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quinta-feira, abril 21, 2005

S O R R I A: Uma década de Britpop!!
(é um post longo, mas de repente vale a pena...)

Sob o efeito do DVD do Blur - Starshaped. E ouvindo todos os CDs do Pulp que tenho, sem ordem cronológica.


Sr. Damon Albarn, no auge da beleza (apesar da cara de psycho) no clip de "The Universal", música inspirada em Burt Bacharach e com clip em homegem à "Laranja Mecânica", do Kubrick.

Já deixo claro que não vou usar nenhum registro ou opinião de jornais ou críticos especializados aqui - é tudo de minha cabeça, do que eu lembro e penso sobre o assunto. Afinal, isso aqui é um blog ou não é?! :oP

Questão de gosto não se explica. Apesar de ter muito orgulho de minha belíssima língua pátria, o inglês é a língua do pop e do rock para mim - APESAR DE reconhecer que têm grandes bandas francesas, suecas, portuguesas, mexicanas (mas algumas vezes elas também dão suas escapulidas para a língua inglesa, hehehe). Às vezes nem quero prestar atenção no que minhas bandas favoritas têm a dizer, quero apenas que elas "soem" bem. Sorry, é o que acontece comigo. Fora que existem questões acerca de toda a postura, e mesmo as roupas, que me atrai muito nos britânicos. O Brasil é um país muito informal, muito tropical e muito quente. Só dá pra se vestir de Jarvis Cocker (a voz do Pulp e o cara mais estranhamente sexy do Britpop) e subir num palco se você tocar no mínimo aqui em Petrópolis, sabe? Senão, tá forçando a barra. Então, sem bandas de engravatados para mim aqui no Brasil.

Afinal, que diabos é o Britpop? Tem gente que diz que foi um gênero que surgiu na década de 1990 e que não durou mais que 2 anos.O que não é de todo errado, uma vez que a tríade do Britpop que, ao menos me marcou, foram os álbuns "Definetely Maybe"(1995), do Oasis; "Different Class"(1995), do Pulp, e principalmente, "Parklife"(1994), do Blur. Amém!!
Também tenho que deixar claro que tiveram um bando de gente fazendo música "britpop" antes desses, claro. Tudo é influência da influência da influência, né?

Tanto o Blur como o Pulp já eram notícia velha lá na terra deles. O Blur vinha da onda shoegazer, com um CD que não era lá essas coisas, apesar de ter uma maravilha como "Sing" (que de tão estranha foi abolida da versão americana do CD Leisure, hehe), e um outro CD muito bom, mas "inglês demais" para ser consumido pelo resto do mundo, chamado "Modern Life is Rubbish". O Pulp, se não me engano, já dava a cara à tapa desde o fim dos anos 1980, desde já com aquelas músicas típicas deles: que ou você ama ou odeia com cada fibra do seu ser. O Oasis, representando o proletariado, estourou na estréia, ganhou vários prêmios e a famosa jogada de marketing de serem rivais da "banda-de-escola-de-arte" de rapazes bem-nascidos do Blur. Esses, por sua vez, já tinham tido "arranca-rabos" com o Suede, outra banda que já fazia sucesso por lá. Um dos motivos contados por aí era Justine Frischmann, vocal e guitarra da preguiçosa banda Elastica, que lançou um álbum bacana em 1994/1995, quando teve gente achando que surgiria a "New Wave of New Wave" (alguém ainda se lembra disso?) - só que o mundo parecia ainda ter muita vergonha da década anterior e claro que não vingou. Justine era namorada de Brett Anderson, vocal do Suede, e o largou por Damon Albarn, vocal do Blur. E Liam Gallagher, vocal do Oasis, diziam as más línguas, também arrastava uma asinha pra cima da moça. Nem preciso dizer que foi uma das mulheres mais invejadas por mim durante a adolescência, hahaha...

Mas, no meio de toda essa fofocada típica dos ingleses, a trilha sonora é que era uma coisa. Apesar de serem motivos de piadas por serem em sua maioria "bandas de um nome só" (veja só, já são Blur, Pulp, Oasis, Elastica e Suede), e cada um fazendo um tipo de música diferente e com influências idem, convenharam botar tudo no mesmo saco do Britpop. Se bem que, são bandas de música pop, e de origem britânica. Então, por quê não?? :o))

