sábado, abril 19, 2008
HOT CHIP e a... MPB?!?!
Ao som de: "Sensual Seduction", Hot Chip; "Pork and Beans", Weezer; "Sensual Seduction", Hot Chip; "Boyz", M.I.A. (Twelves Remix); "Sensual Seduction", Hot Chip; "Sensual Seduction", Hot Chip; e "Sensual Seduction", Hot Chip! (quem manda a música ser curtinha?!?!?! haha).
Tenho um defeito grave: não consigo gostar de música brasileira. Com raríssimas exceções, a maior parte do que consumo vem de fora - este modesto blogue que o diga. Sei que deveria valorizar o produto nacional e essa coisa toda, mas não consigo. Fazer o que se acho alguma coisa da MPB linda, mas não me diz nada? O roque então, é um pastiche do que acontece lá fora, enquanto o axé, o forró e o sertanejo são pasteurizados. E o funk carioca com seus modismos tão flutuantes quanto a última salvação do roque me fazem crer que este é cada vez mais domesticado: virou uma fábrica de músicas e letras não tão espertas como antes e que só visam $$$$ - fenômeno semelhante ao equivalente americano, onde Hip Hop e R'n'B são uma indústria cuja música parece a menor das preocupações - essa é a minha impressão.
Não chego a ser do tipo que mata pessoas e põe fogo na casa se estou numa festa e resolvem botar um CD de funk, por exemplo. Quer dizer, já estou num ponto que nem ODEIO mais a música nacional, como quando eu era uma adolescente boboca querendo provar que tinha personalidade - é pior, agora sou indiferente mesmo.
Do outro lado, temos o Hot Chip, banda inglesa que mistura roque com eletrônica e samba e que esteve no Brasil ano passado - e se mostrando mais bombados e sambistas ao vivo que em disco.

Não sei qual é o nível de envolvimento deles com a música brasileira e nem como foram suas aventuras antropológicas enquanto estiveram em nosso país, mas é fácil de ver uma influênciazinha dela especialmente em seu último e ótimo (e mais bombado que os anteriores, seria reflexo dos shows?!) disco, "Made in the Dark".
O Hot Chip é daquelas bandas que me desafiam. É difícil eu viciar em alguma música deles logo de primeira, mas algo sempre me faz querer dar uma nova chance e aí, já era. Depois que você se "acostuma" com o som, fica até fácil deduzir porque é tão bom. Talvez seja graças à habilidade que a banda tem para fazer tanto músicas dançantes como coisinhas fofinhas com vocais doces e barulhinhos legais, sem nunca deixar de ser esquisito.
Outra característica que adoro neles, claro, é a nerdice. Eles não são qualquer um se aproveitando da onda "sou-nerd-mas-tô-na-moda", são uns tarados de estúdio tocando equipamentos que fazem blips e blops. São tão nerds que seus meios de approach algumas vezes beiram o absurdo: várias vezes e peguei pensando "PQP!!! Mas que diabos de clipe/ foto de divulgação é essa, Hot Chip?!?!?!"
Desde o segundo disco, The Warning (2006), que eles têm minha atenção, simplesmente porque marcou uma época divertida para mim: me lembro de um dia chuvoso em que estava num desses "grandes magazines" procurando blusas baratas para fazer camisa de banda quando "Colours" tocou em meu - então - discman e uma onda de felicidade me invadiu de tal forma que tive que me segurar para não sair dançando por entre as araras de cabides, tal como num improvável musical. Sim, eu viajo pra burro...
Só que eu nunca cheguei à tietagem com eles, tanto que não sei nada sobre a banda, além do fato de que são contratados da DFA e um dos integrantes - Al Doyle, guitarrista - fez (faz?) parte da live band do LCD Soundsystem. E eu já admirava ambas as bandas antes mesmo de saber que havia essa brodagem entre eles, hahaha.
Enfim, logo que saiu o primeiro single do disco novo eu fiquei toda animada. Com o revival da House e da Disco (o novo do Moby, o ótimo Hercules and Love Affair), tava curiosa em saber que rumo eles tomariam. Começou com o clipe de "Ready for the Floor", ultra colorido e maluco onde o vocalista Alexis Taylor aparece fantasiado de Coringa genérico (genérico porque eles não são bobos de causarem a ira da DC comics, ha). Quando o vi pela primeira vez, claro que tive a supracitada reação "Meu Deus, Hot Chip, perderam a cabeça?!?!?!?!?", mas daí para virar um de meus clipes favoritos do ano foi um pulo (para entender meu gosto DUVIDOSO por clipes ultra coloridos e/ou que beiram o ridículo, recomendo a leitura do post sobre os B-52's, logo aí embaixo; e sobre o meu fanatismo pelo Coringa, só digo: qualquer homem que tenha coragem de pôr um terno roxo e pintar os cabelos de verde e a cara de branco me ganha na hora - a não ser que seja, sei lá, o Timbaland).
