=wonderfool=

Voltemos à minha Pré-História musical.

Não, melhor dizendo, voltemos à minha Idade Média musical. Uma vez que minha Pré-História consiste de Beatles (por parte de mãe), Streisand (por parte de pai), BRock e Van Halen (por parte do irmão mais velho e das rádios que ouvíamos) e discos como HIT PARADE que sempre me davam de presente. Eu tinha cerca de 3 anos de idade.

Minha Idade Média foi bem interessante. Ouvia muita coisa que conhecia pelos meus irmãos e coisas que ouvia na finada Rádio Fluminense ou conhecia pelo Rio Fanzine. Pelas duas últimas, cheguei à Beck, Pixies e grande parte da New Wave de que tanto gosto. Pelos irmãos, a coisa foi mais... peculiar.

Acho que posso dizer que tudo começou com o Faith No More. A partir desses, meu irmão mais velho chegou ao Mr. Bungle, John Zorn, Primus... descobri a função do baixo na música com o próprio FNM e com Les Claypool, líder do Primus. E isso foi o início do amor pelo lado mais estranho da música. E como conheci The Residents.

Certo dia meu irmão viu numa madruga da MTV - nos ááááureos tempos do Lado B, circa 1991 - o já clássico clipe-curta-metragem "One Minute Movies", que continha músicas do"Commercial Album", que já fez 25 anos de idade em 2005. Como a discografia da banda, já em 1991, era absurda de longa, meu irmão acabou comprando o primeiro cd deles que viu pela frente, "Freak Show". Cada vez que ele ouvia, eu ouvia de rabo de olho (ou melhor, rabo de ouvido) pela parede de meu quarto. E aquela coisa estranha me fascinava.

Mas o que realmente acabou comigo foi quando finalmente eu vi os "One Minute Movies" no Lado-B, num raro caso te terem a coragem não apenas de passar este clipe uma vez, como de reprisá-la tempos depois. O clipe é diferente de qualquer coisa que tinha visto antes. Ele é sem sentido, é bizarro... ele... é!

Certa vez tava fuçando na amazon.com a discografia deles para começar a baixar. Os comentários que os fãs faziam eram os melhores: "Então vc resolve querer ouvir algo diferente. Se quer algo viajante, conceitual... vc procura Pink Floyd; se quer algo mais estranho, vc parte para Captain Beefhart... Agora, se vc quer algo REALMENTE bizarro e demente vc só pode ouvir THE RESIDENTS". A coisa é por aí mesmo.

Claro que não conseguimos baixar nem metade da discografia da louca banda americana que esculacha com lendas do rock, que não tem data definida de sua formação (algo entre 1966 e 1972), e que são notórios por nunca mostrar seus rostos em público; ostentando na maioria das vezes enormes globos oculares no lugar das cabeças e usando fraques e cartolas. Raramente dão entrevistas, e quando o fazem se utilizam do misterioso Homer para falar por eles (na minha opinião, Homer é o cabeça da banda, principal compositor e vocal, mas não tem como se confirmar a informação... :D). O exemplo de uma banda realmente bem sucedida por seus próprios termos: as coisas saem da forma que eles querem, e só se interessa pela banda quem realmente gosta.

A coisa é, quando ouço Residents a impressão que tenho é que sou a artista (tá bom, tá bom, baixista, e bem fuleira) mais careta do mundo. Aliás, não apenas eu, mas todo o tipo de arte de gosto e prezo tanto. Vai tudo por água abaixo quando eles surgem com suas... coisas. Nos leva a pensar: Residents é uma banda de que?? Chamá-la de avant-garde e experimental... mesmo assim para mim é pouco para designá-la. São mestres de estúdio, mestres na arte visual, conseguem até ser punks ao fazerem músicas de menos de um minuto - no caso, não é só porque é experimental que precisa de mais tempo para dar a sua "mensagem"- seja lá que mensagem seja!

Enfim, para mim o Residents talvez seja a banda mais livre que já vi e ouvi! Não há limites, regras do que possa ou não ser feito. É só... fazer.

Viva a liberdade!!