? Por outro lado, o que posso fazer se eu quero escolher tanto ? Eu sei lá.
Resumindo, sou muito mala. Mas quem não é?
- Get Innocuous!
Sra. T. Beresford