Independente do que aconteceu no resto do mundo, todas essas bandinhas tiveram um efeito sobre mim inesperado. Do nada, descobri que de lá saiam bandas maravilhosas formadas por caras fofos! Sem MTV em casa, sem internet e com pouquíssimas revistas de confiança na praça, chegava a estas bandas de formas inusitadas. O Blur, eu comprei o Leisure pela capa fofinha, mas foi depois que ouvi Parklife que me apaixonei perdidamente. O Oasis, foi depois que eu ouvi "Live Forever" numa rádio local, e liguei para a rádio pedindo o nome da música e da banda. A partir daí, eu que já fazia curso de inglês na época, e vivia de pegar revistas "Smash Hits" da biblioteca e sutilmente recortar tudo o que me interessava, também comecei a procurar revistas importadas nas poucas lojas que tinham por aqui. Foi quando num certo dia veio de brinde numa delas um poster enoooooorme de divulgação de uma banda que estava lançando um CD novo elogiadíssimo: tratava-se do "Different Class", do Pulp, um dos pôsteres mais lindos que já vi até hoje, com a mesma padronização do encarte do CD, que por si só marcou época. Coloquei-o na parede do quarto por motivos puramente estéticos, uma vez que nunca tinha os ouvido até então. Até que consegui importar o CD e, tão logo o coloquei no meu modesto aparelho de som e tocou "Mis-Shapes", foi inesquecível. Eu tinha me apaixonado por uma banda aos 10 segundos da primeira música!

Por outro lado, me sentia uma espécie de aberração, uma vez que só gostava de bandas que ninguém tinha ouvido falar, o que me também me dava uma sensação de "posse" sobre elas, como se só eu entendesse e gostasse delas - e o resto do mundo que explodisse ouvindo os mais votados do "Disk MTV", hehehe. Vendo agora, era uma forma de me isolar e rebelar do mundo, não? Tanto era que um amigo designou uma categoria de música própria para mim: "as bandas de marianna", aquelas que, aparentemente, só eu conhecia e gostava.

O mais engraçado, revendo os shows de "Starshaped" e ouvindo os CDs do Pulp agora é que me é inevitável pensar como minha adolescência foi de tamanha importância para eu ser o que sou agora. Claro que parece óbvio, mas talvez se soubesse disso naquela época ficaria morrendo de medo. Foi a época quando resolvi ver filmes que me satisfaziam, ouvir música que me inspirava, e não ser apenas uma adolescente perturbada "sem causa" (o que é mentira, os adolescentes são rebeldes com causa, sempre - só não sabem disso, hehe).

A aproximação com filmes é inevitável. Todas aquelas bandas tinham um quê de cinematográfico nelas (Blur e Pulp têm clipes maravilhosos de inspiração em filmes ou na linguagem cinematrogáfica), bem como algo retrô, que também sempre me atraiu. O Patrão outro dia comentou sobre esse link que faço entre os integrantes de bandas e meus atores clássicos favoritos. Será que gosto das bandas pelo appeal de galãs de cinema antigo que os integrantes têm? Ou gosto dos galãs de filmes antigos por eles me remeterem aos mocinhos das bandas de que gosto? Música e filmes, um complementa o outro. E são extremamente importantes pra mim.

No fim das contas, o pop Blur virou uma banda de "pop bizarro" (no bom sentido, claro - se bem que, visto hoje, tudo parecia indicar que isso iria acontecer mesmo) - Damon perdeu os cabelos por perder Justine e perdeu seu fiel escudeiro, o excelente guitar Graham Coxon, por domínio de território, mas continua com a mesma voz de garoto que me é tão familiar. O rebelde Oasis virou uma das maiores bandas pop do mundo, e os irmãos Gallagher hoje em dia não arrumam mais tanta confusão como antes. E o emocionado Pulp, infelizmente acabou depois de fazer algumas coisas maravilhosas a partir do álbum de 1995. A cada álbum lançado, Jarvis cantava melhor e sussurrava melhor ainda, yep! :o))

Passada uma década, o britpop não soa como se fosse a trilha sonora de minha vida apenas lá num passado pré-histórico, ele reverberam até hoje em tudo o que ouço e gosto - nem tanto no caso do Oasis, mas reconheço que os dois primeiros CDs deles foram marcantes. E, cruzando com a música dos anos 1980 (que também gosto muito), tiveram uns filhotes bem bonitinhos, onde o meu favorito até agora é de longe o (escocês) Franz Ferdinand - cujo vocalista, Alex Kapranos, parece uma versão loira-sem-óculos de Jarvis, sem falar numa cover de "Mis-Shapes" que eles fizeram que tá rolando na net. Além de em "The Mark of the Devil" do Pulp, por exemplo, ter um quê de FF. Mas tudo isso pode ser viagem minha também, hehehe...

Não é à toa que desisti de criticar o gosto musical dos adolescentes, o que eles ouvem agora pode mudar a vida deles, pra melhor ou pior, mas provavelmente será de grande influência no futuro. Quanto às bandas, tirando a euforia inicial (o que é sempre bom, conhecer e se apaixonar por uma banda nova é semelhante a se apaixonar por uma pessoa que acabou de conhecer), o negócio é esperar que façam um trabalho tão bom quanto os que vieram antes deles. Para isso, eles ainda têm toda uma década pela frente... cheers!

P.S.: Gostei disso... dá até vontade de fazer um post para cada banda individualmente, hehehe...

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