E o que "Made in the Dark" tem a ver com a MPB? Ora, que tal um momento que lembra forró em "One Pure Thought", ou então a histérica "Out at the Pictures" que beira o axé, ou as batucadas carnavalescas de "Shake a fist" ou "Touch too Much", e, claro, o batidão do funk carioca (que roubamos do Bambaataa e agora é nosso por uso capião, haha), presente em "Ready for the Floor", "Bendable Poseable", "Don't Dance"...
É aí que a porca torce o rabo. Como é que posso gostar de um disco que me remete tanto ao produto nacional que não me agrada?
Fetichista da língua inglesa que sou, será que é devido ao sotaque brit robótico todo bonitinho ("Bândabow Páwsabôw") contra a berraria dos MCs locais ou algo do tipo? Será???
O lance é que, para fazer música, com o Hot Chip vale tudo e o resultado é sempre imprevisível - ao menos para mim. As canções se transformam, fogem do convencional. A sensacional "Shake a fist", por exemplo, começa de uma forma e quando parece que a música vai engrenar, eles param tudo e resolvem fazer um "solo" de efeitos de estúdio! Recomendo o uso de fones de ouvido e BEEEM alto (aliás, eles recomendam também, tá na música), dá vontade de sair dançando loucamente!
As baladas continuam simples e bonitinhas, mas são as músicas dançantes que realmente brilham. Sem falar que são responsáveis pela música do ano para mim até agora, "Hold On" - tá bom, tá bom, tem "Ready for the Floor", que pode ser a segunda melhor do ano, se ninguém relevante lançar nada decente até dezembro! :P
Se bem que o disco é tão bom que toda hora eu mudo de música favorita! Já estou mais fã desse CD que do anterior...
É isso aí, o Hot Chip é doido, cafona, nerd e incrivelmente bom. Nem que precise ouvir 45894584758475834759 vezes (E OUÇA AAAALLLTOOOO, eu insisto) antes de se chegar àlguma conclusão. Essa que é a graça da coisa!
"So... now if you have a pair of headphones you better get 'em out and get 'em cranked up 'cause it REEEALLY gonna help you..."
Se eles disseram (e meu ingrêis ainda tá bom), tá dito! :D
- Yours truly,
Sra. T. Beresford.
Ao som de: "Sensual Seduction", Hot Chip; "Pork and Beans", Weezer; "Sensual Seduction", Hot Chip; "Boyz", M.I.A. (Twelves Remix); "Sensual Seduction", Hot Chip; "Sensual Seduction", Hot Chip; e "Sensual Seduction", Hot Chip! (quem manda a música ser curtinha?!?!?! haha).
Tenho um defeito grave: não consigo gostar de música brasileira. Com raríssimas exceções, a maior parte do que consumo vem de fora - este modesto blogue que o diga. Sei que deveria valorizar o produto nacional e essa coisa toda, mas não consigo. Fazer o que se acho alguma coisa da MPB linda, mas não me diz nada? O roque então, é um pastiche do que acontece lá fora, enquanto o axé, o forró e o sertanejo são pasteurizados. E o funk carioca com seus modismos tão flutuantes quanto a última salvação do roque me fazem crer que este é cada vez mais domesticado: virou uma fábrica de músicas e letras não tão espertas como antes e que só visam $$$$ - fenômeno semelhante ao equivalente americano, onde Hip Hop e R'n'B são uma indústria cuja música parece a menor das preocupações - essa é a minha impressão.
Não chego a ser do tipo que mata pessoas e põe fogo na casa se estou numa festa e resolvem botar um CD de funk, por exemplo. Quer dizer, já estou num ponto que nem ODEIO mais a música nacional, como quando eu era uma adolescente boboca querendo provar que tinha personalidade - é pior, agora sou indiferente mesmo.
Do outro lado, temos o Hot Chip, banda inglesa que mistura roque com eletrônica e samba e que esteve no Brasil ano passado - e se mostrando mais bombados e sambistas ao vivo que em disco.

Não sei qual é o nível de envolvimento deles com a música brasileira e nem como foram suas aventuras antropológicas enquanto estiveram em nosso país, mas é fácil de ver uma influênciazinha dela especialmente em seu último e ótimo (e mais bombado que os anteriores, seria reflexo dos shows?!) disco, "Made in the Dark".
O Hot Chip é daquelas bandas que me desafiam. É difícil eu viciar em alguma música deles logo de primeira, mas algo sempre me faz querer dar uma nova chance e aí, já era. Depois que você se "acostuma" com o som, fica até fácil deduzir porque é tão bom. Talvez seja graças à habilidade que a banda tem para fazer tanto músicas dançantes como coisinhas fofinhas com vocais doces e barulhinhos legais, sem nunca deixar de ser esquisito.
Outra característica que adoro neles, claro, é a nerdice. Eles não são qualquer um se aproveitando da onda "sou-nerd-mas-tô-na-moda", são uns tarados de estúdio tocando equipamentos que fazem blips e blops. São tão nerds que seus meios de approach algumas vezes beiram o absurdo: várias vezes e peguei pensando "PQP!!! Mas que diabos de clipe/ foto de divulgação é essa, Hot Chip?!?!?!"
Desde o segundo disco, The Warning (2006), que eles têm minha atenção, simplesmente porque marcou uma época divertida para mim: me lembro de um dia chuvoso em que estava num desses "grandes magazines" procurando blusas baratas para fazer camisa de banda quando "Colours" tocou em meu - então - discman e uma onda de felicidade me invadiu de tal forma que tive que me segurar para não sair dançando por entre as araras de cabides, tal como num improvável musical. Sim, eu viajo pra burro...
Só que eu nunca cheguei à tietagem com eles, tanto que não sei nada sobre a banda, além do fato de que são contratados da DFA e um dos integrantes - Al Doyle, guitarrista - fez (faz?) parte da live band do LCD Soundsystem. E eu já admirava ambas as bandas antes mesmo de saber que havia essa brodagem entre eles, hahaha.
Enfim, logo que saiu o primeiro single do disco novo eu fiquei toda animada. Com o revival da House e da Disco (o novo do Moby, o ótimo Hercules and Love Affair), tava curiosa em saber que rumo eles tomariam. Começou com o clipe de "Ready for the Floor", ultra colorido e maluco onde o vocalista Alexis Taylor aparece fantasiado de Coringa genérico (genérico porque eles não são bobos de causarem a ira da DC comics, ha). Quando o vi pela primeira vez, claro que tive a supracitada reação "Meu Deus, Hot Chip, perderam a cabeça?!?!?!?!?", mas daí para virar um de meus clipes favoritos do ano foi um pulo (para entender meu gosto DUVIDOSO por clipes ultra coloridos e/ou que beiram o ridículo, recomendo a leitura do post sobre os B-52's, logo aí embaixo; e sobre o meu fanatismo pelo Coringa, só digo: qualquer homem que tenha coragem de pôr um terno roxo e pintar os cabelos de verde e a cara de branco me ganha na hora - a não ser que seja, sei lá, o Timbaland).
E o que "Made in the Dark" tem a ver com a MPB? Ora, que tal um momento que lembra forró em "One Pure Thought", ou então a histérica "Out at the Pictures" que beira o axé, ou as batucadas carnavalescas de "Shake a fist" ou "Touch too Much", e, claro, o batidão do funk carioca (que roubamos do Bambaataa e agora é nosso por uso capião, haha), presente em "Ready for the Floor", "Bendable Poseable", "Don't Dance"...
É aí que a porca torce o rabo. Como é que posso gostar de um disco que me remete tanto ao produto nacional que não me agrada?
Fetichista da língua inglesa que sou, será que é devido ao sotaque brit robótico todo bonitinho ("Bândabow Páwsabôw") contra a berraria dos MCs locais ou algo do tipo? Será???
O lance é que, para fazer música, com o Hot Chip vale tudo e o resultado é sempre imprevisível - ao menos para mim. As canções se transformam, fogem do convencional. A sensacional "Shake a fist", por exemplo, começa de uma forma e quando parece que a música vai engrenar, eles param tudo e resolvem fazer um "solo" de efeitos de estúdio! Recomendo o uso de fones de ouvido e BEEEM alto (aliás, eles recomendam também, tá na música), dá vontade de sair dançando loucamente!
As baladas continuam simples e bonitinhas, mas são as músicas dançantes que realmente brilham. Sem falar que são responsáveis pela música do ano para mim até agora, "Hold On" - tá bom, tá bom, tem "Ready for the Floor", que pode ser a segunda melhor do ano, se ninguém relevante lançar nada decente até dezembro! :P
Se bem que o disco é tão bom que toda hora eu mudo de música favorita! Já estou mais fã desse CD que do anterior...
É isso aí, o Hot Chip é doido, cafona, nerd e incrivelmente bom. Nem que precise ouvir 45894584758475834759 vezes (E OUÇA AAAALLLTOOOO, eu insisto) antes de se chegar àlguma conclusão. Essa que é a graça da coisa!
"So... now if you have a pair of headphones you better get 'em out and get 'em cranked up 'cause it REEEALLY gonna help you..."
Se eles disseram (e meu ingrêis ainda tá bom), tá dito! :D
- Yours truly,
Sra. T. Beresford.
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